Gente Mesquinha
"Não podemos passar o resto da vida, nos preocupando com que os outros vão pensar da gente, temos que nos preocupar com o que somos e o que faremos pelo próximo"
O PERDÃO DO AMOR É MAIS DIFÍCIL
O amor se magoa mais do que a paixão. E tem gente que tende a achar o oposto. Tem gente que pensa que o vínculo do amor é tão forte, que por isto pode se afastar um pouco dele, arranhar as laterais e voltar depois, que conserta. Pelo amor ser mais sólido, mais seguro e mais fixo, creem que é mais difícil de ser derrubado, esturrado, rachado de forma duradoura. Mas justamente por todos esses motivos, ele é muito mais fácil de ser contundido.
A paixão faz o perdão ocorrer com mais facilidade. Sem nada a ser perdido, somente preenchido. Quando é ela, e só ela, a alma fica muda, é mais matéria do que coração, e isso faz com que inconsequências ocorram pelos impulsos, pelo momento, pela loucura. O amor faz loucuras, sim, o amor é maior, contudo, ele pensa mais, é tudo reflexo, é tudo procura do respeito, é tudo voto a ser zelado, é tudo mais milimetricamente importante. É um cosmo inteiro de minúcias fundamentais. É tudo consequência. Teia. Ele sonha com precisões, ele é tão mais real que para viver faz mais cálculos e guarda com maior grandeza cada dorzinha.
O amor tem mais o que perder, tem o antes, o agora e o depois. Tem a intimidade, a amizade, a dependência. A paixão só tem o instante que se alimenta do passado e de frutos sem tanta credulidade, come a esses pratos nos toques para existir no exato momento, mas sabe que se for, que se realmente for embora um dia, não vai deixar um buraco nos acontecimentos mais cotidianos, no escovar dos dentes, no pentear do cabelo, na certeza de quem é cada um. O amor é o peito, o peito é alma e a alma é onde fica mais fácil de remoer.
O amor tem princípios, que são maiores do que os de quem ama, que engrandecem os valores de quem sente. O amor tem uma lista de itens característicos que o acompanha. A paixão só tem a ela. A paixão quando ferida, sangra somente nela mesma e nas suas juras descabeladas feitas sem uma crença total (o que dá no mesmo individualismo e simplicidade). O amor quando ferido, sangra no plural, nos planos, nas certezas, nas verdades, nas constâncias, na terra que passa a ser lama, no conforto da familiaridade, na tranquilidade das confidências, nos agasalhos dos defeitos compartilhados, nos interiores dos atributos descobertos/criados/imaginados a dois.
É muito mais simples para um apaixonado que não ama, absolver e desculpar. A paixão só quer ser, a paixão se rende a uma boa pegada na cintura e a um olhar intenso, a algo que acalme na hora de forma que traga possibilidades. O amor não quer ser, ele é. Ele só se rende a garantia, a algo que acalme pela eternidade, de forma que traga afirmação. Tão mais forte quando sendo, tão raquítico quando posto em dúvida.
Quem perdoa rápido demais não cultivou ainda um destaque pelo outro em medida elevada. Até o apaixonado precisa pensar, cicatrizar e requerer. A paixão pode dar um perdão com porcentagens sinceras, com amnésia vez ou outra, mesmo que, dependendo do caso, também não consiga por completo desculpar. Afinal, ela não é lá coisa miúda, pelo contrário, quando está, quer ser o centro das atenções, quer ganhar da força do amor, se finge capaz de segurar tudo. Só que o amor não demora a relevação quando golpeado em seus princípios, ele simplesmente não perdoa, nunca, mesmo se perdoar.
O apaixonado vai pensar "e agora?". Quem ama vai pensar "e daqui a cinco anos?". O peso dos erros para um apaixonado (e somente apaixonado) é retraído nas mais doidas manobras feitas para se desculpar, em qualquer maneira que mostre os mais altos graus de desatino que o culpado pode chegar para conseguir o perdão. O peso dos erros para quem ama é retraído nas mais concretas metodologias de comprovar. Em algumas seletivas maneiras que mostrem as mais repetidas formas que o culpado pode chegar para conseguir a tentativa de ainda, quem sabe, se redimir.
A paixão é recuperável em mesmo tamanho. O fogo pode ser refeito com mais madeira. O amor nunca é recuperável em mesmo nível depois de uma quebra de asserção. De todos os sentimentos, o mais forte e invariável é o mais fácil de ser destruído, por ser o mais difícil de restaurar. Todos os níveis passados para chegar no estágio do amor só podem ser concretizados uma vez, e dali, mantidos. Qualquer fator que cause a queda para um grau menor, que requeira a prova de que aquele ponto ainda é válido, destrói todos os outros mais antigos conquistados.
O perdão do amor é o mais difícil. Porque na paixão as decisões são para o romance, no amor as decisões são para a vida. O amor é fusão de tempos e seres, no amor tudo fere mais à frente, tudo fere mais detalhes. Mesmo que a paixão seja mais intensa em horas de clímax, o amor é mais intenso em contagem de horas integrais, porque no amor cada ato futuca um pacote de considerações, porque em todos os outros sentimentos não existe tamanha instância. A paixão precisa comprovar o crédito, o amor, a confiabilidade já estabelecida. Nada é tão mais existente, e se tirar um pedaço do que o faz ser o que é, ele deixa de progredir, como nada mais tem a capacidade.
É como naqueles antigos jogos da cobrinha. A cobra fica gigante, mas bem mais frágil assim. A paixão é a cobrinha pequena se alimentando, todos os outros sentimentos são. Ela só pensa em crescer, em estar para ficar maior, como um almejo cego por explosão.
A paixão às vezes some, enjoa, fica esperando mais agoras. O amor prossegue com a nutrição do que foi e será, e tem algo que não o deixa ir. O amor é tolerante, por vezes até entediante de tão brando, porque tem o bem-querer. E é aí que está. Destrua a certeza desse querer bem, e perca, integralmente, a certeza do seu perdoar.
(...) "Gosto até das nossas brigas. Só pra gente se recomeçar de novo. Pode atrapalhar mais alguma coisa se quiser... Você bagunçou o meu coração. É a única bagunça que não quero arrumar..."
Menina, trate de borrar mais este batom e manchar menos este rímel! Beijos salvam a gente de muitas coisas, inclusive de engolir lágrimas!
É tão bonito gente simples,né?
Eu sei que sou repetitiva, que já disse isso por aqui, diversas vezes...
Mas eu acho lindo mesmo... Gente simples ensina coisas maravilhosas pra gente, como por exemplo, o quanto a gente é ignorante!
...e a gente até que sobrevive às tristezas mundanas, mas às tristezas da alma, estas são mais difíceis de curar. Não que a alma seja dura: a gente é que é!
Nesse maravilhoso espetáculo da vida, a gente acaba deixando algumas coisas escaparem de nossas mãos; uns porque foram negligentes, e outros por uma simples questão de ingenuidade..
E o tempo vai seguindo seu curso natural
Há tanta coisa que a gente pode dizer, e não diz.
Tanta coisa que a gente pode fazer, e não faz.
Tanta coisa que podemos ser, e não somos.
Tanta coisa que queremos ter, e deixamos ir embora.
E quando a gente se dá conta do tempo que se foi
Pensamos nas nossas omissões:
Na palavra que aquece o coração
E a gente silencia.
No abraço que fala através do toque
E a gente cruza os braços,
afastando a aproximação.
Do olhar que ameniza a dor
E a gente nega a cura.
Do sorriso que toca almas
E a gente focaliza no externo.
Da oração que alimenta
E a gente preserva a fome.
Da paz que podemos dar
E a gente veste a armadura.
Da luz que temos pra iluminar
E a gente se escurece.
Da beleza que a vida é
E a gente anda de olhos fechados.
Do amor que se faz preciso
E a gente não entende que, sem ele,
Nada mais faz sentido.
E das minhas vontades:
Eu queria mudar o tempo
Fazer o tempo parar
Voltar ao tempo que se foi
Mas não queria deixar o tempo passar.
E ele passa.
E isso não muda.
E ele não para.
E o tempo vai seguindo seu curso natural
Do mesmo modo que vamos vivendo.
Ora nos afogando em água doce ora em água salgada
Mas sempre indo... Sempre indo.
"A IDADE ESTÁ NA NOSSA MENTE", por Lavínia Lins.
Duas características que fazem a gente ficar na dúvida se são boas ou ruins: ser observador e ter boa memória. Eu carrego comigo o doce conflito. Estes dias, fiz mais um ano de vida. São 30. Sim, 30. Eu sei, eu sei, não pareço ser tão “velha”. Velha, eu?!
Mas, vamos lá. Cresci ouvindo meu avô dizer: “a idade está na mente de cada um. Eu, sou jovem!”. Achava, à época, que aquela era mais uma das estratégias dos mais velhos para parecerem mais novos. Ria, fazia elogios à pele conservada dele, mas, no fundo, ainda achava que era “conversa de gente mais velha”.
Quando se é muito “jovem”, tudo o que a gente quer é que venham boas notas nas provas do colégio; ganhar uma medalha nos jogos internos; que aquele “paquerinha” perceba a nossa existência - mas só quando os cabelos estiverem devidamente escovados e a pele sem espinhas. Mais à frente, passar no vestibular; sentir que está no curso certo; arrumar um namorado legal, que nos dê atenção e bombons... formar, ter um ótimo emprego, casar e ter filhos.
Simples, não? Mas, não é só isto!
A vida tem nuances que só quem a vive com observação aguçada e memória viva pode enxergar. Como disse aqui no começo, carrego estas características, nesse ser incontrolavelmente sedento por entender como tudo passa tão rapidamente. E como passa!
A vida vai cobrando, e a gente, sem perceber, vai correndo, freneticamente, sabe Deus pra onde. A gente só quer chegar. E quando se dá conta, nem sabe o porquê de ter vindo. Só que veio. Então, reflete sobre o tempo e sua efemeridade. Faz as contas, e não entende como fazer para dar conta do tanto que ainda há pra ser feito.
Os anseios vão sendo lapidados e os medos aumentam. Damos conta que aquela espinha, nada bem-vinda, era só um tolo detalhe; que os cabelos não escovados tinham até um charme; e que, talvez, não casar e não ter filhos seja uma possibilidade, tendo em vista que, lá fora, há tantas outras formas de se sentir realizado. Tudo bem, eu ainda quero casar e ter filhos... mas, e se não? Que mal haveria? E seu eu quisesse deixar aquela velha profissão cheia de burocracias e decidisse ir mais longe, além da fronteira mesmo, com mochila nas costas e sonhos nos pés? Tenho certeza que seria divertido. Muito, mesmo!
Mas, a gente acaba sem sair do lugar, porque tem medo de "fazer loucura", trocar "certo" por "duvidoso". E, tantas vezes, deixa escapar, pelos dedos, a oportunidade de ser mais feliz. Até porque, se não desse certo, a gente ainda poderia tomar um novo rumo. Há sempre chances de recomeçar...
Por fim, vamos concluindo que a vida não pode ser tão planejada, esculpida... no máximo, cabe uma breve idealização. Mas, ideal é coisa que vai se transformando; e, muitas vezes, nem se percebe esta mutação. No fundo, a gente só não quer é parar de sonhar. E ter tempo pra realizar os pequenos desejos que vão surgindo no decorrer dos dias.
Vamos mudando o rumo dos pensamentos e passamos a entender que aquela ideia de que “velho” era quem coloria os cabelos brancos; quem tinha netinhos; quem contava histórias citando, ao menos, o ano em que se passaram, é coisa sem sentido.
Não... “velho” não é nada disto. “Velho” é aquele que se sente cansado demais pra sonhar, pra desfazer e começar tudinho, de novo; é aquele que acha que a idade determina onde, quando e com quem se deve estar. É alguém que esquece de olhar pra dentro e deixa adormecer, sem retorno, aquela criança cheia de planos e desejos quase impossíveis, mas que lhe serviam de combustível pra acordar e seguir em frente, recheada de sorrisos e esperanças.
Vovô está certo. Sim, está! Ele vive, e vive melhor que muitos “jovens” por aí. Estou com ele. Hoje, na mesma faixa etária mental, posso dizer: SOMOS JOVENS, VOVÔ... bem jovens!
Abraço, com estas palavras, vocês, pessoas tão jovens quanto vovô e eu!
Um dia - quem sabe - a gente aprende a sobreviver às outras pessoas. Conviver até conseguimos, seja por obrigações sociais pretéritas ou aquelas que adquirimos com o passar do anos. Complicado mesmo é sobreviver num ambiente que não tem nada a ver com que somos, mesmo que o que somos não seja lá muito adequado para o que se aceita como normal. Ninguém nesse mundo vive realmente o que gostaria de viver. Mesmo os mais revoltados que supõem viver a vida como lhes apetece fora dos parâmetros da sociedade, família, está preso a ela, pelo menos em pensamentos ou até em atitudes. Um ermitão está preso na sua solidão, na sua caverna. Por mais que possamos nos achar livres em algumas coisas e até viver dessa forma, o ser humano não consegue se desprender dos seus pensamentos. Mesmo que consiga, ainda será regido pelo que acontece ou acontecerá com o planeta que habita. Não há escapatória. Não existe um, existem todos. Existe o Todo e é nele que habitamos.
Chega uma etapa da vida que cansamos de gente que não acrescenta, que não vale à pena, que cansa, que chateia... Certo tipo de gente que não valoriza nossa atenção, nossa amizade, nosso carinho...
Eu ando selecionando mais quem quero ao meu lado, ainda que me sobrem menos pessoas do que os dedos de uma mão. Talvez eu precise da outra para dar um adeus a quem não vai me fazer falta nenhuma!
Conheço "jararaca" que quando a gente tá longe, solta veneno, e quando a gente tá perto manda beijo!
Eita cobra traiçoeira!
tem gente deveria andar sempre com uma calculadora na mao,para nao correr o risco de passar da conta.