Gosto Dele
Sou assim porque o muro caiu comigo em cima, arranhões foram inevitáveis e a reconstrução dele será por demais dispendiosa. Melhor do que ser covarde é ser hipócrita!
Sinto-me a menina dos olhos Dele. Ele ama meu sorriso e meu jeito de reconhecer Sua presença e Seus prodígios. Ele sofre quando eu me desespero e me afasto do Seu amor, pois é como se eu deixasse mesmo que por um segundo de ser Sua menina.
“Olhar nos teus olhos e até pensar que já os vi em outras vidas.”
Ficar sentada ao lado dele, apenas catando intenções no vento, era o tipo de silêncio que mais me confortava. Eu sentia o perfume cativante, mesmo na costumeira ausência. O encontrava em ruas que já havíamos frequentado de mãos dadas, assim como nos lugares aos quais já gargalhamos alto em alguma aresta do tempo.
Não o amava, tampouco o queria pra sempre.
Mas descobri nele um poderoso efeito de conseguir ser o meu “sempre” em todas as vezes que a vida me proporcionava escolhas. Ele não era daqueles cavalheiros que davam carona no guarda-chuva, muito menos do clube dos que ligavam no dia seguinte, mas eu nem me importava. Porque um sinal de vida, por mais tolo que fosse me arrepiava dos pés à cabeça. Entrei em acordo com todas as minhas sinas percebendo então que eu apreciava a companhia dele como quem saboreia uma taça vinho tinto. Sentia o peso do regresso, mas também não me importava. Fatiava o orgulho em vinte e quatro parcelas de culpa e jurava pagá-las em algum momento de sanidade. E nesses intervalos de carinho indiscreto, até parava para analisar aquelas expressões sacanas e me perguntar por onde diabos eu havia largado toda a minha sensatez. Ainda tem um pouco dele em cada verso, assim como em todas as palavras e a cada suspiro. É um imprestável, e eu não o emprestaria para mais ninguém nesse mundo.
Não o amava, tampouco o queria pra sempre.
Mas a vivacidade dele corrompia até fazer esquecer os meus critérios, os meus cuidados e as minhas leis, apenas para amenizar essa saudade que sinto o tempo todo a partir do momento em que não o vejo mais. Me desperta o desleixo de controlar as imprudências do apreço, encarar o corpo como quem se alimenta de uma presença, como quem decorou as trilhas do mau caminho em flashes de devassidão. Decorei. Anotei minuciosamente o quanto as horas voam enquanto ele me acomoda numa risada cheia de ecos. Conduto não se surpreenda, já que eu respiro ortografia, meu bem. Sou um buquê de meia composição e linhas sinuosas. Sabe também que escrevo poemas na minha pele rezando para que teus olhos corram por meu corpo sem que eu precise encarar a tua íris para soltar frases que jamais pensei dizer em voz alta. Você me ignora e continua construindo uma estrela a qual sequer pensa em morar. Eu fracasso e fico rindo feito uma tola sobre o quanto os rabiscos da parede do teu quarto me instigam. E nós nos envolvemos em um abstrato de palavras desconexas e desenhos desalinhados, eu fantasiando e você sentindo o peso do mundo real. É aí que você até esquece que eu sou a tua loira, mesmo que tantas outras tenham atravessado o teu caminho. E você é o meu moreno, e todos os meus carinhos são teus por regalia. Mas isso você já sabe...
Eu sinto que me perco quando não abraço o teu pôr do sol.
Confesso. Você me faz sentido.”
Quando se afirmou pela primeira vez que o Sol é imóvel e que a Terra gira em torno dele, o senso comum da humanidade declarou falsa doutrina; mas o velho ditado "Vox populi, vox Dei", como todo o filósofo sabe, não se admite em matéria científica.
Muita coisa é resolvida em um simples abraço. Dentro dele o mundo fica mais seguro e bonito.
Nota: Trecho de um texto de Clarissa Corrêa.
O individuo sai dele mesmo supera todas as suas limitações e quanto maior o número de obstáculos mas excitado e mas motivado ele fica.
o erro que mais apontamos nos outros é justamente aquele que mais nos incomoda,pois é dele que somos escravos.
Depois que dera pelo banco, observou à frente dele, a uns vinte passos, uma mulher que passava, à qual, a principio, não deu a mínima atenção, como não dava a nenhuma das coisas que lhe passavam pela frente. Quantas vezes não lhe acontecera ir, por exemplo, para casa, e não se lembrar de maneira nenhuma do caminho que seguira para chegar até lá e pelo qual estava já acostumado a passar! Mas aquela mulher que passava tinha qualquer coisa de estranho, que saltava logo à vista, e, pouco a pouco, lhe foi prendendo a atenção... A princípio, contra a sua vontade e quase com aborrecimento, e, depois, cada vez com mais força. De súbito, sentio o desejo de averiguar concretamente o que teria aquela mulher de estranho. Em primeiro lugar devia ser muito nova; ia sem chapéu, com aquele calor, sem sombrinha e sem luvas, e movia os braços de maneira um pouco grotesca. (...) A mulher não caminhava com firmeza, curvada e cambaleando para um e outro lado. Até que por fim aquela visão acabou por atrair completamente a atenção de Raskólhnikov. Cruzara com a moça junto do banco; mas, quando chegou junto deste, ela se deixou cair numa extremidade, apoiou a cabeça no espaldar e fechou os olhos, dominada por um cansaço visível. (...) Raskólhnikov não se sentou, mas também não decidiu a retirar-se.
O Universo, por si só, exige a existência de um ser superior que foi capaz de fazer dele uma realidade. Se não há um Deus Criador, então, fica difícil, senão impossível, explicar a existência da vida.
Ninguém pode mudar o mundo. Mas podemos mudar uma pequena parcela dele: esta parcela que chamamos de "Eu". Não é fácil, nem rápido. Mas vale a pena tentar.
Inovar é adotar um modelo de conduta muito antes dele se tornar indispensável para o mundo que sonhamos.