PRECONCEITO A questão da igualdade é,... alessandro de azevedo...

PRECONCEITO
A questão da igualdade é, foi e sempre será uma temática que incita as mais diversas opiniões. Grandes personalidades humanas tentaram defini-la atribuindo-a critérios filosóficos, psicológicos, biológicos, antropológicos, éticos e religiosos sem, contudo, conseguirem chegar a uma definição que consiga albergar toda estas esferas do conhecimento humano com aceitação unânime das mais diversas sociedades.
A título de exemplo se pode elencar a questão da Lei 11.340/06 que recebeu o nome de Maria da Penha de 7 de agosto de 2006, em homenagem a farmacêutica Maria da Penha Maia que por mais de duas décadas, sofreu violência doméstica, inclusive com tentativa de homicídio em duas tentativas, por parte de seu marido.
A priori se tem a convicção de que justiça foi feita; as mulheres de todo o país, principalmente àquelas que passavam pela mesma situação, se sentiram vingadas. Que a violência doméstica é um total absurdo ninguém tem dúvidas; o que quero pontuar está intimamente conectado á relação com as origens desta seara.
Aonde pode ser encontrado o epicentro do problema? Desde os primórdios da humanidade e em um grande número de povos, se podem observar facilmente os papeis trocados dentro da questão de gênero com uma carga mais valorativa ao viés masculino. Não se quer fazer um estudo antropológico ou social da questão, mais se torna fácil observar que a violência contra a mulher, surge da maneira de como ela é vista dentro de nosso ethos social.
È muito mais uma questão de educação do que qualquer outra coisa. O artigo 1º da Declaração dos Direitos Humanos de 1948 diz claramente que: “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Mais claro impossível; leis contra abusos de maridos, companheiros já existem; a mulher não pode ser tratada como um ser especial, aparte da humanidade.
Os defensores dirão: o problema é que na prática não funciona; pergunto-vos: sabe por que existe uma grande distância entre a teoria e a prática? É muito simples: a nossa educação esta sedimentada em uma educação medieval, precária, assistencialista, e desconectada com a realidade mundial hodierna. E quando me refiro ao termo educação estou sendo o mais abrangente possível.
Em grande parte de nosso precário país, as filhas ainda são educadas para serem submissas donas de casa e só; ou então trabalharem o dia inteiro e ainda terem que dar conta da casa e do jantar do maridão que chega cansado e com fome e tudo deve estar perfeito; são ensinadas por suas mães para serem reprodutoras de papéis que estas tiveram.
Este quadro é mais fácil de observar em famílias mais carentes aonde em alguns casos por mais absurdo que sejam as meninas ainda procuram o marido que possa lhes dar conforto financeiro independente de sentimento se submetendo a casamentos arranjados com pessoas mais velhas que querem apenas uma empregada que lhes forneça sexo.
Em outros rincões, nas casas dos ricos ou nem tanto, elas têm que aceitar as situações peculiares como as traições do marido e não podem se rebelar principalmente se forem de lares pobres; alguns homens reproduzem o comportamento violento que aprenderam em suas casas; eles traem porque foram ensinados que o homem pode trair e que só será homem de fato se o fizer e a sociedade, entende e os apoia com o famoso: “homem é assim mesmo”!
O que se precisa de fato é mudar a maneira de como a mulher é vista dentro de nossos lares desde a mais tenra idade, educando as nossas crianças a não terem preconceitos e a entenderem de fato, que homens e mulheres são seres humanos iguais e destarte, possuem os mesmos direitos e deveres; que não existe esta coisa de superioridade masculina no lar e de que é o homem que manda; e o que é isso de mandar? Não deveria ser o casal, depois de conversarem que deveriam juntos decidir o que for melhor?
Advogo que quando se começa a tratar uma parte da humanidade como mais detentora de direitos do que a outra sem que para isso se encontre algum fator fisiológico ou psicológico em questão que fundamente tal ação, isto pode se tornar um grande problema; para mim isto é preconceito claro; o que é chamado de discriminação negativa; insisto que temos que balizar por cima e não às avessas.

Se formos criados e educados em ambientes que proporcionem a compreensão de fato e real não apenas em teorias, que não podemos ser violentos com qualquer pessoa a não ser em legítima defesa, independente de gênero, classe social, religião, preferência sexual ou ainda de fenótipo, a probabilidade de acontecerem atitudes violentas pari passu serão reduzidas.
Não quero com isso me posicionar contra esta Lei específica; o que defendo se alberga em esferas mais profundas aonde a conscientização verdadeira com exemplos no cotidiano durante o processo de maturação humana, ainda é a melhor defesa.