Escrever
As distâncias são medidas pela distância entre um coração e outro; é ele quem determina o longe e o perto.
Eu sinto a tua falta, mesmo quando digo que não, quando finjo que não, fugindo do assunto, enquanto escrevo... já to sentindo de novo.
Não quero ser como uma borracha e tentar apagar todos os dias tristes e suas feridas nessa vida, mas quero ser o lápis que te ajudará a reescrever todos os seus dias felizes de hoje em diante...
Maré de sorte
Se contigo eu tanto argumento,
É porque o mesmo tanto me atormenta.
Este tanto também é sentimento,
De uma pessoa que te contempla.
Se às vezes contigo lido mal,
É porque a mim não me sei lidar.
Coisas ditas são inválidas,
Porque no BEM nunca as iria expressar.
Se no bem e no mal tudo isto sempre existe,
E se o destino persiste.
Só nos resta uma opção:
Que tal aceitarmos sempre isto?
Por mim eu aceito!
É um "aceito" indeterminado.
Sei que ninguém é perfeito,
Mas estou perfeitamente apaixonado.
Perfeitamente eu explico,
Que és quantidade de qualidade.
É por isto que eu fico,
Mas que fique uma eternidade.
Os meus olhos são a foz
Minha face seus afluentes.
Se pudesse gritar o meu sentimento,
Com tanta intensidade ficaria sem voz.
O coração é a nascente do rio
Que agora se encontra vazio.
Suas margens transbordam de água...
Esta água é mágoa.
Jorrava ao papel
Abundantes palavras
Por vezes falhava
Teimando a caneta
Enlouquece o autor
Longe da mesa
No meio da mata
Sacode e assopra
Olha ao redor
Já impaciente
Lembra do lápis
Perdido no bolso
Um toco de nada
Salva o texto
Alegra e agrada
Feliz satisfeito
Retorna da caça
No caderninho amassado
Mais um poema está feito
Venha com as flores que vier...
Com as cores que tiver
Trabalhadas em detalhes
Consumados
Quero ser flor...
Ou serei fruto?
Sou amor quando é preciso
Sou queixume;
Sou ciúme...
Sou perfume,
em estado bruto
Sou cantiga...
Sou espiga ao nascer
No milharal,
Com cabelos coloridos
Vermelhos; roxos; lilases...
De cores tantas,
e lindas!
Que trazes,
porque enfim,
é primavera!
És bem-vinda!
PRESENTE ESPERANÇA
Então vamos exercer
a nossa Democracia !
Nas areias do poder
nossa sorte escrever
De novo pagar pra ver...
Mostrarão sua presença
o sabido e o simplório
o feliz e o merencório
Independente da crença
vez que o voto é obrigatório
Então vamos dar demão
à nossa Cidadania !
Por direito e imposição
chancelar com precisão
esperança e comunhão
Firmarei pela vitória
antes das cinco da tarte
resoluto e sem alarde
minha parte nessa história
tão carente de verdade
Um bom texto não é para ser especulado. O que faz um texto se diferenciar de bom ou ruim são as emoções que ele desperta. Escritores e pseudo escritores que escrevem por paixão são sempre postos contra a parede pelo que escrevem. Embora a leitura hoje em dia, seja bastante democrática alguns leitores deveriam ser “privados” de algumas palavras simplesmente por não terem maturidade suficiente para digeri-las. Antoine de Saint Exupéry em seu livro: O pequeno príncipe, já falava a respeito dessa falta de maturidade intelectual que alguns adultos costumam ter para as artes. Ele sabiamente começa seu livro relatando a história de um aviador que quando criança sonhava em seguir carreira como desenhista ou pintor, mas, fora desencorajado por comentários mesquinhos de pessoas grandes que ao invés de incentiva-lo, diziam que seu dom não seria bom o suficiente para ser mostrado. Não entendiam seus desenhos e por isso se sentiam aptos a julga-lo como alguém sem talento para as artes. O que as pessoas por vezes não entendem é que a pequenez não está nos outros, mas, nelas mesmas. Um quadro de Picasso não é simplesmente um monte de figuras geométricas como alguns dizem por aí. Assim como, Romeu e Julieta não eram apenas um casal apaixonado que teve seu amor interrompido precocemente. E a cada traço na pintura, em cada combinação de cor, em cada elemento colocado e até mesmo na falta deles existe algo a ser comunicado. Na literatura por sua vez é do mesmo jeito. Se quisessem ser objetivos os autores usariam a linguagem presente nas bulas de remédios e por certo o mundo seria muito mais chato. Cada palavra usada ou omitida, a construção de cada frase e principalmente cada personagem não são meros frutos do acaso e existem por algum motivo sejam eles quais forem. Na literatura assim como nas artes visuais o abstrativismo se faz presente e demanda muitas vezes uma sutileza para a interpretação dos textos propostos. A variedade de assuntos que podem ser abordados em um texto é infinito uma vez que se compreende a mesma extensão que apresenta a mente humana. Autores tem assim a liberdade de criação para dissertarem a respeito do que quiserem e da forma que lhes convierem.
Nós nos vemos através do outro. Os pormenores aos quais nele não apreciamos, pior se nos apresentam. É como o efeito dolorido de uma bofetada, que vem nos acordar para o uso da razão.