Face
Ao meu amigo Baiano
"Deitado na rede tomando água de coco, sentindo vento no rosto, levantar? Meu Deus! Que desgosto".
Os homens bons, quase sempre
Têm o rosto nas estrelas
E o coração nos canteiros.
Têm fé no nascer dos sóis,
Têm a alegria nos filhos,
E a esperança nos sapatos.
Os homens bons, fatalmente
Amam mais do que deviam.
Têm mulheres complicadas,
Têm amores de mentira.
Mas são, sobretudo, amados
Como artífices da vida.
Os homens bons, certamente
São puros como as manhãs.
São tímidos como as pedras,
São fáceis como as crianças.
São homens, como os antigos
São máquinas, se convém.
Os homens bons, normalmente,
Saem respirando a vida
E chegam cheirando a trabalho.
Os homens bons, geralmente,
São homens de mulher só.
Não que uma só sempre amassem,
Ou que uma só vez casassem,
Mas é que há um porta-retrato
Na mesa de cabeceira
Enfeitada de memória
Em casa de suas vidas
Que lhes servirá de morada
Após do mundo partirem.
Paixão
Um soluço quebrando o pranto que rola pelo rosto, traz consigo a dor de uma saudade indolente. Rasga meu peito, abrem e fecham as correntes que prendem meu coração. Ah, esse amor... essa paixão que alucina, domina, entontece, enlouquece, e quanto mais penso que adormece, mais ela retorna, fortalecida, rodeada por uma chama ardente, incandescente, flamejante. E em meio a madrugada, quando tudo é silêncio, vem você na minha mente para fazer sofrer meu coração. Ah, mas a paixão... apesar de dolorosa essa ferida... não poderia viver sem ela.
DESABAFO
Sentimentos mornos,
alma gelada.
Brisa lavando, no rosto,
o passado quase apagado.
Distâncias internas
sem rumo, sem pernas.
Pele sem perfume,
poros sem arrepios.
Choro sem vela.
Vazio profundo.
De sobra, apenas o olhar
em busca de conexão com o mundo
uma lágrima charmosa
é deleite pro rosto
já o choro desleixado
é exatamente o oposto
nem que tenha o mesmo gosto
ou motivo
Reflexo
Vejo um sujeito que se veste do meu corpo
e ergue as mãos ao rosto
como se eu fosse.
E assim como um verme 'imundo'
que se arrasta nos rincões da imensidão
desse ou de outros mundos, vive a replicar-me.
À frente do espelho, o miserável acena-me
com um pisco nos olhos, provoca-me
revidando o meu descaso frente à tua presença.
Como uma doença incurável, incansável
segue a afrontar-me vida afora
sua impertinência me incomoda.
Mas,por algum motivo,vejo muito dele em mim
e, por isso, já não olho mais no espelho
já não anseio olhar.
Não por medo do reflexo dele, onde me vejo
e sim, por medo da face do sujeito oculto nas sombras
que não vejo refletida quando me tiram o espelho.
fixo os olhos no espelho e o que vejo nele eu não reconheço,
então eu me pergunto... em qual espelho ficou perdida minha face?
o relógio da vida não para e nem atrasa e o meu rosto vai se fantasiando aos poucos
e o que eu vejo no espelho é apenas reflexos de mim
(...) havia
uma máscara
por trás aquele
rosto angelical.
Que tinha medo
de olhar de frente
o amor!
Perdeu todos...
Pois o amor,
não conseguia
enxergar
a sua
verdadeira face!
Depois de um tempo,tentamos lembrar o rosto das pessoas e só vemos a face do seu amor.Se há ódio,tornar-se-á apenas mais ódio.
"Podemos ser mais inteligentes e bons do que Deus ou as palavras de Deus? Bem, vamos tentar: vamos trocar o DE A OUTRA FACE QUANDO BATEREM EM UM LADO DE SEU ROSTO... Sim, vamos substituir por: NINGUÉM DEVE BATER NO ROSTO DE NINGUÉM, SOMENTE POR LEGITIMA DEFESA!"
Face interior
Cada pessoa tem um rosto,
Sua intimidade escondida,
Os sonhos mais secretos,
Os anseios ocultos,
Aturdidos pelo momento.
O desconhecido, o medo.
A façanha de cada um,
Os mais remotos sentimentos,
A mais forte angústia,
Revelando a face interior.