Entre dadores de aula, ministradores de... alessandro de azevedo...

Entre dadores de aula, ministradores de conteúdo e educadores.

Por que será que a educação brasileira permite que qualquer indivíduo possa trabalhar como professor, independentemente de ter formação ou não? Qual é a legitimidade desta prática? O que acontece quando em escolas de segundo grau, faculdades e universidades se dá mais valor a profissionais de outras áreas em relação àqueles que estão na função de não apenas dadores de aula, ministradores de conteúdos e sim de educadores?

Para fins didáticos se faz necessário um esclarecimento de uma breve definição entre o que seja dador de aula, ministrador de conteúdo e educador: o dador de aula é o indivíduo que está ali na maior parte das vezes porque não conseguiu se formar em mais nada e daí por pura falta de opção, fez uma licenciatura mal feita e vai para a escola sempre reclamando do trabalho, da diretora, dos alunos e do seu salário; em contrapartida, desconhece o significado do termo didática e sua prática pedagógica, está mais sedimentada para o grito, esculacho e intermináveis divisões da sala de aula em equipes que passam o ano se revezando e fazendo o trabalho desta criatura nefasta, que alarga ainda mais o fosso dos descamisados, dos pensados, que passam à vida, nas mesmas reclamações do governo, de Deus, da plantação de soja na Amazônia,sem tomar uma atitude mais pontual.

O dador de aula das faculdades é aquele indivíduo que tem outra profissão, que foi conseguida através de concurso e que nunca na sua vida pensou que fosse por os pés em uma sala de aula até porque sempre se considerou superior aos profissionais da educação, e quando é convidado por alguma instituição que vê nele a doce ilusão de melhorar o seu quadro de docentes com a presença do DOUTOR, traz para sala de aula um sujeito que igual ao seu par do segundo grau, não sabe o que é prática pedagógica orientada pela didática; faz de suas aulas, uma ode pessoal refinada com pitadas de intermináveis sessões de terror de sua disciplina, seja no processo avaliativo,seja na dinâmica da correção das avaliações, perseguindo os acadêmicos que ousam questioná-los, para não transparecer sua tacanhez, por traz do título que ostenta de maneira infantil, sem mencionar a repetida frase de que a sua disciplina é a mais importante de todo o curso e que se deixa seduzir por aquelas beldades das salas de aula, com suas pernas de fora e os decotes generosos a agradar os mais variados gostos, propositadamente colocados, com o intuito de agradar ao mestre com carinho e ter como recompensa, a sua aprovação no ano ou período letivo.

Em relação ao ministrador de conteúdo, tanto no segundo grau como na faculdade é fácil de identificá-lo, por sua extrema preocupação com o conteúdo e o seu total descaso em relação ao aprendizado significativo por parte do corpo discente. O que este personagem mais quer, é acabar o conteúdo para dar uma satisfação à direção da instituição de que está fazendo jus ao salário que está recebendo, tendo o viés de sua prática pedagógica que em alguns casos existe, a rigidez e o engessamento que também em alguns casos, se deixa levar por aquelas beldades, sem contar na vista grossa que fazem daqueles acadêmicos que são seus bajuladores oficiais que se utilizam daquela famosa prática ilícita, na obtenção do conhecimento necessário, no momento da temida avaliação e que se como não bastasse isto, lhes permite ficarem com esta nota, mesmo sabendo quais foram os recursos utilizados para sua obtenção, deixando passar a grande oportunidade de mencionar os critérios éticos que deveriam conduzir a vida do cidadão de bem, evidentemente em particular; os tais valores que permitem a nossa humanização e perpetuação no espaço-tempo como homo sapiens.

O tipo mais raro de professor é o educador. Este se enquadra no cidadão que reconhece a singular importância de ser um construtor de cidadãos, que optou por escolha entrar neste sacerdócio e que como tal, quando se encontra em sala de aula, sabe que sua missão vai além de apenas ministrar conteúdos e acabar o conteúdo livro do semestre ou do ano. Educar é um processo de parir homens imbuídos dos mais altos valores humanos, na construção da cidadania, da busca do outro como parceiro de vida e não como rival; de olhar o diferente apenas como diferente e como fonte de outro olhar e oportunidade também de aprender algo novo, não admitindo em sala de aula qualquer tipo de preconceito.

O educador deve sim lutar por seus direitos, por salários mais dignos, por menos alunos em sala de aula mais a partir do momento que adentra no seu templo sagrado, deve esquecer-se das mazelas porque passa, e ensinar, até porque, é por isso que ele está lá naquele preciso momento. Dentro deste viés, seu campo de batalha é fora daquele cenário. E quando este se depara com as beldades e vai se deparar, adota uma postura oposta mostrando a elas em particular sem ferir os seus direitos, que este tipo de comportamento não irá conduzir a nada de bom e que elas devem acreditar mais em si e estudar, contemplando as vantagens da mecânica de todo o processo, na obtenção de sua humanização e preparação para o mercado de trabalho.

O aprendizado significativo para este tipo de professor é único caminho possível e destarte, tem a coragem e o profissionalismo de sempre inovar a sua prática pedagógica na busca de melhorar a maneira de transmitir a seus alunos os conteúdos que devem aprender, sem perder a ternura de jamais esquecer que lida com pessoas em processo de eterno vir a ser e destarte, tem que usar de ferramentas motivacionais e fazer o aprendiz se sentir parte na construção do aprendizado, sempre mostrando a relevância do mesmo no cotidiano do aluno. Suas aulas misturam uma cultura vasta, com pitadas de humor e de motivação que fazem com que os acadêmicos se sintam animados de fazer parte daquele momento ímpar de suas vidas, sem esquecer também que irá encontrar com alunos com questionamentos inteligentes e outros nem tanto, e em certos momentos, não saberá da resposta a tais questionamentos e outros sim, e nem por isso, deixará se abater, pois sabe que aqueles que se fecham a realidade de que não sabem tudo, também estão dentro do processo de contínua formação, não merecem ser chamados de educadores.

Hodiernamente, é idéia de que o conhecimento está nas mãos dos professores como única fonte, não condiz mais com a realidade. Existem ferramentas como a internet, que possuem e dá acesso a informação, quase no mesmo instante que estão sendo produzidas. O verdadeiro educador também valoriza o erro do aluno como fazendo parte do processo educacional e não como estupidez. Infelizmente estes profissionais, às vezes não são tratados de maneira adequada por não serem promotores, juízes, dentistas, médicos ou engenheiros em algumas instituições de ensino, quer sejam de educação básica ou superior, reduzindo em alguns casos a sua motivação.

O Processo de ensino-aprendizado brasileiro ainda está muito capenga sem contar que a semântica da expressão,“significado da metodologia” é muito pouco profícua e a carência de educadores, uma realidade. Desta problemática é que vem o fato de quem estar à frente de muitas salas de aula não ter o menor preparo de fato, se enquadrando nas categorias dos dadores de aula ou ministradores de conteúdo.Precisaria se rever a formação destes profissionais e quem sabe até, como no caso da advocacia, se por uma avaliação para que estes senhores quando no final de seus cursos de licenciatura, tivessem que conseguir níveis de conhecimento mais amplos e de qualidade melhor no tocante a transmissão dos conteúdos;e nos casos de mestrados e doutorados, que a formação não se esquecesse da tão falada e necessária, didática.