Grito de Protesto
Comecei a escrever em um caderno com folhas em branco e sem nenhuma linha...
No começo até me surpreendi , minhas letras pareciam desenhos em constante sintonia, iam de maneira linear, sem se desviar ,nem para cima e nem para baixo.
Mas, no decorrer do tempo, percebi que já não tinha linearidade, em um momento as palavras iam mais altas, em outros momentos elas pareciam afundar, como o silenciar de uma voz...
Eu continuei escrevendo sobre a vida nos altos e baixos das linhas imaginárias.
Na tentativa de fazer tudo certo e simétrico, mas, só me doía, doía a mente por pensar tanto, doíam o dedos por apontar meus erros, doía meu coração por não entender por inteiro.
Ainda assim insisti em escrever, escrever sobre a vida, uma vez que perdida no conturbar das linhas, encontrei meu eu, ela andava sozinha, entrelinhas, amando o dia, odiando a noite , falante durante a semana e se calando no fim.
No fundo sabe que não passa de uma grande mentira. Vive enganando a si mesma, dizendo aquilo que seus ouvidos querem ouvir para se sentir melhor.
Tenta desesperadamente abafar o grito do seu coração, enquanto ele se contorce por dentro. Canta belas mentiras pra disfarçar a agonia causadas por suas próprias decisões.
Se vê jogando fora aquilo que mais quer, por puro capricho, enquanto se distrai com aquilo que no fundo sabe que não será para sempre.
Ontem nevou e fez frio. Não havia mais fogo para aquecer e a luz do Sol não brilhou mais. O caos trouxe a escuridão e a escuridão tomou os corações.
Ontem nevou e a neve cobriu nossas casas. Ficamos perdidos na rua, correndo de um lado para o outro, sem nem ao menos nos reconhecer.
Corações gelados, dominados pela maldade, riram de nós. O Sol se escondeu. Mas buscamos abrigo debaixo da videira.
O grito dos maus nos assombrou e o frio nos silenciou para sempre.
Quem restou se agarra firme naquela árvore e espera a redenção que aquece com fogo e ilumina com a luz que dissipa a neve e destrói o mal.
A força da Palavra
Não é apenas um discurso
Não é apenas um personagem bonito
Não é apenas por dinheiro;
Existe algo intrigante
O homem em construção
Quando construido
Não tem medo
Ousa
Desafia
Cria
Se reinventa
Como em uma análise cinematográfica
Me paralisou
Inerte em minha vida acadêmica
Senti que devia...
Repetira de ano
Repetira na vida
Mas o sopro não acabou
Apenas as lágrimas foram derramadas
Não pela derrota
Mas pela pureza com que algumas pessoas
Ainda gritam a nossa existência
Você não está sozinho
Tudo se iniciou como uma tempestade
Gotas inescrupulosas de palavras amargas
Sangue fervendo sob o domínio da raiva
O ódio está reinando na mais tenebrosa forma
Gritos de piedade ecoam na cabeça
Girando em torno do mais maléfico sorriso
Folhas secas denominando a morte
E a insanidade prevalecendo
Na mais terrível noite
No mais terrível pesadelo
E na mais dolorida ferida
EU ESTAREI!
Estarei gritando sem que ninguém ouça
Forçando gestos maldosos
Te manipulando com olhares
E por fim, te matando em pensamento
Grite, corra, se esconda
Nada o fará ficar bem
Nenhum esconderijo é seguro
Não existe uma realidade feliz.
fúria sedenta
palavra que se quer
terra
água
fogo
e ar
mulher – amante
mãe que gera no seu ventre
um grito novo
por gritar
in "Meditações sobre a palavra" (um tributo a Ramos Rosa, o poeta do presente absoluto), editora Temas Originais, do poeta
O silêncio
Dos gritos ao peito negado
e a boca que as mãos cega
dos beijos que nunca mais beijaram os lábios
em tão arbitrária censura padece.
Monossilábicas falas se apresentam
desaparecem das frases os verbos
subitamente silenciadas, somem também as palavras
logo desistem de compor tão pobre repertório.
E as palavras antes tão docemente pronunciadas
ao serem censurados por seu algoz censor
para todo o sempre cessam.
Murcham o peito sem os gritos
murcham os lábios sem os beijos
e as mãos murcham em cólera.
Sabe aquela lágrima fina e leve que escorre bem no cantinho do olho?! Pois é.
Lágrima de desabafo. De tormenta. De indecisões. De insegurança. Da pessoa se sentir um lixo por ser quem é.
Um descaso. Um grande descaso. O coração grita. A boca fala. Os olhos dizem. E as lágrimas revelam aquilo que ninguém pode dizer. O indecifrável. O sonho surreal.
As lágrimas, sim as lágrimas. São elas que gritam mais que o silêncio. São elas que dizem o que a boca não consegue dizer. São elas que sentem o que o coração não consegue sentir. Sim, sim. São elas.
É no silêncio da noite que ouvimos os gritos do coração e sentimos as lágrimas internas molhando aos poucos a alma ferida.
Le monde est Charlie
Meu coração
Meu lápis
Minha pena.
Que pena!
Foram parados por uma bala
Traduzi nos meus desenhos.
Um grito de liberdade.
Igualdade, e por que não?
De fraternidade.
Herdei senhores, o velho sonho e ideal
Da Amada França
Não pensei na minha segurança.
Não tive medo da batalha
Que enfrentaria por introduzir
Em mentes,
Sementes
De dúvidas.
De um pensar maior
E questionamentos
Desconcertantes.
Não existirão mais na minha
Pauta de humor.
Meu deboche sério.
Meu despudor sem rancor
Meu humor satírico
Quase lírico...
Minha acidez sincera
Tecida só por eu ser um grande
E irrequieto pensador.
E agora..
A minha ironia aguçada, afiada.
Volta-se para mim.
De maneira contundente
Entranha estranha na minha história.
A mesma arma que provoca a minha morte
E me leva para a eternidade.
Crava em mim
A real Imortalidade.
Cartunistas do Charlie Hebdo.
Albatroz
Albatroz quero barganhar
Com a minha inércia o teu revoar
Preciso dele pra encontrar
O meu amor neste mar
Do destino tão extenso
Tão denso
Que não consigo enxergar
Onde ele se encontra
Em qual onda ele navega
E se me espera.
Ensina também pro meu bem
A ter somente um amor
Da maneira que procedes.
Que para ele ser feliz basta ao meu lado
Permanecer até o fim.
E com igual sorte
Tua. Até a morte.
Troca de lugar comigo
Seja meu amigo.
Necessito sondar o céu.
E voar pelo infinito
Pro meu grito
De amor chegar onde ele está
E fazê-lo entender que estou solta e só
À espera de um único abraço
Mas, eterno.
Miligrama de verso II
Alcandoradas esperanças!
Viajo pelo Universo nos teus rastros
À procura das bem-aventuranças.
Do encantado tesouro dos teus braços
Somos partes de um todo
Senão por que a sede e a fome
Devoradores das minhas entranhas?
Causas estranhas
Que não me deixam inerciar
Vivo a trovejar
Para o infinito o meu grito
Que ressoa pelos séculos.
Pois meu amor por ti é milenar.
Pedir para eu tomar uma sopa sem fazer aquele prazeroso e habitual barulhinho. É o mesmo que pedir para não gritar, quando a Seleção Brasileira faz um gol.
O silêncio muitas vezes pode ser para aqueles que não entendem uma forma de calar-se, para outros um grito ensurdecedor, e ainda existem aqueles que contemplam o silêncio. Deve ainda haver outras formas de ver, sentir, e perceber o silêncio;