Frases de Jean de La Bruyère

Cerca de 113 frases de Jean de La Bruyère

Quase ninguém se apercebe, por si próprio, do mérito de outra pessoa.

Não poder suportar todos os maus carácteres de que a sociedade está cheia não revela bom carácter: e isso é indispensável no comércio das peças de ouro e da moeda.

Todo o espírito que existe no mundo é inútil para quem não o tem; ele não tem perspectivas sobre nada e é incapaz de aproveitar as dos outros.

Os homens desejam ser escravos em qualquer parte e colher aí a força para dominar noutro sítio.

Vida é uma tragédia para quem sente, e uma comédia para quem pensa.

A impossibilidade de provar que Deus não existe é a melhor prova de sua existência.

Enquanto os homens estiverem sujeitos a morrer, gostando de viver, os médicos serão metidos a ridículo e bem pagos.

É alcançar muito de um amigo se, tendo subido ao poder, ainda se recorda de nós.

Para mandar muito tempo e absolutamente sem alguém é indispensável ter a mão leve e, nunca lhe fazer sentir, por pouco que seja, a sua dependência.

A troça é muitas vezes pobreza de espírito.

É preciso um espírito especial para se fazer fortuna, sobretudo uma grande fortuna; não se trata nem do espírito bom nem do belo, nem do grande nem do sublime, nem do forte nem do delicado; não sei precisamente de qual se trata, e espero que alguém me possa esclarecer a tal respeito.

Entre todas as expressões diferentes que pode tomar cada um dos nossos pensamentos só há uma que seja boa.

À força de fazermos novos contratos e de vermos o dinheiro crescer nos nossos cofres, acabamos por nos julgarmos inteligentes e quase capazes de governar.

Entre todas as diferentes expressões que podem reproduzir um único dos nossos pensamentos só há uma que seja a boa. Nem sempre a encontramos ao falar ou escrever; entretanto, o fato é que ela existe, que tudo o que não é ela é fraco e não satisfaz a um homem de espírito que deseja fazer-se entender.

Estar com as pessoas que amamos, isso basta; sonhar, falar-lhes, não falar-lhes, pensar nelas, pensar nas coisas mais indiferentes, porém junto delas, tudo é igual.

Já vi uma moça, uma linda moça, que dos treze aos vinte e dois anos sonhava em ser mulher e, daí por diante, desejava ser homem.

Há apenas duas maneiras de obter sucesso neste mundo: pelas próprias habilidades ou pela incompetência alheia.

Não invejemos a certa espécie de gente as suas grandes riquezas: eles as têm à custa de um ónus que não nos daria bom cómodo. Estragaram o seu repouso, a sua saúde, a sua felicidade e a sua consciência, para as conseguir: isso é caro demais, e não há nada a ganhar por esse preço.

Quanto mais nos aproximamos dos grandes homens, tanto mais percebemos que são apenas homens.

Contentemo-nos com pouco e com menos ainda, se possível.