Cordel
O CORDEL ESTÁ DE LUTO
Nos versos bem traçados
Em pedaços de papel
O poeta rabiscava
A beleza do cordel
Hoje fez grande viagem
Mudou-se para o céu.
Com seu jeito amigo
Assim será lembrado
Elton Magalhães
Um poeta renomado
Baiano de Castro Alves
Escreveu o seu passado.
Triste poder falar
É um grande sentimento
Deus está à sua espera
Chegou o seu momento
O cordel está de luto
Tudo na vida tem seu tempo.
Irá Rodrigues.
UM CORDEL PARA MEU AVÔ
Eu sou bem falante
Vovô é mais sério
Mas também é brincalhão
Quando pega pra contar histórias
Não tem lugar pra sermão
Ele ensina que nem sabe
Fico atenta, prestando atenção.
Gosto das histórias de família
E não é nenhuma obrigação
Contou sobre quando era menino
Eu senti que ele abriu o coração
Vi meu avô tão feliz!
Pensei: vou fazer virar uma tradição
Vou contar pra todo mundo
Que meu avô me ensinou:
"É feliz quem não esquece:
A vida é uma trajetória
E bom é ter gratidão."
CORDEL DOS NAMORADOS
Deixo fora os problemas
Melhor falar de namorado
Daquele belo sentimento
Que deixa todo apaixonado
Quem não sabe o que amar
O coração vive amargurado.
E aquele beijo roubado
Desejo de quem ama
Tem gente que não sabe
E da vida só reclama
Experimente beijar na chuva
Em qualquer lugar ou na cama.
E nem diga que isso passou
Namorar e beijar não tem idade
Quanto mais velho melhor
É um beijo sem maldade
E aquele arrepio gostoso
Que se chama cumplicidade.
Autoria-Irá Rodrigues
Num canto de cordel eu vou cantar,
De amor, de dor, de querer bem,
"Você é fogo que chama", hei de começar,
"É água da minha sede", ao seu desdém.
É o suspiro que escapa sem avisar,
No vasto mar do amar, ao luar eu sou refém,
Seu nome é doce que não posso parar de chamar,
Com sabor de dendê, amor que a vida contém.
Eu sou a luz a guiar por onde tu vais,
Mas sua sombra me cobre, escura e furtiva,
Na senda do amor, sempre dou mais,
Na espera de um carinho, minha alma cativa.
Abraço o vazio, esperando um sinal,
Ligo e recaio no silêncio de tua ausência,
Mensagens flutuam em um espaço virtual,
Sem retorno, sem eco, só a minha insistência.
Amo sem garantias, coração na mão,
Será que aceitas este amor, ou é em vão?
Foi sorte ou esperança, essa minha condição,
De te ter na minha vida, ou apenas ilusão?
Devo eu persistir, ou abrir meu coração,
Para um novo amor, outra direção?
A sinceridade, dizem, é a chave da libertação,
Ser só, mas ser inteiro, sem viver de expectação.
Em versos de cordel eu ponho meu sentir,
Entre linhas de esperança e de desistir,
Amor que seja livre, pronto a partir,
Que a vida é pra frente, é preciso decidir.
O cordel para mim é a poesia
que retrata a nossa realidade.
Fala do silêncio do meu sertão,
fala também no agito da cidade.
Com a cultura o cordel segue vivo.
E se não for bem direto é inclusivo,
perde parte da sensibilidade...
Cordel
Com a xilogravura
das experiências
fiz do meu coração
o livreto de Cordel,
preso e pendurado
no varal do Universo
só para mostrar
que amar é o único
destino inequívoco.
A minha inspiração feita
de apego a terra,
com as cores dos ipês
pendurou no Cordel
do Universo os meus
Versos Intimistas
para que derretam
de amor o seu coração
mais de uma vez,
porque meus olham
percebem toda
a provocação que você fez
e não canso de desejar a tua tez.
Me chamaram pra eu ir declamar
Fui ao palco sem demora declamei
Fui falar do Cordel que é cultura
E no mundo da Poesia viajei
Alguém disse que eu sabia de tudo
Eu confesso num momento eu fiquei mudo
Mas eu disse que de tudo eu não sei.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
11 Janeiro 2025
Nossa Casa do Cordel
Da Cultura ela faz parte
E em todo o Brasil
Ela é um Baluarte
Uma Casa que tem planos
Com os seus dezoito anos
De muita Poesia & Arte.
Santo Antônio do Salto da Onça RN Terra dos Cordelistas
19 Janeiro 2025
*Enigmas de Lucius:*
Ela, cordel amarelo na capoeira. Usava óculos de grau e parecia estar numa capa de revista, um pouco imponente, esbelta e cheia de pose.
Suas sombrancelhas *aparadas* por um ou uma profissional , adornavam ainda mais, seu rostinho, belo, carinhoso e estudantil.
Esse é o *ENIGMA*
👸
Para me dois exemplo edificam o meu ego, escrever textos poemas musicas cordel, é viver o bom da viva vivida todos os meus dias.
O teu amor não está escrito em cordel, repentes, livros, poemas nem em histórias. Está tatuado, gravado em minha vida vivida.
Nessa tênue linha que separa teus olhos da minha boca, estão escritos em cordel os mais belos poemas de amor.
Sobre nós, os cristãos, repousa o cordel do Senhor que, por empenho espiritual da nossa casa, zelam por nossas vidas.
CHEGA LOGO SÃO JOÃO!
Ta chegando a melhor época
Chega acelera meu coração
O Nordeste fica em festa
Quando começa o São João
Tem forró, tem pé de serra
Xaxado, xote e baião.
A concertina arrebenta
Nós arrasta o pé no chão
Faz levantar a poeira
Até cobrir todo o salão
É farra, festa e folia
Clamo com toda alegria
CHEGA LOGO SÃO JOÃO!
Vamos acender fogueira
Comer milho assado na brasa
Pamonha, abóbora, macaxeira
Com uma boa cachaça
Depois dançar com a quadrilha
Fazer festa todo dia
Embelezando a Praça.
Nesses dias de São João
São Pedro e Santo Antônio
Quem não marcou matrimônio
Ainda tá bem arranjado
Pode ir pra festa solteiro
Ou cuidar nos presenteiro
De dia dos namorados.
O São João da Paraíba
É o melhor do Brasil
Mas me causa um arrepio
O São João de Alagoas
O da terra das canoas
E também o do Ceará
Do RN potiguar
Do Pernambuco e Bahia
No Piaui tem alegria
Então vamos forrozar.
Chega logo meu São João
Te espero desde a virada
A turma ta toda animada
Te aguardando com alegria
Chega logo mês da folia
Pra acalmar meu coração
Pra nós pular na fogueira
Atirar faca no tronco da bananeira
E VIVA MEU SÃO JOÃO.
MEU INTERIOR
Eu banhava de cuia
E sabão d`cuada
O barro do riacho
Encardido ficava
Desnuda na praia
Só passava a boiada
Eu tibungava nos açudes
Saia da água renovada
Chovia em mim chuva de versos
Minha alma saia lavada
Nas ribanceiras caçava ingá
Manducava todo o jatobá
Depois eu pegava caminho
No atalho do carreirinho
Apreciava o casulo
E o ninho do passarinho
Atravessava a cerca de arame farpado
Pra catar canapum do mato
Quando eu chegava à casa de vó
Era hora do arroz pinicado
Parecia infindo o caminho do riacho
Era hora de acender as candeias.
Como eu vivia um lado avesso
Tudo em mim já estava aceso!
Nó de Forró
Sou de Caruaru
mas não sei dançar forró
sei que é dois pra la dois pra ca
mas se eu faço isso as perna da nó
e ainda dou uns písão no pé
que é pra coisa ficar pior
mesmo sem saber dançar
eu ainda me atrevo
me agarro com uma nega xerosa
no seu gangote logo me perco
se num for xerosa eu tambem danço
que é pra depois eu num sair com nome feio
Ja tentaram me ensinar a dançar
mesmo assim não aprendi
ja vi aula até no youtube
mesmo assim num consegui
como é que pode eu não dançar o forró
se na terra dele eu nasci ?
O crítico critica, o policial protege, o professor ensina e o médico salva, mas o fofoqueiro está à espreita para falar mal dos quatro.
O Grito de Piripá
Quero aqui em alguns versos
Fazer também meu protesto
De uma causa
Que precisa de amplidão
Não preciso subir em palanque
Nem fazer xingamento
Só vou trocar algumas rimas
Sem nenhuma enrolação
Já faz algum tempo
Que o meu povo padece
Com sede carece
De justiça e sofreguidão
As promessas são feitas
Por políticos indigestos
Que não conhecem, nem vivem
A realidade da minha região
Entra ano e sai ano
Sempre a mesma ladainha
A gente não aguenta mais
Até parece picuinha...
A seca virou indústria
Onde muita gente enriqueceu
Principalmente os defensores
Que a gente mesmo elegeu...
Só quem vive aqui
Conhece o meu dilema
Prometi não estender muito
O assunto desse poema
Então vamos direto ao ponto
Para o senhor compreender
Precisamos de sua ajuda
Para um assunto enobrecer...
Devido a grande seca
Que nesse ano foi de lascar
A barragem de Canabrava
A fonte que nos sustentava
Infelizmente veio a secar
E a única solução
Foi trazer água de caminhão
De outro município para cá
Veja só o que veio a suceder
Devido ao mal planejamento
De uma empresa mercenária
Que só visa faturamento
A água mal dava pra beber...
E pra piorar a situação
A única que dava era salobra
Com risco de desidratação...
Essa notícia foi muito propagada
Tanto que até na TV saiu
A tal empresa pra não ficar queimada
Olha só o que decidiu:
“Vou fazer uma adutora e trazer
Água do Champrão pra cá”
Como se essa situação
Fosse adiantar...
Mas o povo percebeu
Que não tinha cabimento
Política de meia boca
Só aumenta sofrimento
E o povo de Condeúba
Entrou nessa jogada
Fez até protesto
Pra impedir essa palhaçada...
Mas o nosso caso
Ninguém pensa em resolver
A falta d’água ainda é um problema
Mesmo que se por aqui chover...
Eu grito cada vez mais forte
Precisamos de solução
Piripá ainda tem sede
De água e transformação!
Ao invés de uma adutora
Queremos nossa barragem...
Precisamos de políticas sérias
Não de trairagem...
Não queremos essa adutora
Nem encrenca com vizinhos
Queremos mesmo a prometida
Barragem dos Morrinhos...
Pra que maquiar o Brasil
Só pra inglês ver
Se verdadeiros problemas
Precisam se resolver?
A seca não é uma indústria
A miséria não é um produto
Nós sabemos senhores políticos
Que em galho podre não dá fruto...
Mas nem tudo está perdido
Os tempos estão mudados
Meu povo está mais sabido
Que se cuidem os deputados!
Tem muita gente boa
Procurando solução
Falo de ti, amigo Pena
Um excelente cidadão!
E vou ficando por aqui
Porque já dei o meu recado
Além do mais, prometi
Não alongar o comunicado...
Para quem não me conhece
Eu convido a me visitar
Mesmo com problemas
Tenho coisas boas a ofertar...
Obrigado meu poeta
Pelas rimas que emprestou
Numa oitava de cordel
Para dizer quem eu sou
Se você não adivinhou
Vou aqui me revelar
Brasileiro, sertanejo
Prazer, sou Piripá.