Apesar de filosofia parecer sempre coisa de pessoas mais velhas e, às vezes, até do passado, é possível citarmos filósofos brasileiros contemporâneos que estão em plena atividade hoje em dia e cujo trabalho você pode acompanhar.
Marilena Chauí (1941- atual)
Considerada uma das mais importantes filósofas nacionais, com uma vasta e reconhecida obra acerca do tema, Chauí também é professora e militante política. A autora recebeu diversas premiações em sua carreira, incluindo dois prêmios Jabuti.
A busca da verdade está sempre ligada a uma decepção, a uma desilusão, a uma dúvida, a uma perplexidade, a uma insegurança, ou então, a um espanto e uma admiração diante de algo novo e insólito.
Marilena Chaui
Márcia Tiburi (1970 - atual)
Uma das pensadoras jovens mais famosas da atualidade, Tiburi já participou de programas de TV e escreve constantemente sobre filosofia, política, cultura e outros temas. A autora tem vários livros publicados, entre eles a excelente antologia As Mulheres e a Filosofia, de 2002.
A complexidade do ato de escutar está em que, por meio da escuta, entro em outros processos de conhecimento. Torno-me outra pessoa.
Márcia Tiburi
Djamila Ribeiro (1980 - atual)
Djamila Ribeiro é mestre em filosofia política e um dos nomes mais falados no Brasil em torno de temas como o feminismo negro e ativismo digital.
A autora ganhou notoriedade na mídia nacional nos últimos anos, sendo convidada para diversos programas de televisão, rádio e outros meios para falar de sua atuação como filósofa e feminista interseccional.
Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa sociedade que insiste em negá-la.
Djamila Ribeiro
Mario Sergio Cortella (1954 - atual)
Os vídeos deste pensador contemporâneo alcançam milhões de visualizações na internet. Ele também publicou diversos livros e procura tratar de forma descomplicada temas ligados à filosofia na sociedade contemporânea.
Cortella corre o Brasil inteiro com palestras que têm um cunho motivacional mas, principalmente, promove a reflexão das pessoas para questões filosóficas que fazem parte cotidiano de qualquer brasileiro.
É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal.
Mario Sergio Cortella
Clóvis de Barros Filho (1965 - atual)
Clóvis de Barros Filho é outro intelectual da atualidade que você pode conhecer através da internet, com vídeos, textos e palestras que têm inspirado muitos brasileiros.
Professor universitário de Ética, ele nos oferece várias reflexões sobre temáticas universais como a vida, a felicidade e as relações humanas. As suas ideias também estão compiladas em livros de sucesso como Shinsetsu: O poder da gentileza (2018) e A felicidade é inútil (2019).
A vida é uma sequência de encontros inéditos com o mundo, e portanto ela não se deixa traduzir em fórmulas de nenhuma espécie.
Clóvis de Barros Filho
Leandro Karnal (1963 - atual)
Historiador, acadêmico e uma das vozes mais midiáticas da filosofia nacional, Leandro Karnal também é um nome bem conhecido do público. O pensador tem refletido sobre inúmeras questões relacionadas com a cultura e a história brasileira, passando ainda pela fé, o mundo contemporâneo e os seus desafios.
Além da sua presença no mundo digital e em várias publicações como O Estado de São Paulo, podemos lê-lo em obras como O dilema do porco-espinho: Como encarar a solidão, de 2018.
O que eu penso não muda nada além do meu pensamento. O que eu faço a partir disso muda tudo.
Leandro Karnal
Luiz Felipe Pondé (1959 - atual)
Filósofo e escritor brasileiro de renome, Pondé pode ser lido semanalmente na Folha de S. Paulo, onde trabalha como colunista. Sem medo de "remar contra a maré", o autor exprime algum pessimismo nas suas reflexões e tem sido uma das vozes que se levantaram contra uma suposta tendência para o politicamente correto.
Os seus escritos também estão marcados pela existência de vários aforismos relativos às vivências do cotidiano. Algumas das suas obras de destaque são Filosofia para corajosos: Pense Com A Própria Cabeça (2016) e Marketing existencial (2017).
O perdão é maior do que a justiça, ele cabe onde a justiça não seria suficiente. É possível ser justo com alguma pessoa, sem perdoá-la.
Luiz Felipe Pondé
Os filósofos brasileiros do período republicano
Uma das importantes correntes do século XX que surge como crítica ao positivismo é o culturalismo, corrente herdeira da proposta e crítica iniciada pela Escola de Recife e que pensa questões antropológicas e sociais importantes para o país. Essa corrente acreditava que a cultura condiciona o comportamento psicológico do indivíduo, influenciando todo o seu pensamento.
Raimundo Farias Brito (1862 - 1917)
Autor de uma das mais completas obras filosóficas produzidas originalmente no Brasil, era muito religioso e dedicou boa parte da sua obra pregando um Deus como um princípio que explica a natureza e serve de base ao mecanismo da ordem moral na sociedade.
Não basta indagar se o conhecimento das coisas depende da constituição de nosso espírito; é preciso verificar se o conhecimento do eu e da consciência, por sua vez, não sofre a influência das coisas.
Farias Brito (O Mundo Interior)
Miguel Reale (1910 - 2016)
O filósofo foi responsável por associar os fundamentos da filosofia com a criação da teoria tridimensional do direito, que ainda é particularmente difundida no Brasil. Também foi reitor da Universidade de São Paulo e membro da Academia Brasileira de Letras.
Os filósofos brasileiros da Escola de Recife
Em oposição ao positivismo surgiu um movimento muito importante para a filosofia brasileira, que trouxe para as reflexões questões sociológicas, culturais, folclóricas, jurídicas, etc. Esse movimento nasceu em Recife, na Faculdade de Direito, primeira faculdade do gênero, ainda no Brasil Império, e teve como representantes duas figuras principais:
Tobias Barreto (1839 - 1889)
Herdeiro dos pensamentos do filósofo Immanuel Kant, foi um dos primeiros pensadores brasileiros a discutir filosofia na academia, como ciência. Barreto sustentava o culturalismo na sociedade e no direito, procurando conciliar o determinismo das ciências naturais com a liberdade humana.
Um homem que tem a boca cheia de língua parece-me inadmissível que tenha uma cabeça cheia de ideias.
Tobias Barreto
Silvio Romero (1851 - 1914)
Silvio Romero foi crítico, ensaísta, folclorista e historiador da literatura brasileira. Sua força estava nas ideias de âmbito geral e no profundo sentido de brasilidade que imprimia em tudo que escrevia. A sua contribuição à historiografia literária brasileira é uma das mais importantes de seu tempo.
Os filósofos brasileiros da corrente positivista
Depois dos ecletistas, surgiram novas discussões no meio intelectual, dessa vez ligadas ao movimento positivista. Segundo o positivismo, as superstições, religiões e demais ensinos teológicos devem ser ignorados, pois não colaboram para o desenvolvimento da humanidade. Só o que é científico importa. No Brasil, os principais representantes dessa corrente filosófica foram:
Ivan Monteiro de Barros Lins (1904 - 1975)
Jornalista, professor, pensador, ensaísta e conferencista cujo positivismo era sobretudo um método de sistematização dos conhecimentos científicos, filosóficos e sociais, fornecendo as bases para o estabelecimento de uma moral científica.
Estudou muito sobre esta corrente filosófica e publicou em 1964 a sua obra mais importante: História do Positivismo no Brasil.
Logo, se Deus existe, ou não possui, em grau infinito, bondade, poder e inteligência, ou, se os possui, procede como se não interferisse nos acontecimentos terrestres.
Ivan Monteiro de Barros Lins
Luís Pereira Barreto (1840 - 1923)
Médico, filósofo e biologista que acreditava na conjugação entre ciência e instrução pública como meio de civilizar o Brasil. Publicou diversas obras sobre o assunto, entre elas Filosofia Teológica (1874) e Filosofia Metafísica (1876), livros nos quais procurava analisar o Brasil tendo por base a lei comteana dos três estados.
Outros nomes do positivismo no Brasil são os de Alberto Sales, Pedro Lessa, Paulo Egydio, Júlio de Castilhos e Benjamin Constant Botelho de Magalhães.
Os filósofos brasileiros do Ecletismo
Depois que o Brasil deixou de ser colônia de Portugal e passou a ser Império, os pensadores da época estavam presos em reflexões sobre o que realmente era liberdade no país. Por causa disso, a corrente dominante era o Ecletismo, que tentava responder às questões humanas de consciência e liberdade através de uma aproximação do espiritualismo e da experiência humana em relação aos problemas que aconteciam nesse período.
Gonçalves de Magalhães (1811 - 1882)
Conhecido também como visconde do Araguaia, o pensador foi um dos primeiros romantistas brasileiros. Em termos filosóficos, propunha soluções mais espiritualistas atentando para a oposição entre corpo e alma, no sentido do corpo ser uma prisão, mas de haver liberdade humana por haver espírito.
Para falar mais exatamente, só existe realmente o que é espírito, o que sabe, e pode, e tem consciência de si; tudo o mais existe fenomenalmente, não em si, não para si.
Gonçalves de Magalhães (Fatos do Espírito Humano)
Eduardo Ferreira França (1809 - 1857)
Eduardo Ferreira França foi um médico, pioneiro do pensamento sobre a psicologia no Brasil, com o livro Investigações de Psicologia (1854). Ele defendia a hipótese de que o homem em seu conjunto é determinado pelas condições naturais em que vive, e buscou ao longo de sua carreira apresentar fundamentações filosóficas em relação à liberdade política.
Os teólogos do Colégio do Rio
Considerada a primeira faculdade que ensina filosofia no país, ainda na época do Brasil Colonial, o pensamento era voltado para o catolicismo e o chamado “Saber de Salvação”, que preparava o povo para uma instância divina em vez de focar no corpo e material.
Os principais nomes dessa fase da filosofia brasileira foram:
Manuel da Nóbrega (1517 - 1570)
Um padre jesuíta que foi responsável por algumas medidas de proteção do povo indígena brasileiro e escreveu Diálogo sobre a conversão do gentio, um dos livros mais importantes da época.
Marquês de Pombal (1699 - 1782)
Ainda na época colonial, um homem que influenciou muito o pensamento filosófico brasileiro, chamado Sebastião José de Carvalho e Melo (mas conhecido como Marquês de Pombal).
Ele propagou uma corrente filosófica chamada empirismo mitigado, que basicamente é uma corrente que acreditava nas experiências humanas como poder científico. Polêmico, foi ele quem expulsou os jesuítas do país e implantou as primeiras escolas nacionais que prezavam pelo ensino laico.
É mais eficaz a moderação com que se repreende, do que a severidade com que se castiga.
Marquês do Pombal