Fantasia e carnaval
Todo ano milhões de pessoas fazem a festa da carne, mas depois a da penitência. Nada pensam e saem de tudo isso tranquilos com sua consciência achando que não devem nada pra Deus.
"Não há bem que sempre dure, e nem mal que nunca se acabe..."
Como existe quem gosta do Carnaval, e quem o deteste,
a escolha é de livre arbítrio...
O certo é que acabou, e agora ao invés das Escolas de Samba,
vem a Escola da Vida...
O Carnaval passou, ou quase, pois pra muita gente continua...
o que foi, foi, o que não poude ser, não foi...
Agora é cair no real, pois as contas vem em Real...
E se muito gastou... Como vai ser?
Deixa pra pensar depois...
CARNAVAL PASSOU
Marcial Salaverry
A vida continua,
esta é a verdade nua e crua...
O trabalho novamente encarar,
porque as contas vão continuar a chegar...
Acabou a folia,
agora cair na rotina de todo dia...
O que no Carnaval aconteceu,
apenas esquecer... morreu...
Aquela paquera,
vai ficar na espera...
No ano que vem tem mais...
é só esperar... e que não seja demais,
porque agora é cair na real,
e ver sobrou algum Real...
Vamos pensar em trabalhar,
pelo menos pensar, né?
Marcial Salaverry
Derradeira lua
às três da manhã
E o adolescente olha
através do vidro da janela
Da toca
FAREJA...
O Universo girando
DESEJA
A Roda!
Sem sono...
Uma fera à espreita!
Esta fera da vida
'Fera Ferida'
...Só quer viver!
Quando te encontre pela primeira vez me apaixonei…
Depois voltei e percebi que não era paixão
Não era desejo
Não era afã
Não era serventia
Não era quereres
Mais sim era amor Ilê Aiyê.
Eu escorreguei minhas mãos pela sua coxa respeitando o limite da moral e do medo enquanto acariciava sua pele.
E pedia que o tempo não acabasse com aquele dia tão esperado.
Sim, esperado, desejado, treinado!
Tantas vezes treinei sonhar esse momento enquanto deitava minha cabeça sobre o travesseiro e tantas outras quando fechava meus olhos em comunhão com o meu corpo.
Sentia culpa de te ter em meus desejos, mas sempre sucumbia.
Nada novo. Me acostumei com que não poderia ter.
Olhei seus olhos e meu coração disparou, pois eu sabia que ali tinha algo malicioso, também cauteloso, mas oportuno.
Será? Será que depois de tanto tempo?
Respirei fundo e continuei a falar de um assunto qualquer, mas o meu pensamento só conseguia viajar pelos cachos de seus cabelos, um desenho perfeito com o contorno de seu rosto angelical, sua voz envolvente e sua boca que eu deseja mais que tudo naquele momento.
Foram poucos minutos de conversa aleatórias e interesses secundários, mas que pareceram horas e horas até que nenhum dos dois aguentaram mais o desejo reprimido.
As bocas se encontraram, as mãos não sabiam a direção, respiração ofegante, razão a escanteio e peças de roupas jogadas a esmo.
Meu Deus!
Imagine estar perdido no deserto por dias sob um calor infernal e depois de tanto caminhar e suplicar, encontra finalmente um bica d’água. Você bebe, bebe, bebe e a sede não sacia. E você quer mais, pois tem medo daquela fonte secar e ser ali a sua última oportunidade. Eu bebi, me encharquei com o suor dos nossos desejos, dos nossos quereres. Estava feito!
Já li muitos poetas falarem de paixão de carnaval, mas a eles eu gostaria de gritar que vivi um amor de carnaval. Uma noite apenas que terminou na quarta feira de cinzas, mas era um amor porque estava por anos encubado, oculto, mal julgado.
Esse amor, assim como o carnaval, passou, mas deixou marcas de felicidade tão profundas que cabe o ano inteiro lá.
Levamos com orgulho a bandeira da escola da vida,
Graciosamente dançamos com as surpresas das horas sem escorregar e deixar o chapéu cair,
Tocamos a bateria com vigor e entusiasmo,
Muita marcação no Surdo de primeira, Surdo de segunda e de terceira,
Na caixa de guerra, repique, chocalho, tamborim e cuíca,
CIDADE DO FREVO
Recife é a cidade
Da cultura popular
Onde se dança o frevo
Que consiste em pular
Segurando a sombrinha
Ouvindo o Vassourinhas
No carnaval a tocar
CAR NA VAL
A CARne NAda VAle numa percepção materialista nos leva a aceitar algumas concepções menos felizes diante do mundo de valores invertidos.
Existem duas visões que nos permitem analisar este momento social:
1 - Os ascetas - que vivem para o detrimento dos prazeres do corpo em louvor da alma.
2 - Os Materialistas que vivem para negar a alma em valoração dos prazeres corpo.
Duas idéias antagônicas mais que não define o molde do comportamento humano em suas escolhas, pois existem um número muito grande dos indiferentes, que agem de acordo com as sensações, aceitando uma postura laissez-faire diante de valores morais e imorais...
Se perde nas noites dos tempos a origem das bacanálias primeiro na Grécia e depois em Roma, na adoração dos deuses Dionísio e Baco, deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente os sexuais... E nestas festas se enaltece que A CARNE NADA VALE...
E afirma Bezerra de Menezes que hoje mesmo como antes...
" ... A festa é o vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade.”
Assim, nossas escolhas nos define...
E não devemos trocar a paz que nos vivifica como ser integral por momentos fugidios de prazer que nos leva a desesperança por longos períodos de reajuste.
Viemos da Luz e na luz nos consubstanciaremos em Deus...
Paz e bem
Hoje seria o dia de programação carnavalesca, mesmo sem gostar de aglomerar. É sabado de Zé Pereira, dia de subir ladeira sem hora para acabar. Porque amo essa magia que contagia e paira no ar. Carnaval é festa de gente grande, para quem sabe brincar. Amo a fantasia que musicaliza todos os ritmos e crenças no mesmo lugar. É tanta alegria que irradia e faz a gente dançar. São quatro dias e noites de frevo que ajuda a gente aguentar. Olinda faz minha alma vibrar. É tempo de sentir a folia que sacode tudo por dentro, mas a vida é para quem sabe esperar. Passatempo que ao lembrar é sorriso no rosto e brilho no olhar
O falsos deuses já vilipendiaram nossa forma, não é como se fosse novidade!
Os programas que assistimos não são os nossos, as ideologias que exclamamos vem de outro lugar, até as discussões que temos são estrangeiras, uma região sem vida, sem glória, sem boa história e de presente devastado...onde estão os nossos heróis?
Boa dúzia deles permanecem acorrentados em alegorias de carnaval, cravados em lantejoulas e escorados em cordas e paus, que duram tanto quanto cera esquecida no sol, assim somos nós brasileiros, um monumento rachado, esculpido por outros e quebrados pelo tempo!
Samba-enredo com escolas
na avenida, desfilando.
Gafieira, vou sambando
ao som do mestre Cartola.
Com cavaco ou viola,
componho samba-canção,
ou de Ary, exaltação.
De breque, partido-alto,
no morro ou no asfalto,
canto samba com emoção.
"Me dê mais"
Eu já vi luas mais bonitas em dias mais normais
Amores mais infames em dias racionais
Vazios enormes em dias de festival
Prostitutas mais baratas no carnaval
Você sabe qual é a próxima rima
Renovação
A Páscoa é um tempo de renovação,
Mas que renovação é essa afinal?
Se a vida é só sofrimento e aflição,
E a morte é inevitável e fatal?
Entre a luta do bem contra o mal,
Não há esperança de paz e união,
A vida é um eterno carnaval,
Onde impera a dor e a desilusão.
Mas eu não me curvo ao desespero,
Nem desisto da luta interior,
Acredito que há um caminho certo,
Através da nossa evolução,
Podemos alcançar a nossa redenção,
E transformar a nossa vida em luz e amor