Por Eles - Eu sempre vou amar os... Sílvio Fagno
Por Eles -
Eu sempre vou amar os jovens,
os adolescentes.
Claro,
falo do verdadeiro espírito
dessa fase da vida — a liberdade,
a espontaneidade, os sonhos,
a urgência.
Alguns traços de rebeldia,
a malícia com um certo ar de ingenuidade,
a vivacidade, tudo isso que (por muitas vezes,
em conjunto ou não), extrapolam alguns limites, mas, ainda assim (envolto de algum traço de poesia), é uma necessidade
à alma — à vida.
Naturalmente, hora ou
outra,
também vou odiá-los,
mas,
logo em seguida,
perdoá-los.
Eles estão no lugar onde a vida mais entorta,
mais destoa, mais balança.
Ainda que, sob a benção da distração, não percebam a real de tudo isso.
Eles não sabem bem o que são,
nem mesmo sabem o porquê
de não saber o que são.
Mas eles precisam saber, urgentemente precisam saber e ser o que ainda desconhecem.
A vida cobra decisões de gente grande,
e eles ainda não o são.
Ser criança ou ser adulto é, de certo
modo, mais confortável:
Ou se vive num sonho
fantasioso, relativamente
ainda seguro,
ou numa realidade
palpável. — se não a ideal,
o mais próximo da
mais provável.
Ser jovem, adolescente
é viver tudo ao mesmo
tempo.
Uma mistura — agredoce — uma doce maldição poética,
e sem tempo (ainda que
tenham tanto), para maiores entendimentos.
E isso confunde, sufoca,
dá medo.
(E digo jovem, adolescente,
não somente falando
de idade).
Algumas adolescências
beiram os trinta, os quarenta anos...
Mas penso que todo ser
humano com alguma coisa
especial,
independentemente
da idade,
carrega algo jovem, algo adolescente
no espírito.
Acho que é, também,
por eles e por isso
que eu escrevo.