A Posição do Teólogo A grande maioria... alessandro de azevedo...

A Posição do Teólogo

A grande maioria dos cristãos pertencentes a qualquer Igreja se contentam com a simples leitura da Sagrada Escritura, ou seja, com os dados imediatos da Bíblia diferentemente do Teólogo, que por dar também apreço, a um conhecimento denso, e a fatores também mediatos, não param e nem se limitam apenas aos intérpretes consagrados, concomitantemente, nos dados imediatos, vão além, atrás do sentido existencial-espiritual dos textos bíblicos.

Esta diferenciação é exclusivamente e puramente cultural, e não de natureza axiológica, colocando os primeiro em patamares de inferioridade. Os primeiros, não se incomodam em perscrutar as escrituras, não querem se aprofundar; para eles o Pastor ou Padre é que tem esta obrigação. A existência de tal diferenciação é devido à natureza humana com sua amplitude peculiar. Ambos, no entanto, recebem gratuitamente de Deus a fé correspondente a sua salvação.

Os Teólogos vêm o cristianismo com a descrição do Logos em um processo dinâmico, num lançar-se pessoal e continuamente na eterna busca de Deus, num eterno vir-a-ser em tomar parte de sua fé de direito e de fato, tendo conhecimento de seu ethos característico e de sua pertença à divindade no eterno retorno graças à razão e não fazendo dela, um obstáculo, se albergando no creio porque é absurdo.

Não se podem haver abismos na aceitação da fé das verdades divinas, com igual desejo racional das mesmas. A fé-conhecimento só existe se a razão possui firme convicção de sua verdade no viés mediato e imediato. A fé serial algo que vai além das conclusões de demonstrações físicas; ela ultrapassa o sensorial e ao mesmo tempo, incentiva a se buscar diuturnamente o profundo e verdadeiro sentimento do fazer parte da esfera do divino, se mostrando de fato, em práticas de vida real.

Dentro do viés teológico, o cristão deve praticar os mandamentos, sentindo-os não como um dever pesado de subserviência, mais como meios e fins adequados para o alcance da serenidade do amor de Deus. Ele deve buscar no abismo aparentemente insondável de Deus, sua força a avigorá-lo em seu itinerário para Deus. E é por isso que ele estuda a sagrada escritura com as ferramentas hermenêuticas.
O verdadeiro conhecimento vence a superficialidade da fé simples para este nível de cristão, uma vez que ele precisa ir além. Ele parte do sentido literal uma vez que sem o mesmo, não se pode chegar aos outros, adquirindo um lugar que possui a posição
de propedêutica. Partindo-se em segundo momento, para o processo do tipo prático-moral-histórico, com uma dinâmica atualizante das escrituras que conduz até a relação pessoal entre a alma humana e Cristo, o Logos Divino.


O sentido espiritual é o mais profundo, acessível só a poucos e na antiguidade, com Orígenes e Clemente seus precursores, se utilizam da alegoria para ultrapassar o imediatismo do contexto. Destarte, através destes mecanismos, se pode de fato, entender as passagens bíblicas, superando o ipsi literis dos fundamentalistas, que matam o espírito da letra.
Hodiernamente, dependendo da Igreja que o fiel estiver, pode estar alhures do seu alcance e este, não tendo um conhecimento mais profundo em outras fontes, se deixa enganar por maus Pastores que estão interessados no dinheiro e por Padres que adotam elementos de culturas pagãs, incentivando a práticas que não condizem com o verdadeiro cristianismo.

O estudo das escrituras, é conditio sine qua non, para uma aproximação autentica a Jesus. As escrituras são expressões do Logos Divino, não apenas em sentido casual de ação-efeito, mas altamente existencial, devendo ser buscada com mais tenacidade e cuidado. Na passagem neotestamentária a título de exemplo: Não lanceis as pérolas aos porcos, implica que nem todos estão preparados para compreender a verdade e se encontram em estados de infantilidade espiritual, dando mais valor a adornos humanos, estéreis de uma espiritualidade mais coerente com os ditos de Jesus.

A relação entre o texto sacro e o cristão não se configura, portanto, como apreensão passiva de um conteúdo dado, mas ao contrário, em uma dinâmica aonde entram esforço e busca por parte do cristão no sentido inexaurível da Palavra em todas as suas peculiaridades.