Esquecidos
Esquecidos nas metrópoles...
Ao acordar pela manhã sentiu algo diferente, os raios de sol invadiam o quarto que lhe parecia o mesmo, a cama não lhe era estranha, bastava um leve mexer para se ouvir o ranger conhecido das molas do colchão, continuava só, como já há muito tempo, desde quando, não se lembra bem, ainda jovem, perdera quem amava para uma doença agressiva e intratável.
Ela havia sido a única pessoa que amara de verdade, sua amiga, companheira, confidente, se conheciam intimamente, detalhe por detalhe, todos os medos, os defeitos, as dores do corpo, da mente e do espírito.
As virtudes diferiam um pouco, ela sorria mais, delicadamente vaidosa destinava bom tempo no cuidar dos longos cabelos que chamavam a atenção naquela face quase juvenil.
Ele, totalmente descuidado, cabelos e barba por fazer, achava perder tempo nesses cuidados, só os fazendo vez ou outra para lhe agradar.
Ah, como gostavam de relembrar como se encontraram.
Havia sido num retiro, desses onde muitos vão à busca de silêncio e paz quase que sempre para acalmar algumas das muitas inquietações que lhes incomodavam e, o mais incrível, ambos, de forma tão semelhante, não deveriam estar ali, fora uma decisão de última hora, deixando amigos que partiriam para mais uma festa qualquer.
Diversão igual àquela já não lhes chamava a atenção, até iam, mais para satisfazerem aos outros do que a si mesmos, mas, daquela vez, algo maior os fez mudar de ideia, uma certa intuição, como se fosse uma clamor.
Ao saírem daquele lugar de calma e tranquilidade nunca mais se separaram, continuaram trabalhando, mantendo os laços familiares, frequentavam um lar de velhinhos sem ninguém e um orfanato repleto de crianças de várias idades.
Tinham a vida social que aquele lugarejo permitia, deixaram a vida seguir seu curso, não fizeram planos, só a promessa de que viveriam um para o outro, e assim foi até quando aquele mal interrompeu suas jornadas de felicidade plena.
Porque então acordara e se sentia deslocado nessa manhã e que razões o fizeram percorrer mais uma vez esse percurso que em sua lembrança estava cristalizada?
Algo diferente ocorria, as mãos que trouxera ao rosto eram sensíveis, pele fina e com feridas, as unhas compridas, tentou levantar-se rapidamente, dores sentia pelo corpo que não lhe obedecia.
Erguendo-se com dificuldades sentou-se e, defronte a um pequeno espelho na parede, com atenção nunca tida, olhou e percebeu um rosto com os sulcos próprios de uma idade avançada, por instantes, confuso, se perguntava,
Quem era aquele refletido no espelho, alguém tão diferente e estranho, com poucos cabelos e olhar distante?
Com mais atenção percebera não estar sozinho como imaginava, parecia um grande salão, levantou-se vagarosamente e, andando não mais que dois passos, esbarrou numa cama com alguém encolhido, desviando-se, com mais um passo outra cama e outra pessoa, este sentado à cama, com o rosto do espelho se parecia e, com mais atenção, ainda sem entender direito, viu outras camas mais, chegando mais próximo de alguém com fala inaudível e o braço estendido lhe apontava uma jarra de água.
Perguntava-se, como chegara ali e quanto tempo poderia ter se passado?
Preso à memória de um tempo tão feliz, apenas envelhecera, e como os que ali estavam apenas haviam sido esquecidos.
Em memória aos que viveram num "depósito de velhos" escondido no centro de São José dos Campos, metrópole do Vale Paraíba Paulista, com 600 mil habitantes.
Uma reflexão para um país onde os que envelhecem aos milhões estão perdidos e sem memória.
Dei uma passadinha pelos 'achados e perdidos' e fui encontrando: olhares esquecidos, sorrisos perdidos e abraços que não foram oferecidos. Muitas oportunidades perdidas ocupavam prateleiras. Na gaveta tinha alguns sonhos não realizados. Em cima de escrivaninha havia um projeto empoeirado. No canto, em meio a folhas em branco amassadas, havia muitas palavras que não foram ditas. Parei, observei e fui catando tudo que me pertencia. Tem coisas que faz bem ter de volta, nem que esteja fora de moda.
Perdidos...
Perdido eu
Pedida você
Dois perdidos
Perdidos e esquecidos
Seguindo nossas vidas... perdidos
Quando achávamos que o amor em nos
Estava desaparecido...
Eis que surge um cupido pervertido
Fecha nossos corações
Hoje somos dois perdidos...
Perdidos...perdidos de amor
Eu sei que não nos perdemos
Porém,
Estou buscando reencontrar todos os detalhes
Esquecidos, adormecidos cá dentro.
Ainda espero...
Sentir aquela antiga intensidade ao te ver
Quando o amor não me cabia nos olhos
E de mansinho se acomodava no fundo da alma.
Cada dia é uma batalha a ser vencida, nessa grande guerra da vida, onde os fracos são esquecidos pelos mais fortes, e os fortes destruídos pela sua própria menesquência.
Um dia todos nós morreremos e seremos esquecidos, a menos que você faça algo que será lembrado por várias gerações.
Más a pergunta é: Até onde você estaria disposto a chegar para ser lembrado?
Os erros que cometemos nao podem ser apagados.
Mas podem ser amenizados com palavras.
E esquecidos somente com atitudes!
Somente através de atos é que podemos ter certeza de que algo mudou!
Vejo o horizonte e a brisa a me chamar para lembrar os momentos que não se devem ser esquecidos, porém compreensão é o que falta na vida;
Colher o que plantei sem ser escravo da vaidade para ser digno de um amor que não quer dizer adeus sem se perder atrás das linhas inimigas;
As privações fecham o lado torto da vida fazendo com que nossos caminhos se afastem para fortalecerem a saudade;
Que esses nossos dias nunca sejam esquecidos, sobretudo se virar passado; Pois eles serão o concreto do alicerce daquilo que será construído.
Os nossos desejos não podem ser colocados de lado. Quanto mais esquecidos, mais fácil de não realizá-los e assim, maior a frustração com a vida, porque a concretização de nossos sonhos devem primeiro partir de dentro de nós
Os imortais jamais serão esquecidos...serão sempre lembrados pelas gerações futuras, através de suas boas obras e ações em benefício da humanaidade.