Corda
Mas agora, quando te olho, de soslaio, a corda que amarra minhas mãos desprende-se aos poucos – faz-se corda de banjo, tocando sempre uma música que acalma. E, assim, minhas frases embalam teus gestos, tuas formas, teu beijo. E, assim, toda noite, antes de dirigir-me ao meu leito, olho teu retrato... e custo a acreditar que o que vivo é real. Não fosse sempre tua boca na minha, teus braços envolto ao meu corpo, e teus olhos – tão lindos! – iluminando meu caminho, cogitaria a idéia de estar em um sonho infindo.
A adrenalina de se dirigir em alta velocidade ou pular de um penhasco pendurado por uma corda nos pés não se compara a de se viver ao lado de uma mulher por uma vida inteira.
Ando com o meu balde e a minha corda. O que não me impede e não me envergonha de, às vezes, pedir um copo d’água.
As decisões
Pesam como chumbo
Nas sacolas que amarrei
Com corda firme
Aqui
Em meu pescoço
E os nós de tão cegos
Não podem mais pra nenhum lado olhar
Não enxergam então quais amarras são as frouxa
O equilibrista.
Às vezes, como um equilibrista, tento me manter em pé na corda bamba. Pendendo pro lado da loucura e da sanidade, a cada passo que quase me desequilibro. Até hoje, tenho me saído bem... Em alguns passos quase caio... Mas logo depois, consigo uma posição perfeita em algo tão tênue.
Uma corda arrebenta
No momento que menos se espera,
Todo mundo sabe disso.
Mesmo assim me penduro, confio,
Invento nós de múltiplos caminhos,
Roldanas, parafernálias, parafernálias.
Desejo obsessivo por segurança
Amarra a história da humanidade
Confiar nas cordas?
Ingenuidade de marionete,
Anjo tocador de harpa.
Meus dedos só conhecem farpas, ferrugem,
Não sabem nada
Sobre estes tais instrumentos celestes.
Emparedar a porta é saída simplista
Para impedir entrada de estranhos.
Chave, trinco, cadeado.
Invenções inuteis.
Miragem dos amedrontados.
A vida é frágil, a vida é uma menina de porcelana andando numa corda bamba sobre um precipício - e ela, a vida, está bêbada!
Hoje encontrei meu relógio de bolso, um Tissot de ouro, sorrindo dei-lhe corda e ele começou a funcionar. Retribuindo o meu sorrido, ele sussurrou:
Que tal nós dois no tempo voltar?
Você vai, certamente, remoçar...
A sua alegria a todos vai contagiar...
E eu, ao seu lado, vou novamente a hora marcar...
Não pense muito, pois nós dois só temos a ganhar!
Pedro Marcos
O povo vive num circo aonde se equilibram na corda bamba
para sobreviver. O pobre
faz mágica com o salário
mínimo pra poder pagar
as contas e fazer as
compras do mês. E ainda
são feitos de palhaços
pelos governantes.
Às vezes, precisamos tirar a corda que amarra o barco e singrar, em vez de ficar olhando o mar, a distância e os medos. Há algo novo esperando você do outro lado. Ele te espera do outro lado!
Somos meros equilibristas emotivos, nos aventurando a caminhar sobre a corda bamba do amor sem uma rede de proteção chamada razão.
A QUEDA DO EQUILIBRISTA
Na corda esticada que sustem o equilibrista
é preciso muita perícia e habilidade,
na arte de andar sobre ela, assaz se arrisca
o funâmbulo que aprecia a atividade.
Mas quem se eleva na causa por aventura,
ignora que a desgraça de cair implica
em inépcia de manter o equilíbrio na altura,
e se despencar, na certa se complica.
Na vida isso também faz quem não é artista,
sem avaliar o risco que a arte explica,
alça-se na corda bamba para andar no alto.
Por lhe faltar a experiência em tal conquista,
descamba lá de cima e se estrumbica,
então saberá que só o gato é bom de salto.
Do seu livro: "Sua Majestade, o Circo Lírico" - 2018
Porcaria de Medo que me prende, me amarra sem ao menos haver corda.
Que me domina como se eu fosse um cavalo selvagem.
Droga de força invisível, eu te odeio.
Droga! Mas odeio mais admitir que as vezes te admiro também.
Por sua causa eu deixei de fazer muitas coisas, de falar muitas coisas na hora da emoção e analisando hoje, eu preciso reconhecer, sem sua intervenção, meu mundo estaria de mal a pior. Não sou seu amigo e nem seu admirador mas obrigado.
BALANÇO DE CORDA
Balanço de corda que vivi em uma arvore solitária, que sobrevive de historias dos seus frequentadores, historias de amor e de tristezas.
Relatos são ditos através de seu balançar ao vento, são ditas palavras a chorar, soltando a sua seiva e através do desprender de suas folhas chora com o conto.
Um ponto de encontro entre um casal que falam promessas de amor e carinho, por eternidade ao vento, através do aroma das suas flores festeja a felicidade dos pombinhos.
Através de sol sombra e chuva, apodrece suas fibras que chega a soltar a madeira presa entre duas cordas, os pássaros formam os seus ninhos através da corda do balanço e vidas renasce, e a arvore vivi todas as historias de amor e tristezas... (rsm)01/06/2012.