QUEM SOU EU? Pode parecer uma pergunta... alessandro de azevedo...

QUEM SOU EU?


Pode parecer uma pergunta retórica a priori; mas o fato é que será que sabemos realmente quem somos? Somos quem queremos ser ou somos criados diuturnamente pelos mitos contemporâneos que nos rotulam a papeis existenciais que se adequam ao nosso ethos social nos transformando em autômatos?
Ao sair de nossas casas todos os dias nos deparamos com uma quantidade de pessoas que mais ou menos nos influencia e em contrapartida são também por nós influenciadas, em uma dinâmica de feedbacks. Na grande maioria das vezes ao assumirmos os papeis que estas pessoas têm sobre a nossa pessoa, nos permitimos uma espécie de molde silencioso que nos ordena em direções que tomamos, às vezes de modo inconsciente.
Buscamos a aceitação do grupo em que pertencemos; para vivermos em sociedade temos que entrar em mascaras de representação daquilo que é definido de paradigma daquele momento. Estes personagens que damos vida, nem sempre têm relação de existência com aquilo que realmente somos.
O afastamento de nós mesmos na tentativa de adaptação a realidade hodierna, se for realizado de maneira consciente será menos prejudicial ao nosso eu verdadeiro do que o que é alienado? Ou em ambos os caos este apartheid existencial será danoso ao ser humano que deveríamos ser? São questionamentos que deveríamos fazer na tentativa de nos olharmos no espelho e conseguir nos enxergar sem os matizes sociais que nos ordenam em blocos, como os números de uma cartela de bingo.
A realidade do ser social é importante e talvez sem ela não tivéssemos alcançado o nível de ciência e tecnologia em que estamos; esta necessidade de fazer parte de algo maior é importante no processo de humanização sim; mas não pode sobrepujar a nossa individualidade nos colocando na posição de refém da minha posição social esquecendo de quem sou.
Tenho que assumir os papeis que em cada local por onde passo os outros têm de mim, mas preciso para isso, ter que necessariamente saber o que estou sendo naquele momento e que também, sou além daquele fato pontual; sou um universo de potencialidades que não devo em momento algum, me permitir em ser apenas um rótulo fixado pelos outros.