Fuga
Sigo solto no espaço me encaixo no compasso desembaraço o complicado é desarmo as armadilhas fuga da jaula antes que chegue a guilhotina flutuando olhando pairando sobre todos os problemas, visões e dilemas ritmologia que reprograma o sistema bolando um tema fixo no objeto fácil o sódio nunca foi motivo pra ficar imóvel
Cansei de ter que me explicar. Tive momentos em que sonhar era minha única fuga, me senti como uma bola de sinuca prestes a ser encaçapada; sorriso em um olhar que me permitia viver; foi na escrita
que comecei a me conhecer, no invisível se encontra a identidade do ser; conselhos de um amigo que se preocupa comigo, lembretes de uma mente que tem se esquecido, viagens as quais nunca teria vivido. Me preocupo comigo quando me preocupo contigo, quando me preocupo com tudo; o todo que me insere em realidade emprestada. Se sou o dono do mundo me tiraram esse direito. Recebi um aviso de dentro do peito, me aceito como um infeliz que responde aos outros que está tudo bem.
Peguei todas as minhas escolhas erradas e chamei de destino. Disseram que era fuga. Mas só eu sei o preço de armar minha própria arapuca.
Procurei em anjos e demônios o significado de meus atos. Só encontrei a fuga de quem não assume suas próprias ações.
Eu falo de vida e não de negócios, a alma não aguenta mais briga, fuga e busca, a carta de alforria foi assinada agora. Foram vários momentos perdidos, vida de desconfiança, cobranças, sem voto de confiança, livre de julgamentos.minha crença me aliena, o sistema que algema, extrai nossa alma da casca feito gema. Chamaram minha luta de loucura, se for, prefiro ser louco do que mais tapado na rua, esperando outra vida, outra fuga, seu galho de arruda são seus passos, laços que vivem no passado, vivem do passado relembrado, gosto amargo de quem não viveu, mas o que é viver se quem responde não viveu.
O presente em um segundo vai embora e vira história.
O futuro é uma idealização humana: uma fuga do agora.
༻Insana༺
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Ela só queria
Uma fuga insana
Para poder acabar
Com a dor que queima
Sei peito cansado
Tentou à luz do dia
Tentou na sombra da noite
Loucura sabia ser
Tal fuga realizar
Não desistindo
Ela vai indo
Tentando sem sucesso
Sua tristeza esconder
Sem chance de o fazer
Sem shelter, nada a fazer
Uma voz lhe sussurra
Em sua iludida imaginação
A pergunta que acorda
A verdade dentro de nós
E se você correr?
Tem lugar para de si se esconder?
Insana é a vida
De quem acredita ter como
De seu próprio ser correr
De amor poder controlar para evitar
De alegria e tristeza nada ter
Impossível!!
Não existe chance alguma
De correr e saltar
Num espaço vazio
Onde de nós
Esqueceremos possamos
Impossível a fuga
Daquele sentimento
Que não é aqui nem chamado
No entanto é a causa
De nunca se ter espaço
Para uma fuga doida e louca
Mesmo que insana
Impossível e verdade
De nos esconder de nós!!
༺༻
Tc.10102024/125
A fuga
"Eu finjo que não me importo.
Tu finges que me esqueceu.
Eu vivo amores sem regras.
Tu vives um amor que não sou eu.
Me afogo em bares, botecos, viagens...
Amo-te, desamo-te, a toda hora.
Subversivos do amor é o que somos.
Se sou eu teu amor?
És tu meu bem!
Por que nos enganamos {...}
enganando a tantos alguéns?
☆Haredita Angel
Só se é feliz sendo. Ninguém alcança felicidade justo na fuga ou abstinência do que o faz ou faria feliz.
SOLIDÃO EM FUGA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Teu olhar fugidio nunca pousa,
vai ao ar, desce ao chão, perde o caminho,
não faz ninho na luz dos outros olhos
que te buscam nas trevas do silêncio...
Tua triste caverna esconde afetos
acuados, confusos e feridos,
tempos idos invadem teu espelho
e corroem a ponte pra depois...
Quando sais do buraco é pra fugires
em viagens distantes, em glamures
que disfarçam quem és pra não sei quem...
Logo além já percebes que te aguardas,
vais por dentro e não podes te ocultar
nessas fardas perfeitas de turista...
A FUGA DAS PALAVRAS
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Dizia tudo na lata. Não tinha medo e limite. Jamais temeu os efeitos insondáveis de suas palavras diretas; contundentes. Muitas vezes, profundamente ofensivas... e sempre assim. Na lata. Sem eufemismos, metáforas nem rodeios, doesse a quem doesse.
No entanto, apesar de sua forma intempestiva de falar, ele tinha sempre um discurso mágico. Verdadeiro e profundo. Daqueles de fazer qualquer pessoa refletir e até mudar de postura. Era consistente no que dizia, não titubeava e jamais permitia que, fosse o que fosse, passasse em branco. Quando tinha notícias de que alguém enganara o cônjuge, abria o verbo; falava poucas; digo; muitas e boas. Ao saber que um pai batera no filho, que uma pessoa fora desonesta ou injusta com outra, ia lá. Golfava tudo. Como sempre, na lata. Sem medo, medida, meias palavras, contornos ou disfarces.
Mesmo assim, sempre foi alguém querido. Muito querido e respeitado, pois era o que dizia; o que seus discursos mostravam. Vivia cada palavra que deixava fluir. Era um cidadão honesto, verdadeiro, fiel, bom pai, trabalhador, cumpridor de seus deveres. Não havia, naquele homem, qualquer indício de superficialidade ou hipocrisia.
Mas um dia o caldo entornou. Ou as palavras entornaram. Cheio de compromissos a cumprir, e com muita pressa, o homem saiu sem ter feito com o mesmo zelo, o que sempre fazia depois de abrir o verbo sobre alguma postura inadequada: tampar hermeticamente uma grande lata, sem qualquer conteúdo notório nem palpável, que ele mantinha no sótão de sua bela e grande casa. Uma lata secreta, como era o lugar no qual nem mesmo sua esposa e os filhos entravam, e de cuja existência os parentes e amigos, então, nem sabiam. Muito menos da lata única. Sem nenhuma igual.
Foi assim que o inusitado aconteceu. Com brechas expostas, a lata foi liberando, um a um, todos os discursos e desabafos do cidadão inconformado com as mazelas do mundo. Com as injustiças e os desmandos do ser humano. Suas palavras foram tomando as ruas, invadindo ouvidos, mentes e corações, e fazendo pensar... sentir... se arrepender. Foi um dia grandioso, em que as pessoas consultaram a consciência e, comovidas, tomaram a decisão de mudar para melhor. Deixar de fazer o mal, cometer qualquer ato que pudesse prejudicar o próximo, e, por conseguinte ou extensão, o distante.
Já sabedor do seu descuido que resultou a fuga das manifestações de muitos anos, e, apavorado com o volume repentino, agressivo e tamanho de franquezas que, por sua culpa, tomaram o espaço daquela cidade, o bom homem voltou em casa, muito às pressas, e fugiu com a família. Não quis esperar pelas consequências do ocorrido que logo se tornaria histórico, não só ali, mas em todo o planeta.
Desnecessária, sua fuga. As consequências não poderiam ser melhores. Caso ficasse, o seu único arrependimento seria o de não ter dito muito antes, não na lata, mas na cara de cada cidadão, todos aqueles discursos maravilhosos, capazes de mudar tantas vidas.
MINHA FUGA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Trago medos na mala e desejo trocá-los
por motivos reais de não sentir mais medo,
tenho calos no espírito e muitas lembranças
que preciso vencer pra me tornar seguro...
Guardo sonhos antigos, acumulo novos
lá no fundo insondável de minhas verdades,
massageio saudades que me causam dores
e às vezes nem sei em que momento estou...
Quero apenas fluir e vencer tanto nada
sobre tudo que a vida pode ser pra mim,
mas no fim do meu ser se desintegra e some...
Só preciso encontrar a coragem profunda
que se tranca e me pune por todo silêncio
com que fujo do mundo e não vejo ao redor...
Segredos são descobertos quando eles envolvem dinheiro, traição e fuga, nos quais o coração dos homens revelam seus fracassos e fraquezas nos mínimos detalhes após seus maus intentos.
Não é que o indivíduo não consiga ser feliz, mas sim que sua medida de alegria é uma fuga quase proporcional à dor que, por mais que não pareça, ainda é presente..