Fugir
Ansiedade
Em toda a minha vida eu tive vontade de fugir, o desejo pela liberdade e o sonho de estar sozinha e longe de tudo o que conheço. As pessoas sempre foram cruéis, magoam com palavras, gestos e atitudes, isso causou marcas no meu corpo e alma. Chegar ao ponto de me drogar em calmantes para sentir um pouco da sensação de estar a morrer… sentir o coração a desacelerar, o rosto a perder a expressão, o corpo finalmente relaxado depois de um ataque de pânico. Eu tive vários desses, ainda tenho, é quando seu cérebro para, sem avisar e grita “corre”, mas tu não consegues correr nos primeiros momentos e as pessoas continuam a rir ou a conversar enquanto está naquele transe. Finalmente depois de voltar ao movimentos olhas para o lugar em que estás e procuras uma saída, e corres, lutas pela tua vida por mais que ela não esteja em perigo. Depois disso, quando estás sozinha começar a tentar te acalmar, pensas que estragaste o teu dia, o momento e depois o dia das outras pessoas. Seja porque a tua mãe vai ter contigo e te vê a chorar ou porque alguém tem de ir te buscar à escola o mais depressa possível. Eu começo a achar que sempre fui assim… triste, ansiosa, insegura, um erro, foi assim que me senti a minha vida toda, mas o meu primeiro ataque de pânico foi no carnaval de 2020. Sim… fazem dois anos que vivo na incerteza de até que hora do dia eu vou estar bem. Eu nunca entendi exatamente o que me desperta os ataques, mas naquele dia lembro que queria ir embora, estava cansada e tinha muitas luzes, sons, gritos, um cheiro a álcool forte e eu sentia que ia desmaiar enquanto a minha mãe ficou chateada comigo por eu querer ir embora e uma amiga dela ria da minha cara. E simplesmente comecei a chorar porque foi das vezes em que não consegui fugir, até a minha mãe ficar preocupada e me tirar daquele lugar porque eu estava sem falta de ar. A ansiedade faz parte de mim, corre nas minhas veias, é uma doença que provavelmente vai estar comigo para o resto da minha vida.
-Lovely