No ar fresco da noite tudo é diferente.... Maria Almeida
No ar fresco da noite tudo é diferente.
Para além das grades verticais, esgrimidas pela memória, podem-se ver as estrelas costuradas num céu manso, acetinado pelo calor da primavera.
Não existe dor aqui.
Inspira-se e expira-se.
Os sentidos apuram-se. Mais doces do que é habitual, num estremecimento exposto e palpitante.
O tempo revela-se à frente, rumo a um leque de sentimentos pungentemente reais, como se conseguisse voar dali para fora.
Ela vai melhorar. Sim. Claro que vai.
A sua voz está dentro da minha cabeça. O amor bate em cheio. Quando realmente importa, as pessoas tornam-se também sensíveis à família.
Nunca cheguei a conhecê-la verdadeiramente bem, o que é uma idiotice, uma vez que trabalhamos juntas no mesmo local, mas ela entrou num edifício em chamas. E é extraordinária.