Costura
Certas feridas que eu possuía não fechavam. Então, aprendi a costura-las, sem anestesia, com a hemorragia sentimental da minha prosa e poesia.
Marcelo Lima
Nossa existência é uma complexa máquina de costura, habilmente tecendo o tecido de nossas experiências e emoções. Assim como um talentoso alfaiate que faz ajustes precisos nas costuras de um traje, a vida tece e entrelaça vidas, conectando pessoas de formas imprevisíveis.
A máquina da vida nos envolve em seus pontos, criando um rico padrão de encontros e desafios. Ao longo do caminho, somos adornados com sorrisos, gentis lembranças bordadas que nos envolvem com alegria e esperança.
A vida também funciona como uma costureira dedicada, capaz de reformar histórias antigas e desatualizadas. À medida que os anos passam, somos convidados a examinar as antigas páginas de nossas vidas e fazer ajustes necessários. A máquina da vida é habilidosa nesses ajustes, costurando novas perspectivas e ressignificando nossas narrativas.
Mas talvez o papel mais bonito que a vida desempenhe seja o de costureira de amores. Ela nos proporciona encontros inesperados, nos aproximando de pessoas que se tornam fundamentais em nossas histórias. Cada momento compartilhado é um fio de ouro que se entrelaça entre duas almas apaixonadas. A máquina de costura da vida customiza esse amor, criando um vínculo único e especial entre duas pessoas, um sentimento que transcende o tempo.
E, como um vestido perfeitamente ajustado, a vida nos veste em sonhos. Ela nos presenteia com vislumbres do que poderia ser, nos permitindo tecer nossa própria versão do futuro. Os fios de nossas ambições são habilmente entrelaçados pela máquina da vida, criando uma tapeçaria de possibilidades e oportunidades.
Nossas vidas são entrelaçadas com outros seres humanos, e juntos podemos criar obras de arte únicas e impressionantes. A vida é uma dança intricada de agulhas e fios, onde cada indivíduo tem um papel fundamental na criação do todo.
Então, vamos ser gratos pela máquina de costura que é a vida. Vamos abraçar seu fluxo constante de eventos e momentos, sabendo que ela está sempre trabalhando em nossa favor, bordando a beleza em cada esquina. Vamos deixar que ela nos vista em sonhos, sabendo que é nas entrelinhas de nossas histórias que encontramos a verdadeira essência da vida.
- Edna Andrade
Máquinas de costura, para mim, são objetos mágicos.
Elas não só costuram ou bordam... Elas transformam.
No começo são apenas linhas e tecidos, mas em um piscar de olhos, pode-se ver um carinho em forma de vestido, um cuidado no formato de uma almofada ou o sustento na feira dos artesãos...
Mais de um milhão de possibilidades prontinhas para alinhavar.
Tudo: o que está além do sensível e imaginável, a vastidão que costura a complexidade de cada elemento divisível.
a arte me rasga
e me costura
então, apresenta a cura
para além da casca
amargura
vivente dentro de mim
a arte me goza
e me expele
então, sustenta a pele
para além da coça
repele
a queda sem nunca ter fim.
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noi soul
Pulsão Poética
"Às vezes, a vida desmancha os planos e refaz tudo com uma nova costura, alinhando sonhos e caminhos de formas que ainda não compreendemos.
É nesses momentos que a resiliência se torna indispensável:
a força de aceitar as mudanças e confiar que cada ponto alinhavado tem um propósito maior.
Os tempos difíceis são como uma agulha que parece nos ferir, mas está, na verdade, unindo as partes para criar algo mais forte e bonito.
Confie na costura de Deus.
Ele está alinhando cada detalhe da sua história com cuidado, amor e sabedoria.
Não desista, pois o resultado será único e valioso.
O Não Fazer Abstrato
Além de cada coisa
É coisando
Que
Se costura a vida
Tem dia
De cozer da vida
Em dia
De coser retalho
Onde não queres
Nada
Nada falta
Tecendo os sonhos
Mais humanos
Capaz de todos os enganos
Que é
Coisa
Do sertão
De veredas
Mais
Que serra
Cordilheira
Travessia
Com
Trenheira
Lá
Bem onde
Tudo fica
Bem alí
Região
Terra
De
Curraleiro
Sempre-viva
Tirijum
Tem
De tudo
Quanto há
Sobe serra
Desce serra
Mora aqui
Mora acolá
Paredão
Grotão
Mora onde
Que Deus
Deu
Mora onde
Que Deus
Dá
De
Gaitada
Espontânea
Molho
Do que
Juntá
É trem
Danado
De bão
E deixa
A vida
Levá
Da costura que ergue
esta poesia Montanka
sou o fio da consciência
que dialoga com paciência
com os seis continentes,
e por rebeldia virou poema.
Em plena Era narcísica
onde se maquia a índole
maligna com falsas
notícias para glamourizar
causas devastadoras,
e naufragar em falsas
promessas e incertezas.
Do tecido e de outros fios,
eis-me o bastidor
e chamamento em nome
do que deve ser dito:
(Imperialismo não se
combate com Imperialismo).
Imperialismo só se combate
com a base do povo unido,
e não existe aplauso duradouro
que ampare pela eternidade
com a fortaleza da tranquilidade
de uma cabeça que busca
a senda do que traz tranquilidade.
Você que se comporta
como fizesse parte
de qualquer decisão
obstruindo a real informação,
Saiba que você nunca obterá
a desejável ascensão:
(Por migalhas e aplausos
você está se esquecendo
que neste tabuleiro qualquer
um sempre será um simples peão).
Olhar para o passado
e repetir o velho hábito
contra quem nunca foi
ofensivo te coloca
apenas como mais um
covarde neste mundo
que cada um deveria
perceber a sua própria
responsabilidade para que
guerras nunca mais se repitam.
É com a linha da fé que eu costuro os rasgos do tempo. Com a linha da gratidão, eu enfeito os seus remendos e com a linha da esperança vou costurando sorrisos novos sobre o traçado do destino.
O dia é feito com pequenos retalhos das horas, delicadamente costurados com a linha do recomeço sobre o tecido delicado do tempo.
(manto)
costuro na tecitura das linhas
palavras que fazem sentido
para quem as escreveu
para quem as leu
faz-se abrigo...
Um dos maiores desafios ao remendar os rasgos da vida é manusear a linha de forma que não se transforme em nós.
E era também por estar preocupado com o que os outros iam dizer que não queria que sua mulher costurasse para fora. Iam achar que ele era homem de menos porque a mulher trabalhava demais.
PEDAÇOS DAS COISAS
Nada do que se tem, sempre se teve.
nada do que existe, se fez...
E nada do que se quer se faz de uma só vez;
Pois, todas as coisas são criadas de pequenas partes.
Umas coisas têm seus traços
e outras seus recortes;
Mas tudo tem seus talhos e cortes.
Em pequenas partes, partes por partes,
nos traços, nos cortes e nos talhos,
vamos deixando recortes,
metendo os narizes,
as nossas marcas e as cicatrizes.
É assim a história da nossa vida:
Ela é escrita em pedaços;
Se costura no dia a dia em nacos,
como colchas de retalhos.
ENCANTADO ASSUSTADO
As pessoas me encantam..
Tanto quanto me espanta.
Atino: São seres humanos!
Surpreendentes, instáveis...
Não se pode contar nos contos.
Como as crianças me assustam;
Encantam-me enquanto crescem.
Crescem do dia para a noite...
Crescem na cabeça, na mente,
Crescem no corpo, físico.
E observam tudo e mexem...
O ser humano encanta...
Assusta a gente, que é gente
Ontem, hoje e sempre.
Eu me inspiro no grande poeta e músico, AA, para escrever os meus atuais versos. Este é um momento transitório. É preciso um estado de êxtase para escrever. Não sei praticar meditação mas para escrever esvazio a mente. Palavras caem como folhas secas em dias de inverno. É semelhante ao médium que psicografa. A diferença é que as palavras surgem do meu próprio espírito e eu vou. É descer degraus desenhados por essas palavras simples que muito conheço mas não conhecia em conjunto. Hoje, eu escrevo versos como quem borda cada ponto ou costura cada retalho. Eu descarrego sentimentos vivos de uma vida triste que traz dor. E dor não me serve pra mais nada.