Estou Triste

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Eu me dou melhor comigo mesma quando estou infeliz: há um encontro. Quando me sinto feliz, parece-me que sou outra. Embora outra da mesma. Outra estranhamente alegre, esfuziante, levemente infeliz é mais tranquilo. Tenho tanta vontade de ser corriqueira e um pouco vulgar e dizer: a esperança é a última que morre.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Hoje eu estou desolado e não tenho razões para mentir, e vivo da minha desolação o meu processo de continuidade, porque se eu nego o sofrimento que me ataca, ele nunca vira arte dentro de mim.

A triste certeza
De que hoje estou de posse
É que a minha calvície
Nem ao menos é precoce.

Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada.

Clarice Lispector

Nota: Trecho adaptado de entrevista concedida por Clarice Lispector ao repórter Júlio Lerner, na TV Cultura, em 1977.

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Não tenho vergonha de dizer que estou triste,
Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas:
Estou triste por que vocês são burros e feios
E não morrem nunca...

Gosto de fazer as pessoas felizes, mesmo quando eu estou triste.

Eu não sei mais qual é o meu estado emocional, sério. Não sei se estou feliz ou triste. Apenas sinto um vazio dentro de mim.

Eu estou triste de uma tristeza absurda. Muito triste. Quase não dá pra suportar, mas dá.

Estar quieta não significa que estou triste, assim como estar sorrindo não quer dizer que eu esteja feliz. Isso é tudo interpretação sua.

Desânimo

Estou agora triste. Há nesta vida
Páginas torvas que se não apagam,
Nódoas que não se lavam… se esquecê-las
De todo não é dado a quem padece…
Ao menos resta ao sonhador consolo
No imaginar dos sonhos de mancebo!

Oh! voltai uma vez! eu sofro tanto!
Meus sonhos, consolai-me! distraí-me!
Anjos das ilusões, as asas brancas
As névoas puras, que outro sol matiza.
Abri ante meus olhos que abraseiam
E lágrimas não tem que a dor do peito
Transbordem um momento…

E tu, imagem,
Ilusão de mulher, querido sonho,
Na hora derradeira, vem sentar-te,
Pensativa e saudosa no meu leito!
O que sofres? que dor desconhecida
Inunda de palor teu rosto virgem?
Por que tu’alma dobra taciturna,
Como um lírio a um bafo d’infortúnio?
Por que tão melancólica suspiras?

Ilusão, ideal, a ti meus sonhos,
Como os cantos a Deus se erguem gemendo!
Por ti meu pobre coração palpita…
Eu sofro tanto! meus exaustos dias
Não sei por que logo ao nascer manchou-os
De negra profecia um Deus irado.
Outros meu fado invejam… Que loucura!
Que valem as ridículas vaidades
De uma vida opulenta, os falsos mimos
De gente que não ama? Até o gênio
Que Deus lançou-me à doentia fronte,
Qual semente perdida num rochedo,
Tudo isso que vale, se padeço!

Nessas horas talvez em mim não pensas:
Pousas sombria a desmaiada face
Na doce mão e pendes-te sonhando
No teu mundo ideal de fantasia…
Se meu orgulho, que fraqueia agora,
Pudesse crer que ao pobre desditoso
Sagravas uma idéia, uma saudade…
Eu seria um instante venturoso!

Mas não… ali no baile fascinante,
Na alegria brutal da noite ardente,
No sorriso ebrioso e tresloucado
Daqueles homens que, pra rir um pouco,
Encobrem sob a máscara o semblante,
Tu não pensas em mim. Na tua idéia
Se minha imagem retratou-se um dia
Foi como a estrela peregrina e pálida
Sobre a face de um lago…

Álvares de Azevedo
Lira dos Vinte Anos

Eu tenho a verdadeira sensação de mim mesmo apenas quando eu estou insuportavelmente infeliz.

Hoje estou eu

Hoje estou eu, aqui, tão infeliz. Saudade já transformada em vazio, tristeza já transformada em rotina, perguntas sem respostas. Hoje estou eu, inconformada, frustrada, perdida. Lágrimas que não descem mais, dias que são sempre iguais, noites longas e vazias. Hoje estou eu pensando, não progredindo. Levando, existindo. Empurrando. Hoje estou eu querendo fugir, querendo sentir, intensa. Hoje estou eu como areia de uma praia deserta, como o vento do mar imenso. Hoje estou eu sofrendo.

Sei que supostamente estou sozinha agora
Sei que eu deveria estar infeliz
Sem alguém
Mas eu não sou alguém?

A vida é boa. Não estou infeliz. Estou bem satisfeito em seguir minha vida acreditando em nada. Sem medo de que possa haver algo mais por aí.

Às vezes passamos por momentos difíceis, sem alegrias, sem sorrisos, tudo fica preto e branco, e parece que nunca vai passar. Esses momentos são inevitáveis em uma vida de uma pessoa que queira viver. Sinto dores tão fortes que só eu e Deus sabemos… Quero somente sumir pra algum lugar e encontrar uma solução, uma razão pra existir... Sumir pra onde? Se por onde eu for carregarei meus lamentáveis problemas. Sabe, tudo na vida é tão difícil, as pessoas são tão falsas e a alegria quase não vem me visitar. Se eu pudesse, com um simples estalar de dedos, mudar um pouco de vida, eu sei que seria melhor… sentir a graça e a leveza de realmente viver... Quão triste é o meu estado de espírito. Queria possuir tantas coisas e fazer o que gosto, mas isso é impossível, pelo menos por agora. Vai que um dia a felicidade torna a bater à minha porta e trazer meus belos sorrisos, sorrisos verdadeiros, de alegria mesmo. Espero que, quando ela chegar, ela fique pra sempre e que não se canse da minha velha companhia, prevalecendo todos os sentimentos belos e lindos que existiam em mim. E fica o convite, vem de volta, alegria, eu quero você aqui comigo. Vem?

(Marcas de uma dor)

Há um sentimento que nos mata aos poucos;
Nos afastando de pessoas
que nos ama e que amamos
também.
É quase que impossível
esconder quando chega.
A felicidade,muitas vezes,nos
fazem chorar de alegria, mas
ela,contudo,não apaga a marca de um rosto triste e
infeliz.
A tristeza é triste para quem sente;ela,
durante anos e anos
sempre se mantem
indo e vindo
Assim como dezembro
e janeiro, nos fazendo
chorar em um quarto
transparente.
Sem vida.
Sem lembranças... :'(

Acabou... mas não estou triste, estou feliz, pois aconteceu e tenho esperança de um recomeço.

Não tô bem, mas também não tô mal. Tô feliz. Eu acho. Mas infeliz não estou, certeza.

Eu não preciso chorar para mostrar que estou triste. Nem gritar para dizer que sinto dor. Muito menos sorrir para Deus e o mundo para provar que sou feliz. Não preciso aparentar para ser, demonstrar para estar. Meu mundo acontece aqui dentro. E ele não é menor ou maior que o seu: é simplesmente o meu. Ele é meu com todas as letras, ele é meu em cada palavra, com todos os silêncios, com todos os incêndios. Eu ouvi meu choro, eu escutei meu grito, eu senti minha dor e eu gargalhei em paz sem precisar invadir o seu mundo com coisas tão minhas, com coisas tão lindas, com coisas tão findas que se repetem infinitamente: aqui dentro.

Noite de um inverno

De repente, sinto que estou triste.
Triste pelo que sou,
Triste por tudo que não fui.
Mas, não me aborrece
Essa tristeza ,que vem
E que flui através
Do cinza-azulado da fumaça
Do cigarro, projetada no teto
Mal pintado de meu quarto.
O silêncio amigo que habita
Meu apartamento
Divide comigo o frio da noite,
Que também se vai.
Penso em voltar, penso em partir,
Em estar contigo,
Em dividir essa tristeza
A dois…
Que grita dentro de mim,
Dentro do quarto quieto,
Frio, de ar viciado
De teto mal pintado.
Vejo as marcas incertas
Do pincel,
Como a arranharem
Também dentro de mim
A saudade do que era
E a ansiedade do que será.
Fecho os olhos,
Molhados
E penso num poema que faria,
Se meus olhos molhados
Não estivessem cansados,
Fechados,
Tentando esquecer
Essa tristeza….