Ferido
SINTO DE SEGURANÇA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
É um quero não lá muito querido.
Ferido por um não poder buscar.
É um amo que odeio ter que omitir.
Mentir pra quem sabe da verdade.
É um sinto pelo qual sinto muito,
por não proporcionar esperança...
... ...
Um quero com amo encarcerado;
um amo com quero reprimido;
um sinto que é sinto de segurança.
FERIDO ARBÍTRIO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Eu me nego a fingir que digo amém
aos que dizem amém pra tantas rezas,
a quem reza o que arbitra para todos
onde o todo é só massa de moldar...
Quero livre vontade, os olhos vastos,
confessar meu engano e me rever,
os meus gastos de fé desavisada
querem troca e direito a novos rumos...
E me nego a negar que sonho além
desse bem coletivo que faz mal,
do normal que o poder instituiu...
Aos que mandam e torcem por quem manda,
por demanda imoral de privilégios,
eu me nego a fingir que tudo bem...
Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio.
Ser livre para mim é um imperativo:
Do amor sou como um eterno fugitivo
Como um animal ferido no cativeiro
Que um dia se viu apreendido,
E agora já não sabe mais [voltar.
Não que eu não saiba amar:
- Provei o sabor da rua
Com o amor próprio canto pro Sol
E escrevo para a Lua;
Vivo a vida para [reverenciar].
Ser livre para mim é um jogo:
- Blefarei para ganhar a partida
Se receber amor, terei coragem;
E como fera selvagem
Vou me queimar no teu [fogo.
Não que eu não queira amar:
- Amar para mim é navegar!
Das letras eu sou maruja,
Da serra tenho a altura
Cresci poesia do [mar].
Porque inspirada na vida,
E na impoluta crença:
De que só vale perder
- a liberdade -
Só se for pela [verdade]
Da tal história que surpreenda,
E que faça tudo ter valido a [pena].
O Brasil já está demasiadamente ferido para ver gente divergindo e se odiando. Vamos com calma, pelo amor de Deus! Não se contaminem por alarmismos de quem que seja. Dá para divergir sem se odiar.
Quando o perdão liberta antes do amor.
Há momentos em que o coração, ferido pela incompreensão, pelo abandono ou pela injustiça, precisa antes se despir do peso da mágoa para então reaprender o verbo amar.
O amor, em sua pureza, é um ato de entrega; mas o perdão é um ato de libertação, e às vezes é ele quem chega primeiro, abrindo as grades invisíveis que nos aprisionam ao passado.
Perdoar não é aceitar o erro, é compreender que a dor não deve governar o destino. O perdão não absolve o outro apenas; ele resgata a si mesmo. Porque enquanto o ressentimento persiste, o amor não respira, ele sufoca entre as lembranças, tentando florescer em solo infértil.
É no instante em que o perdão se faz ponte, e não muro, que a alma se reencontra consigo. E somente então o amor, que sempre esperou em silêncio, pode voltar a ser caminho, não mais ferida, mas aprendizado.
Alguns amores só sobrevivem quando são libertos pelo perdão. Outros só nascem depois dele. Mas, em todos os casos, o perdão é o primeiro gesto de amor, ainda que disfarçado de despedida.
Peixe ferido
de água salgada
solitário na rede,
Muitas vezes
se parece com a gente
quando na vida
tudo acaba nem
mesmo em poesia.
Tem gente que mesmo vítima dos maus,se falar como alguém ferido,as pessoas se colocam contra apenas para ferir mais, é uma forma de a vida ensinar que gente forte não pode ser refém da maldade alheia.
Eu me encaixo exatamente nesse lugar.
Não se ama de coração ferido, não se transforma um tempo, condenando o tempo perdido, não se governa a palavra em silêncio, e não se muda um pensamento, aprisionado sob a mesma ideia.
SOB A SOMBRA DA BELEZA NO AMOR.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
O amor nasce já ferido.
Não como promessa, mas como necessidade.
Uma carência inscrita na própria estrutura do querer.
Ama-se não por plenitude, mas por falta.
A beleza surge como engano sublime.
Ela se oferece ao olhar como redenção,
quando na verdade é apenas o véu mais refinado da dor.
Toda forma bela carrega em si a sentença do perecimento,
e é justamente por isso que fascina.
O espírito, ao reconhecer o belo, não encontra repouso.
Antes, inquieta-se.
Pois compreende que aquilo que o atrai
jamais poderá ser possuído sem perda.
Amar é desejar o que inevitavelmente escapa.
A consciência, ao amadurecer, percebe
que o amor não promete felicidade,
apenas instantes de intensidade.
E intensidade é sempre sofrimento condensado.
Quanto mais profundo o vínculo,
mais aguda a percepção do fim.
A mística do amor revela-se então trágica.
O sujeito não ama o outro,
ama a imagem que nele desperta sua própria carência.
E quando essa imagem vacila,
a dor emerge não como surpresa,
mas como confirmação da natureza do querer.
Há uma tristeza inerente à beleza
porque ela nos obriga a desejar o que não se fixa.
Tudo o que é digno de amor
é, por essência, transitório.
E a consciência disso não liberta: aprofunda.
Assim, amar é consentir com o sofrimento lúcido.
É aceitar a vigília permanente do espírito
diante de um mundo que não promete consolo.
A grandeza não está na felicidade,
mas na coragem de contemplar o abismo
sem desviar o olhar.
Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio,
mas se isso acontecer depois do nascer do sol, será culpado de homicídio. Um ladrão terá que restituir o que roubou, mas se não tiver nada, será vendido para pagar o roubo.
Meu coração está triste e despedaçado, tentando encontrar em toda esquina uma oportunidade para sorrir, e isso faz com que as pessoas pensem que estou bem, quando na verdade só estou fugindo dos meus demônios.
"Tu não fizeste isso. Não tu. Eu sei. Não ousarias. Declaraste eterno amor!
Repentinamente levar o chão sob os pés de quem é um só contigo?
Não poderias destruir a ti mesma causando o partir da alma que te levaria junto.
Tu ganhaste a chave dos céus e do inferno.
Podias ter escolhido o paraíso, mas optaste pela escuridão.
Te tornas, presentemente, juíza não apenas de teus anseios,
Mas destróis o ser de quem é e lutaria eternamente por vós?
Assim, não anulas apenas a ti que agora já é dois em um.
Destróis a felicidade. Assassinas também a chance daqueles inocentes que viriam pela fusão etérea de vossas almas.
Não. Não ousarias. Não terias tanto desamor.
De tal modo, beberás agora por juramento infinito o fel da somba que se circundará.
O limiar rompido entre a sobriedade e a insanidade de quem já não mais tem um coração para ponderar.
Que pela permantente justiça aguarde todo aquele que atrever-se a interferir neste elo infinito.
Não terá paz, não descansará. E por fim sua alma, dormirá no abismo."
"Numa relação, não brinque com os sentimentos do outro pois ele ficará machucado; e no final das contas, você poderá sair lesionado também". Psicanalista Mérces
E um soldado disse firme a teu exército:
- Preparem as armas, hoje vamos guerriar
E respondeu um de seus homens: com a espada e o escudo sobre suas mãos
- hoje não chefe já estou em guerra
- com quem ?
- com o meu coração
Pedra és rocha
Não sei se são mais vivas as marcas que deixo onde passo ou as que levo de onde passei. O que sei é que, por gostar de opostos, quero que permaneçam vivas. Não fosse a sútil possibilidade de deixar marcas na areia da praia, poderia dizer que não teria apego algum pelo mar. Mas deixo marcas nele, e se outrora o mar vier a esmorecê-las eu deixo marcas também enquanto regresso. Travados em batalha pela vida, eu e o mar poderíamos passar anos a fio nesse desbravar. A areia adoraria ser pisada, socada, marcada por meus pés, como faz a mulher guerreira no trabalho doméstico com pano de chão... O mar equilibrado ficaria conformado, se recolheria e só iria voltar no dia seguinte. Não fosse a alegria, a extraordinária alegria de ver de cima, talvez nem me trouxesse tanto contento a altura. Mas não sou que marco a pedra mais alta e sim ela que marca em mim. É o relevo, o infinito limitado, o vento que chega, o misto de medo e alegria. As marcas são fortes, atemporais... Quantos anos de água até mudar sua forma? Não sei! O que sei é que: pedra és rocha e sobre as marcas que deixas em mim serás a força motriz para me fazer viver.
Amor Vencido...
Caminho pela vida que me tem
Vendo tantas e tantos muitos
Apaixonados, amados, amantes
Em juras eternas, vezes, em prantos
Ouço silencioso, segredos e sonhos ditos
E com pouco, percebo insanas verdades
Ditas, quando uma flor era preciso
Para desfazer impaciências veladas
Tenho olhado pro lado
Em meus passos nessa estrada
Observando beijos se findando
Carinhos se esvaindo... terminando
Vejo o amor sendo vencido
Talhado em propósitos claros
De paixão já não sentida
Amor sem valia, sem quereres
Me falam tais momentos
Que no início calor havia
E que geleiras ao leo se ocuparam
Em calar de vez, o que o outro sentia
Eu não sei amar, mas sei que te amo.
Me desculpe por não ser o suficiente.
Por não deixar evidente que é recíproco o que você sente.
Eu não sei mais amar, não sei ser uma boa namorada.
Não estou comprindo os requisitos, e não sei se um dia irei comprir.
Pois saiba meu coração já foi ferido, tão profundamente que meu mundo ficou vazio e logo após se tornou cinza.
Mas você trouxe cor á minha vida.
Obrigada por isso.
Eu não sei amar, confesso.
Mas eu te amo.
De fato não sou boa com isso de sentimentos
Sempre os escondi sob a minha capa impenetrável de proteção
E tenho medo de tirá-los de lá.
Mas ando me esforçando sobre isso
Eu nunca admiti sentir saudade
Mas admito agora que sinto.
Me desculpe por não ser como deveria ser.
Um roubo mesmo que pequeno é um delito. Assim, uma mentira por mais que seja para não magoar, ele acaba ferindo. José Meireles
