É vera a mancha de Caim, Que o Brasil... Anna Flávia Schmitt Wyse...

É vera a mancha de Caim,

Que o Brasil traz na fronte,

A consciência aos poucos

Vem sendo temperada...;

E, a escuridão dissipada.

Ninguém pode suportar,

Condenação tão dura assim...;

O Brasil ainda esconde...

O olhar está se abrindo

- aos poucos,

A alma ainda chagada,

Agonizando está a terra amada.



O grito gemente por liberdade,

Geme em todas as alturas,

No solo estão os sinais das torturas...



A Pátria é como uma Mãe

Que não suporta ver os filhos

abandonados à sorte e infelizes.

Ela espera com esperança,

Que os homens educados,

- sejam abolicionistas

E, libertem todos aqueles

que neste solo têm pisado.

Aspira o fim da degradação

- naturalmente humana -

E assim cultivemos juntos

uma Mátria de pessoas felizes.





A dor pungente na pele do escravo,

Perpassa os séculos e todas as cores,

Sangra o Brasil de partos e dores...



Até a utopia passa a ser tortura,

O nosso povo não sabe mais sonhar.

O gosto do cálice grudou na boca,

- a Repressão deixou tatuada,

Sou a filha desterrada,

- sou negra, sou branca, sou indígena

A herança é oriental,

- sou afrodescendente

Brasileira - sou caboclinha,

Em minha pele carrego um 'cado' de tudo,

- tenho a cor de todas as cores

Perante toda a América e todo o mundo,

Acredito que seremos um país de homens

e mulheres livres quando acordarmos do

falso sonho de independência e nos

tornarmos abolicionistas das

penas que nos foram [infligidas por

todos que tiveram poder sobre as nossas [vidas.