Contos de Fábulas
►Saudades
Às vezes se torna um conto cômico
Se lembrar de alguém que não irá voltar
Acaba por se transformar em algo momentâneo
Assim como um beijo que jamais voltarei a sentir
Aqueles lábios macios que jamais irei usufruir
Curvas que minhas mãos nunca mais poderão conduzir
Tudo o que resta é um pobre coração infeliz.
E, em demasiada expectativa
O abandono me deixou em profunda agonia
E, talvez sem um bilhete ou recado,
Aquela tristeza que eu julgava ter superado
Hoje está aqui, bem do meu lado
Sussurrando palavras que provocam lágrimas
Lágrimas em depressão, vazias, sem bela emoção
Debulhando-me, recordo outros contos, que pensava serem eternos
Assim como aquela frágil pétala,
Que prometera ficar comigo em inverno, e que se fora bem antes
Agora me vejo em péssimo semblante
Implorando que, em misericórdia, eu tenha mais uma chance
Peço apenas mais uma, desejando ardentemente um único romance.
A caneta começará a se revoltar
Em versos e páginas eu a abuso, sem parar
Sem folga, sem férias, noites a madrugar
Mas, ela sabe que, se eu a soltar
Eu irei me afogar, em mares sem horizonte
Mas deixarei no sótão este ser repugnante.
No início de um conto me sentir, ao cruzar seu olha ao meu num longo suspirar meu coração tremeu. Era ali o início de algo que não existiria.Tão frágil estava ,não menos só continuara !
Distante de ti ficava carente calor do beijo,suave o toque na pele ,sorriso discreto,
o olhar que dilcerava o pensamento, no adeus em silêncio que findava o sentimento enterno que não mais encantara! Triste fim do descaso amor que só existia no coração do autor.
Uma aluna me pediu para escrever um conto de fadas para ela, eu escrevi!
As imaginações de Duda Mary
Ione Morais
Em um reino bem perto, mais precisamente em New Age City, vive uma menina princesa. Neste reino, há muitas princesas belas. Mas essa, especificamente, tem cabelos loiros, olhos verdes, delicadamente carinhosa e cheia de dengos. Seu nome é Duda Mary.
Duda Mary tem, ou melhor tinha um bichinho de estimação imaginário que ela guardava com muito zelo em seu coração. A Síssi, um unicórnio fêmea bem colorido que estampava suas roupas e adereços para cabelos que a avó ajudava a desenhar.
Certo dia, Síssi sumiu e Duda Mary ficou muito triste. Procurou, procurou, e nada do cavalinho colorido de chifre espiral na testa aparecer. Cansada de tanto procurar, a princesinha cantarolava o dia inteiro.
_Faz três noites que não durmo, ô lá, lá.
Pois perdi a minha Síssi, ô lá, lá.
Minha amiguinha ô lá, lá
Eu perdi lá no infinito.
Ela é branca e rosinha, ô lá lá
Tem um chifrinho ô lá, lá
Coloridinho ô lá, lá...
_ Que é isso Duda Mary? Perguntou sua mãe, vendo a tristeza da filha.
_ É a Síssy querida mamãe!
_ Quem é Síssy? Indaga a jovem rainha sem entender.
_ É minha melhor amiga! Diz Duda Mary com olhos marejados de lágrimas.
_ Você nunca tinha me falado dessa amiga, filha! Sua majestade sabe dessa tal amiga? A rainha pergunta ao rei, preocupada.
_ Minha rainha, nossa filha, a princesa, é cheia de imaginações. Não se preocupe, isso passa. Diz o rei virando-se para comer um pedaço de pão com maçã que estava em cima da mesa repleta de quitutes deliciosos.
A rainha, com os cabelos em pé foi perguntar para a rainha -avó.
_ Minha ilustre sogra, a senhora sabe por acaso quem é Síssi, a amiga de Duda Mary?
_ Sei sim. E ela foi embora pra nunca mais voltar. A princesa muito a deixou magoada, porque já não a chamava tanto para brincar.
A princesinha, abriu a boca a chorar. E a rainha pôs se a consolar a filha, mesmo sem saber o que estava acontecendo. A velha rainha, que tinha passado o trono para seu filho, ficou com pena da neta, soprou um pó cheio de magia e as três foram parar na terra dos unicórnios. Um lugar tão brilhante como a luz do sol no inverno.
_ Sissí....Síssi! Gritou Duda Mary ao ver sua amiguinha de tanto tempo, galopando no Vale do Arco Íris.
Síssi também correu para perto da princesa, que fez-lhe um carinho no chifre. As duas se conectavam atráves de telepatia. O unicórnio disse que ela tinha mesmo que partir, pois a princesa estava crescendo e logo, logo deixaria as fantasias de criança de lado.
A rainha-mãe, compreendeu que a rainha-avó era quem contava para a neta lindas histórias de dragões, princesas, reinos paralelos, unicórnios e outros seres alados. Então, muito maravilhada com os belos unicórnios prateados, dourados e brancos como a neve, percebeu que no meio do caminho da vida, é tudo igual, mas no início e no fim de alguns que acreditam, ela pode ser fantasticamente especial.
Duda Mary, mesmo sofrendo por deixar Síssi, aceitou voltar para New Age City, e andou apoquentando a cabeça de sua professora no palácio Grow up Station para contar sua história ao mundo. O que ela fez com todo amor e carinho de mestra.
"Qualquer semelhança com pessoas ou fatos, será mera coincidencia..."
Conto que este conto é um conto, simplesmente...
Ósculos e amplexos,
Marcial
EXISTEM AMORES QUE VENCEM O TEMPO
Marcial Salaverry
Existem amores que são atemporais. São almas que se encontram, e que vivem um amor intenso através das mais variadas épocas, e que tem diversos encontros durante suas passagens pelo mundo.
Em seus encontros, nem sempre vivem amores, por vezes são adversários, podem ser parentes, próximos ou distantes, mas sempre estão se esbarrando. Vivem amores interrompidos, e estarão sempre se buscando para o resgate desse amor. Em alguma passagem vão se encontrar, se identificar e viver o amor.
Giselda conheceu Antenor, e de imediato sentiu uma atração muito forte pelo rapaz. Estava noiva de Gualberto, e eles se amavam e estavam de casamento marcado.
Contudo, a paixão por Antenor falou mais alto, e estava disposta a deixar de seu noivo por causa dele, quase às vésperas do casamento.
Antenor hesitava, pois sentia que isso já havia acontecido antes. Mas como, se haviam se conhecido agora. Em sua dúvida, consultou-se com um amigo, que lhe sugeriu uma regressão, para conhecer seu passado. E ficou sabendo que em outra época houvera sido abandonado por Giselda, e que este encontro seria como que um resgate, pois por causa daquele rompimento ambos sofreram muito, e este encontro seria para viver o amor que deveria ter sido vivido séculos atrás.
Resolveram que apenas iriam viver juntos, pois assim desejavam suas almas, sentindo não haver necessidade de firmar compromisso. Antes, não fora um papel escrito que os mantivera juntos, e o que os manteria agora, seria apenas o amor de suas almas.
Este foi o "compromisso" proposto e mantido por Gilselda:
"Meu amor, para nós dois o não "escrito" passou a ter um valor maior, pois tudo nos é permitido. Acho que é por isso que não precisaremos de mais nada além do conhecimento do que nossas almas sentem e pressentem."
E Antenor confirmou:
"Então confirmo o que te disse à pouco: não existirá um adeus entre nós dois, nunca. Sei do amor que sinto, e te reconheço neste amor. Sei do amor que sente, e sei que me reconhece. Ainda que fique te implorando que o diga, que o repita por muitas vezes, não é por não sabe-lo, mas pelos muitos anos que esperei para ouvir, para te ter novamente.
Não existe a possibilidade de uma despedida com mágoas, pelo tanto que nos amamos.
Nossas almas voltaram a se ligar, e meu coração está livre da mágoa havida quando partistes.
Lembra que te disse ao nos despedirmos : EU TE AMO, e vou te esperar, mas não voltastes. E este amor ressurgiu agora, e temos que vive-lo em plenitude. E temos de faze-lo agora, quando ainda podemos resgatar este amor que permanece latente."
Emocionada, Giselda disse-lhe:
"Naquela vez, quis voltar atrás, e dizer que te amava, mas estava por demais envolvida pela ideia daquela aventura que tanto mal me fez. E agora, digo que te amo, pois não sei quando eu não vou poder mais falar ou ouvir, juro que não sei. Portanto digo agora, e imploro que o diga todas as vezes que podemos dizer e ouvir. Não podemos mais calar nosso amor."
E para conciliar de vez a situação, disse-lhe
"Quando discutimos, não fico magoada com você. Não cabe mágoa no meu coração quando se trata de você. Fico na hora triste sim. Mas basta um minuto e a tristeza vai embora, pois o amor que sinto é maior do que qualquer outro sentimento."
Com toda a certeza, é muto dificil equacionar um sentimento assim sem o olho no olho, e é justamente por isso que é importante manter diálogos francos assim, para conseguir superar as pedrinhas encontradas pelo caminho.
"Eu amo você", esta é a verdade que se deve guardar dentro do coração. Esta é a verdade que deverá ecoar no coração por toda a eternidade.
E assim, esse amor atravessou vidas, para finalmente ser resgatado em sua plenitude, permitindo que os enamorados vivesem uma feliz sucessão de LINDOS DIAS...
Sempre pensei que o amor fosse como um conto de fadas... afinal sempre estive errada. Parece que somos uma esponja de lavar loiça, ao inicio está perfeita mas com o tempo vai se desgastado devido ao uso.
Eu costumo pensar para mim mesma que o amor é como se fosse um dente-de-leão, um ligeiro assopro e lá vai todos os momentos que passámos ao pé da pessoa amada.
Apesar de tudo, eu nunca esquecerei dos bons momentos que passámos mas também nunca esquecerei os momentos em que me fizeste sofrer, cada lágrima que derramei foi uma prova de amor por ti.
Fui tão burra em ter-te dado imensas oportunidades, cada oportunidade que te dava era sempre trocado por momentos.
Hoje em dia passamos um ao lado do outro e fazemos de conta que somos uns desconhecidos, o silêncio às vezes é a melhor resposta.
Amor para mim eu conto como uma ano e seis meses. Meu bem, eu te amo de graça. Não quero nada além do seu amor em troca. Pois este sentimento, quando recíproco, fortalece o coração e possibilita coisas lindas. Obrigada por 1 ano e seis meses de relacionamento. Me abrace e me beije devagar para eu guardar esses momentos comigo. Hoje comemoramos 1 ano e seis meses de namoro, e não cabe em mim a felicidade que sua companhia me traz.
Ta bom ja estou na crise de meloso e você amor deve me achar como doido ou maluco tenho que me conter parar não é vc ja deve está abusada mas te amor um feliz nós 25/10/2019
Texto inspirado no conto “Não me acorde” de Luís Fernando Veríssimo e na Carta-Testamento de Getúlio Vargas.
O passado é prólogo. Certos eventos consolidam essa frase, tudo que veio antes se torna uma história de superação, um prefácio. Você se da conta de que tudo que houve até ali, 500 anos de uma história foi simplesmente preparação para aquele certo momento. E o passado ganha uma lógica que não tinha. Você passa a entender tudo em retrospecto, tudo ganha um sentido. O golpe de 64, os anos de ferro, a distensão lenta, segura e gradual, as guerras, os impeachments, tudo é prólogo para o amanhã. Está claro, a própria fuga de Dom João para o Brasil fez parte da preparação. Tudo é armação para aumentar a nossa glória, tudo se encaixa, ou você acha que a chegada de Cabral foi obra do acaso? Tudo está sendo construído aos poucos, desde antes de 1500, antes das cruzadas, antes de Jesus.
Forças se articulam contra o povo, contra a liberdade, contra o progresso, não nos dão direito de defesa, sufocam a nossa voz, impedem nossas mãos. Seguimos o destino que nos é imposto, calados e estamos desamparados. Mas devemos ter força, dar nossa vida, não se deixe humilhar, precisamos reagir, mas ao ódio responderemos com perdão, a opressão responderemos com o nosso sangue em direção à glória.
Eu vi você na rua, estava cercado por ignorância, por corrupção, por desrespeito, pelo jeitinho... Eu não sei o seu nome, nem de onde você é ou o que faz, mas você continuava lá, firme e forte. Posso imaginar como tem sido sua vida, o martírio, as decepções, a desilusão. Muitos da sua geração se perderam, levaram pais e avós ao desespero. Não tiveram acesso à educação, não tiveram acesso à noticias, não tiveram como dar asas a mente, e acredite, são muitos!
Você não sabe, mas é um herói, e quando chegarmos ao topo, seremos certamente o povo mais dedicado, fiel, convicto e feliz do mundo, porque será o país dos que resistiram. Aguente só mais um pouco, meus respeitos.
Pequeno conto sobre contar contos
Contador de histórias, narrativas, crônicas, contos, recontos, relatos, porandubas, gestas, gamelas, percursos, enredos, fatos, piadas, historietas, anedotas, suscetibilidades, melindres, perplexidades, sentimentos, aborrecimentos, gostos, tramas, teias, intrigas, entrechos, fabulas, romances, troços, urdiduras, alegretes, invenções...
Contador de HistóriAS
DESAFIOS DE UM REI
CONTO
Certo rei, numa província distante, lançou alguns desafios aos seus provincianos; que consistia em três perguntas básicas, feitas pela própria Majestade Real aos participantes:
Qual o peso do mundo? Quanto valia a sua vida? – a vida do rei – e, o que pensaria quando fizesse a segunda pergunta ao participante.
Os desqualificados iriam imediatamente para a guilhotina; somente o que respondesse com mais acerto, às referidas interrogações, da Autoridade Suprema do Reinado, ganharia à metade do reino e de quebra, poderia se casar com sua filha caçula.
Pelo risco da competição... O vultoso número dos inscritos surpreendeu.
Pedro fazia parte desse grande contingente de participantes. “Quem não arrisca não petisca, portanto não custa tentar”. Dizia.
Dia chegado, Pedro teria somente quatro horas para se apresentar. E bateu um desespero enorme nele.Era notável sua preocupação.
Na noite anterior não havia dormido quase nada. Só pensava em não dar conta de responder as ditas perguntas propostas, à altura da vitória; e perder a vida de graça...
Mesmo em súbita melancolia… Lembrou-se de pedir ajuda ao irmão gêmeo, Paulo. E se pôs a procurá-lo, por todos os lugares. As horas corriam muito rápido...
Até que o encontrou;
Pediu-lhe ajuda em desespero extremo...
Paulo prontamente procurou ajudá-lo; propondo-lhe uma possibilidade viável – segundo ele – para a resolução do problema que afligia o irmão.
Os dois eram muito “parecidos fisicamente” e, isso tinha lá as suas vantagens. Unidos como a carne e a unha; por ele e para ele, faria o possível e o impossível...
– Troquemos nossas vestimentas e eu irei pessoalmente como sendo você, submeter-me e, responder as perguntas da Vossa Alteza
Pedro ficou mais aliviado.
E como não havia mais tempo a perder...
E foi-se Paulo para o desafio com o Rei Carlos XXIV.
A carnificina no local dos desafios era grande e aterrorizante: a lâmina afiada não cessava um só instante em seu trabalho de cortar pescoços. Porque ninguém passava nem perto das respostas adequadas, aos caprichos do rei.
Na retaguarda, estavam apostos fortes soldados da Companhia De Guarda do Palácio, com lanças, apontadas para os desafiados. Mas nada daquilo atemorizou o resignado irmão de Pedro.
Momento chegado lá estava Paulo – como se fosse seu irmão – diante de Sua Majestade, o ouvindo:
– Está pronto cidadão, para responder o que te perguntar?
– Perfeitamente Sua Alteza.
– Pois é...
“ Às três respostas que serão dadas por você, a mim, deverão ser convincentes; do contrário, sua condenação à morte será uma realidade inegável e, irrevogável”.
– Qual o peso do mundo?
– “Não me furtarei jamais ao honroso dever de aferir e lhe informar prontamente, com exatidão, o peso do mundo; desde que me garanta remover dele, paus e pedras. Caso tenha uma ponta de dúvida da minha capacidade de fazer tamanho feito, faça-me tão somente o que lhe sugiro”.
O rei coçou a cabeça. E fez a pergunta seguinte:
– Então,quanto vale a minha vida?!
– Sua magnânima vida, nobreza,é igual a vida de seus pais,de sua esposa e filhos; igual a minha. Nem a Terra e nem os céus caberia acomodar as cifras monetárias caso alguém ousasse fazer uma proposta imbecil de tal compra e, a mesma fosse aceita. Portanto,esta dádiva Divina que Nosso Pai Supremo nos confiou “não tem preço”.
O Rei Carlo XXIV bateu com força na mesa, com a pedra do anel – ouve um silêncio profundo –, pediu um intervalo à comissão julgadora e, licença ao pobre fidalgo desafiado. Levantando-se direcionou-se ao interior de sua residência.
Lá encontrou a rainha chorando, abraçada com a filha, que também chorava; temerosa de perder a formosa princesa e a metade do reino para aquele astuto sujeito, que respondia com maestria e autenticidade as perguntas que lhe eram feitas.
O rei muito constrangido de ter – ele próprio – ocasionado aquela situação conflituosa procurando consolá-la e compensá-la, disse a ela que lhe fizesse um pedido. E ela a fez:
– Amor, tu sabe que eu o amo.... Ainda falta um pergunta, e, pelo jeito ele vai dar uma bela de uma resposta; mas faça o seguinte: respondendo bem, o não,desapareça com este sujeito.Senão a nossa vida vai ser um inferno.
Enfim à terceira e última pergunta do rei:
– O que pensei quando fiz a segunda pergunta a você?
– A Vossa Alteza no momento em que, me fazia a segunda pergunta, pensou de ser eu o pedro; mas, estava, e ainda está, redondamente enganado; em verdade, eu sou o paulo.
Paulo Acertou em cheio a pergunta da majestade: fora aquilo mesmo que o rei havia pensado. Mas quando o mesmo deu ordens aos seus súditos, que o levasse à lâmina fria da morte para o martírio...
Paulo já havia vazado na braqueara – fugido para as montanhas – , mundo afora, desvencilhando-se em meio à multidão.
Paulo saiu vencedor no desafio. Ganhou mas não levou. Não se casou com a filha do rei; nem tão pouco tomou posse da metade dos bens da Coroa Real; mas, como salvou a si e o irmão…Valeu!
(18.09.18)
TRÊS PEDIDOS DE UM CAIPIRA MINEIRO
CONTO
Joselito capinava seu pequeno roçado com um toquinho velho de enxada já bastante desgastada pelos anos seguidos naquela mesma labuta. Tentando plantar de tudo naquela terra ruim, pedregosa.
O sol castigava por fora e a fome roía por dentro. Um suor frio, incessante, escorria por todo seu corpo...
De repente bateu com a ferramenta em algo que emitiu um som estridente. Trec!
Apurou a visão ao solo, sob seus pés, e viu na superfície terrena um objeto pequeno, semelhante à uma lâmpada incandescente. – E logo o apanhou em suas mãos admirado.
Pelo jeito havia milhões de anos, enterrada.
Na medida que ia Removendo o excesso de material ferruginoso grudado em sua superfície...
Seu brilho ia ressurgindo e se intensificando mais e mais. Quanto mais esmero naquela limpeza, mais beleza se via naquela bolha de cristal bonito.
E, como num passe de mágica o objeto achado deu um estalo,fragmentando-se – provocando um som semelhantemente ao vidro quebrando-se.
Como estrelas, pingos de luzes saltaram do interior daquele envólucro, cercando Joselito por todos os lados de uma claridade ofuscante.
No meio de tanta iluminura, um Gênio cósmico se fez presente...Flutuando no ar.
O caipira até que se encantou com o cenário que via à sua volta...
Mas pela desconfiança do mineiro, Joselito puxou um rosário que trazia no bolso da calça e, começou a rezar o Pai Nosso, o Credo Em Cruz, a Ave Maria e Salve Rainha... Achando tratar-se de uma cilada do tinhoso.
– Por que se põe a rezar tão inesperadamente, meu senhor?... Não sou o que você pensa! Estou na Terra, unicamente a serviço do “bem”.
Quero apenas compartilhar com você,o que tenho de melhor; uma maneira de compensá-lo por ter me tirado da inércia de uma eternidade, vivendo limitado sob esse árido solo,dentro dessa bolha.
Sendo novamente um ser tão livre, leve e solto...
– Pode me pedir sem receios três coisas que, sem demora os darei como forma de terna gratidão.
Joselito não pensou duas vezes. Fez logo seu primeiro pedido inusitado, ao Gênio:
– Uai,sendo assim!... Me dê um queijo.
O gênio recorreu aos seus "poderes cosméticos" e imediatamente, fez com que saltasse aos seus olhos um enorme e suculento queijo canastra, de São Roque, acompanhado com um doce goiabada.
Que lhe encheu a boca d’água. Sacou de seu canivete e tirou uma boa isca da iguaria, degustando-o prazerosamente; como a um néctar dos deuses.
– Faça o outro pedido e não se esqueça: qualquer que seja ele o atenderei agilmente.
Joselito, sem muito pensar...
– Então, me dê outro queijo!
Sem demora, em mesmo procedimento, o Gênio fez com que um queijo similar ao primeiro, com o mesmo aroma e sabor caísse do céu diante dele, sem demora.
Enfim, chegou ao momento do terceiro e último pedido. Dessa vez, Joselito usou uma estratégia em sua escolha,pois estava acanhado no que pedir.
– Faça meu caro senhor, o seu derradeiro pedido. – Disse o Gênio.
E o matuto matutou,matuto,matutou...
Tirou do bornal uma revista; folheou-a e, atendo-se numa página qualquer mostrou ao Gênio da Lâmpada – apontando com o dedo – o objeto do seu pedido: uma loira alta,cabelos sedosos, esvoaçante... Do jeitinho que nasceu....
O Gênio,como das outras vezes, recorreu aos seus poderes, e do nada apareceu a linda garota à sua frente, em carne e osso. Ainda mais fenomenal do que a indicada por Joselito na revista. Trajando uma mini saia e uma blusinha que valorizava ainda mais o seu corpo.
Joselito esboçou um sorriso meio sem graça…
Que, por sua vez ficou sem entender o porquê daquele pedido, sendo que há maravilhas mil que poderia ter escolhido.
– Espera aí, Joselito,por quê não pediu outra coisa?!...
– Na verdade Seu Gênio, eu pedi uma mulher pra não te deixar sem graça, eu queria mesmo, era outro queijo.
(23.09.18)
JUSTIÇA (Conto)
– Deus abrirá as portas do Céu para eles? – perguntavam-se os Anjos ao pesar os corações de dois homens.
Para o ateu compassivo, de coração bondoso, Deus abriu as portas do Céu. Fechou-a para o fanático religioso, que, cheio de arrogância e sem compaixão, julgava-se superior ao ateu e o condenava.
“Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará”. Marcos, 4-24.
ARTE (Conto de Natal)
Enlouqueceu depois de muitas exposições sem êxito. Seu trabalho não repercutia na mídia. Abandonou a casa. Começou a morar na rua. Continuou pintando compulsivamente. Era alto, elegante e belo. Meu irmão e eu o observamos enquanto comia. Não parecia um indigente. Tinha a postura de um príncipe. No Natal pintou barcos carregados de presentes nos muros de uma fábrica. Os adultos nem paravam para olhar, mas meu irmão, eu e outras crianças do bairro de operários, admirados, aplaudíamos o artista louco.
Isabel Furini
Conto do Desmantelo Azul
Uma vez, durante a primavera, eu vi o mar. Era fim de tarde, eu era criança, pouco mais de seis anos. Foi a primeira, foi a última vez.
O encontro, no horizonte, do céu azul com um mundo de espelho azulado com moldura azul-dourada invadiu meus olhos, arrebatou minha alma. Nunca nada mais enxerguei.
Uma vez, durante a primavera, ouvi o mar. Era fim de tarde, eu criança era, pouco mais de seis anos. Foi a primeira, foi a última vez.
O encontro do marulho azul com o silêncio azulado do infinito estourou meus tímpanos, ensurdeceu minha alma. Nada nunca mais ouvi.
Uma vez, durante a primavera, cheirei o mar. Era fim de tarde, criança eu era, pouco mais de seis anos. Foi a primeira, foi a última vez.
O encontro da maresia de azul salgado com o aroma celeste de um céu azulado quase noite entranhou-se pelas minhas narinas, embrenhou-se em minha alma.
Nunca mais nada cheirei.
Uma vez, durante a primavera, degustei o mar. Era fim de tarde, era eu criança, pouco mais de seis anos. Foi a primeira, foi a última vez.
O encontro de minha doce inocência com o azul salgado segredo das águas engravidou meu peito, emprenhou minha alma. Nada nunca mais provei.
Hoje, toda tarde, sento em frente ao mar, e uma suave fluida mão anil acaricia minha pele instantes antes de meu corpo se diluir na brisa marinha e meus poros explodirem em azul ao serem penetrados pela alma do mundo.
Nuance emoção,
Sintonia talvez de conto de fada.
Vivenciando paixão,
E meu quarto exala amor,
Esse amor sem pudor que fizemos na noite passada.
As lembranças vêm,
Dos simples momentos porém,
Do carinho que emana.
Dos afagos e dos gestos sinceros,
Do jantar ou até mesmo uma foto sentados na grama.
CONTO: IDOSO SORRI, FELIZ
"- Alô, é da casa de Josué Dilva? Bom dia."
"- Bom dia, ele mesmo falando..."
"- Seu Josué, meu nome é Maria e falo aqui é do Abrigo Casa dos Idosos. Estamos lhe telefonando para desejar um dia muito feliz."
"- Nossa... Obrigado!" respondeu surpreso o idoso.
"- Percebo que o senhor está sorrindo. Esse é nosso objetivo."
"- Estou sorrindo sim e até emocionado. Muito obrigado por me fazer sorrir. estava precisando. Espera um pouco, vou assoar o nariz e enxugar as lágrimas. São de alegria, não se preocupe."
Após alguns instantes ele retorna:
"- Me desculpe a interrupção. Pode continuar, minha jovem."
"- O senhor poderia nos ajudar, fazendo uma declaração para transmitirmos aos nossos internados? Vou gravar e depois reproduzir para eles."
"- Com satisfação, Menina: Grave aí: Bom dia, mas bom dia mesmo, minha gente. Bom dia com muita alegria e gratidão. Desejo a todos muita paz, saúde, amor e companheirismo."
"-Ótimo, seu Josué. Agradecemos sua preciosa colaboração. E por gentileza, anote nosso telefone, quando puder, ligue para nos alegrar."
-"Ok, já está anotado no "bina". Vou incluir na Agenda e ligarei com muita satisfação. Quais os melhores horários?"
"- Estaremos aqui 24h. Plantão direto."
"- Maria, me diga, qual a sua função no Abrigo?"
"- Sou voluntária. Minha avó foi acolhida aqui há 10 anos, falecendo 3 anos depois. Eu me engajei no voluntariado logo depois."
"-Obrigado, Maria. Fiquem com Deus." O idoso desligou rapidamente, pois as lágrimas escorriam e os soluços o impediriam de continuar falando.
Lavou novamente o rosto, refletiu durante alguns minutos.
Em seguida, telefonou para aquele familiar que há anos não falava. E depois de fazê-lo sorrir e gargalhar ao telefone, ligou para outros familiares e amigos com os quais só Curtia e Compartilhava pelo Facebook.
Agora, é com vocês: Sorriam e tenham uma boa semana.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Será mais uma nova paixão em desenvolvimento;
Alguns dias conto as horas, e os minutos
para esta hora chegar, e eu poder novamente te encontrar.
O tempo parece parar,quando estou ao seu lado.
Pena mesmo é você nem saber, do que sinto, pode até ser um ponto fraco, ou talvez até forte, pelo fato de eu mesmo saber que tenho tempo de sobra para poder te conquistar.
O tempo a maioria das vezes é um forte aliado, porém quando demora tanto tempo para concretizar algo pode se tornar triste e amargurado.
Se eu demorar sei que posso te perder.
Não sei quanto tempo pode me esperar,mesmo eu sabendo que eu sinto referente a você, nem isso você ainda pode saber.
Hoje será mais um dia, que sua beleza poderei contemplar, conversa vai, conversa vem quem sabe eu tome coragem e realmente digo o que sinto.
Meu maior medo é ouvir um não, porém um não também pode nos motivar, quantos não a gente ouvi ao longo de nossas vidas.
E mesmo assim não desistimos, claro que um sim é muito mais agradável, mais pelo sim ou pelo não ao menos tentarei, porque ficar no meio de varias virgulas e pontos de interrogações nos deixa muito frustrado....
►Apenas Um Conto
Eu comecei a refletir novamente
Pensei que daria um tempo, folga, de repente
Mas foi sem querer, por acidente
Atos e fatos me deixaram perdido, como sempre
Por isso me vejo aqui, escrevendo, sem parar
Deixado para trás, me pego a duvidar
Enganado, eu reflito melhor sobre o cenário
E chego à conclusão de ser apenas mais um otário
A desconfiança que tanto confio, agora se faz minha amiga
Talvez a única que nunca me decepcionou
Esta é a minha vida, que sigo cabisbaixo, com vários tombos
O que aconteceu comigo hoje me magoou, mas não estou em prantos
Sigo firme e forte por dentre o pântano,
Que é a odisseia a felicidade, que estou há anos.
Eu comecei a duvidar dos meus sentimentos
Estou ciente que eles não sabem o que fazem
Eles são frágeis, se agarram a qualquer tolo momento
São involuntários, eles me impedem de ser como um concreto.
Eu sempre busquei romantizar as mulheres
E jamais direi uma ofensa para nenhuma delas
Mas, o tempo e as diversas situações estão me mudando
Elas mesmas me colocam dúvidas, por isso estou falando,
Que talvez eu esteja errado, talvez evitei um fato,
Que Romeu e Julieta são apenas um conto de fadas
As palavras de amor hoje não estão mais navegando pelas águas,
Que se tornara escura pelo amargo fardo, que tanto me deixara chateado.
As lágrimas que antigamente caíam pela tristeza
Hoje, secas, permanecem desaprovando minha sentença
O controle que exerço se tornou um defeito,
E, sobre as páginas e mais páginas do caderno, adormeço
Meus sonhos me salvam de um pesadelo, que às vezes tenho
Vou escrevendo, mesmo com o coração partido, a minha dor
Apenas para quando, de mãos dadas com a alma gêmea,
Eu sorria, reflita sobre os tempos sofridos, e diga "Já passou".
Peço, não, imploro que não demore
Que eu encontre a felicidade ao badalar do relógio
Estou triste, minhas lamúrias me deixam mais triste
E, mesmo contra a minha vontade, me vejo cativo
Pensando se fui muito sincero, se me deixei ser iludido
Talvez eu nunca saiba onde errei, onde acertei
Talvez o que eu sabia era uma ilusão, nunca saberei
E, utilizando de palavras, escrevo mais uma história depressiva,
Que infelizmente não será esquecida, graças a essa rima.
O meu coração está se refugiando em um canto frio
Ele não quer conversar comigo, diz que não sou seu amigo
Isso só me deixa mais deprimido e sozinho
Pois, se até ele não fala comigo, acabarei ficando louco
O meu espírito, antes puro, hoje está irreconhecível
Está se tornando ignorante, agressivo, distante
O amor que tanto fora o ator principal de meus versos,
Hoje está trancafiado em um baú, em um lugar secreto
Ah, eu queria escrever sobre ele, mas me sinto cético, incrédulo.
FACETAS DO DESTINO
CONTO
À tarde já avistando as casas do lugar e, começando a cair uma chuvinha, João César de Oliveira, que trabalhava na Agência dos Correios local, retornava de uma longa jornada que fazia por aquelas cercanias entregando correspondências, em lombo de animal...
Chegou o burro nas esporas e procurou abrigo na residência de um amigo mais próximo.
- João, sê num sabe da maior!…
- Conta logo cumpade Martiliano, a novidade!...
- Bernadete, sua noiva, fugiu de casa noite passada, com Venceslau, o fio de Seu Juquinha.Escafedeu-se; somente na manhã de hoje é que ficamos sabendo.
- Não fala isso!...Santo Deus!...Bem que eu vi: ela andava muito estranha comigo ultimamente!...
O boêmio João César, que amava entreter-se em serestas e bebidas, com colegas de farra; a partir desse tsunami sentimental, ganhou mais forças no entretenimento e hábito, mas, em alguns momentos, se recolhia em seu silêncio.
Seguia seu destino duvidoso, naquele desvario sem fim, pelas ruas,praças e bares da cidade. Parecia mesmo que o mundo havia desabado sobre si, depois deste drástico acontecimento afetivo que lhe sobreveio.
Mas, “quem tem muitos amigos pode congratular-se”... Não lhe faltaram ombros e bons conselhos; no sentido d’ele se apegar mais a Deus e firmar o pensamento n’Ele; parasse ou diminuisse a bebedeira pois, com certeza se continuasse daquela maneira iria à ruína… Que, arrumasse uma boa moça que o amasse verdadeiramente: assim, não o abandonaria nunca.
“Na multidão de conselheiros há sabedoria”...
De alguma maneira às palavras daqueles ilibados senhores de mais experiência, os guiou mostrando-lhe alguma direção…
João César deu de por assunto naquelas sábias orientações. Precisava como nunca, dar a volta por cima. Iria lutar pelo “leite derramado”. “A vida é para os fortes”... Pensava.
Se a tormenta entristeceu seu caminho, sua força e garra, para vencer os desafios, e, a bonança advindo disso, lhe trouxeram o sol de volta.
Casou-se com D. Júlia. Moça séria e dedicada, de família humilde...Como professora, percorria a pé,consideráveis distâncias de sua casa à escola - ida e volta -, todos os dias, para ensinar “seus meninos” -, como os mestres gostam de chamar os seus pequeninos discentes.
Viviam tão bem que não era de duvidar ter nascido um para o outro. Umas rusguinhas haviam de ter, mas muito raramente. Dessa união tiveram três filhinhos adoráveis: Nonô ( Jescelino) e Naná (Maria da Conceição) e Eufrosina que logo falecera.
Quando do nascimento de Nonô, como não era pra ser diferente, a felicidade transbordou naquele casal... Logo a cidadezinha sabia da novidade em forma de “gente nova”, que alegrava aquele “doce lar”. Pois o orgulhoso papai, João César, vivia anunciando as “boas novas” aos quatro cantos:
“Lá em casa nasceu um ‘Presidente da República’ ”. Seu lindo garoto veio ao mundo saudável. Benza Deus!...O que ninguém sabia era que o orgulho daquela família mineira, mais tarde, se tornaria também o orgulho do povo brasileiro. Pelo ilustre filho estadista inconteste, que a nossa “Pátria Amada” abrigou.
Um pouco mais adiante Nonô, já na vida adulta, tornou-se amante das serestas; parceiro e amigo inseparável de Dilermano Reis. - Expoente máximo do mundo artístico brasileiro.Quando executava seu velho pinho o rouxinol, o uirapuru... Se os ouvisse, interromperia suas atividades e cânticos, nos galhos das árvores, para o reverenciá-lo no mais profundo silêncio.Esse violonista, ao dedilhar o seu instrumento de cordas, nos passava (ou passa) a impressão de haver vários outros instrumentistas o acompanhando nas suas execuções melódicas.Está para nascer outro maior.
Como vinha discorrendo: João César não viu, governar o Brasil, o Presidente da República que ele mesmo vivia apregoando ter nascido em sua casa – ao nascer; que o colocou no mundo para o “bem de todos e felicidade da nação”.
Curtiu muito pouco o filho - uns dois anos e pouco - e este, por sua vez, também não teve o pai ao seu lado, por muito tempo, acompanhando seu crescimento e trajetória de sucesso.
Juscelino fez uma revelação surpreendente sobre o pai numa mídia impressa que acho ter sido na revista “O Cruzeiro”; lá pelos anos 70, mais ou menos assim: “Me lembro muito do papai quando ficou “isolado” do nosso convívio por causa de uma lepra - hoje hanseníase; eu tinha beirando três anos de idade. Quando íamos com a mamãe, visitá-lo, eu corria na frente para abraçá-lo, mas não me permitiam ficar com ele: logo eu era interrompido disso. Vi uma multidão o conduzindo na rua da minha casa para sua última morada...”.
Tal matéria jornalística ainda pontuava que João César, sabendo que não sairia com vida daquela terrível enfermidade e, pressentindo as cortinas da sua existência se fechando, orientou à esposa:
“Eu tenho duas mudas de roupas mais conservadas, me vista com a melhor delas para o meu enterro. Em poucos dias assim foi feito...
Naquele tempo os pais sonhavam pelos filhos; e se empenhavam ardentemente que os mesmos seguissem a carreira de clérico,de advogado ou de médico. O ofício do religioso contava mais. Por acharem “a vida de padre santa e bonita”. Então D. Júlia se encarregou de matricular o seu garoto num seminário católico. Para a alegria de todos, teria um “padre” na família num futuro não muito distante.
Seria um ledo engano aquela pretensão?!... Sim, com certeza:seu rapaz sempre deixou claro à instituição católica que, não levava jeito para aquilo; e confirmou também à sua mãe a surpresa desagradável: não iria mesmo usar batinas e nem dizer missas... “Não tinha vocação para a vida eclesiástica”.
Imagino o quão doloroso foi para aquela mãe saber disso. Mas, fiquemos com o que escreveu Machado: “Antes um padre de menos que um padre ruim”.
Resoluto, Juscelino rumou para capital mineira...Com 200 mil réis, montante proveniente da venda da única jóia que D,Júlia havia recebido de herança.
Em Belo Horizonte seu primeiro ofício foi de telegrafista dos correios; posteriormente, tornou-se médico e entrou para a Força Pública Mineira (hoje Polícia Militar PM); - eu soube disso numa visita ao Museu JK, ano passado; Secretário de Estado, prefeito,Dep. Federal,Governador…
A barragem da Pampulha rompeu-se no final de seu governo, em 1954. A fúria das águas foram tantas que levou embora inúmeras aeronaves do Aeroporto Tancredo Neves, que fica logo abaixo da represa; eu vi as ruínas de uma ponte atingida por este acidente; suas ferragens foram rasgadas como papel.
Então, Juscelino ainda no seu cargo majoritário, providenciou uma nova barragem no mesmo lugar da anterior, para “não mais se romper”. - Segundo ele. Conta-se que, na referida edificação, uma carreta, só dava conta de transportar uma única “pedra” em cada viagem que realizava.
Aproveitando o ensejo, ainda impulsionou o turismo local e mundial quando construiu no entorno da obra, o Complexo Arquitetônico da Lagoa da Pampulha; hoje, tombado pela ONU, como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.
Como se tudo isso fosse pouco Juscelino deu de escrever e como tudo que fazia se dedicava ,virou escritor; depois de publicar várias obras literárias de grande relevância,dentre elas “Porque Construí Brasília” e “Cinquenta Anos Em Cinco”, tornou-se membro da Academia Mineira de Letras.
Perdendo uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) para o goiano Bernados Élis, disse que era mais fácil ser presidente do que acadêmico naquela instituição literária.
E conforme a “profecia” de João César, o Presidente da República que dizia ter nascido em sua casa, em Diamantina - MG, já como tal, convidou dois amigos: Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, para construírem uma nova Capital Federal para o seu país, nos ermos de Goiás. Cumpriram com denodo os enormes desafios.E eis que tudo se fez novo.
E Brasília – DF se tornou uma das capitais mais modernas do mundo...
Em 1960, na sua inauguração, perante um mar de pessoas que se podia contar, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente da República do Brasil,cantou abraçado com a mãe, D. Júlia kubitschek, “O Peixe Vivo”, uma de sua canções preferidas.
Como pode um peixe vivo/ viver fora d’água fria/como poderei viver/ sem a sua companhia/...
(29.07.18)
UMA ASA LAVA A OUTRA
conto de Ádyla Maciel
Era 25 de junho, já chegando o finalzinho do semestre. Tiê usava um óculos boca de garrafa e sentava-se sempre nas árvores da frente, dedicada e silenciosa.
A professora Coruja entrou na mata e disse aos alunos:
—Boa tarde passarada! Já terminamos o nosso conteúdo de aritmética, agora aprenderemos os algarismos romanos. Alguém aqui conhece algum número romano?
E uma voz gritou do fundo da sala. Era Juriti.
—A Tiê não sabe nem quanto é 1+1, não conhece nem os números brasileiros, como saberá os números romanos?
Todos os pássaros da classe começaram a rir. Tiê não deu importância aos comentários de mau gosto.
Alguns dias se passaram e saiu o resultado da prova de matemática, Tiê tirou zero, apesar de ter estudado muito e freqüentado todas as aulas da tia Coruja. Sentiu-se triste, desmotivada e com muito medo das possíveis broncas que receberia de seus pais.
Na hora do intervalo, Tiê voou até o parquinho e sentou-se num balanço, abriu sua lancheira e começou a comer seu sanduíche de alpiste. Quando suas lágrimas estavam quase secando, três passarinhos se aproximaram e começaram a falar da nota que tinham tirado na disciplina de matemática. A águia tirou 9, o beija-flor 8,5 e Juriti 10,00.
Perguntaram a nota de Tié e ela ficou muito sem jeito. Juriti, que tinha tirado a nota máxima zombou de Tié
—Aposto que tirou zero; eu tirei 10, sou a mais inteligente da mata.
A professora Coruja, preocupada com o desempenho escolar de Tié encaminhou-a para o gavião psicopedagogo. Lá descobriram que ela tinha discalculia, um transtorno caracterizado pela inabilidade de refletir sobre tarefas e coisas que envolve números. Logo que descobriu, iniciou o tratamento e foi entendendo aos poucos qual era seu lado direito e seu lado esquerdo, além de aprender a lidar minimamente com números.
Tiê tinha sempre notas boas em português e nas demais diciplinas e descobriu que Juriti tinha muita dificuldade em português, então resolveu ajudá-la, descobriu também que que Juriti tinha dislexia, dificuldade para compreender palavras e interpretar textos.
Juriti aceitou a ajuda de Tiê e em troca ofereceu aulas de matemática.
Tié passou a dar aulas de português para Juriti e Juriti passou a dar aulas de matemática para Tiê.
Juriti percebeu que uma mão lava a outra, e se ajudarmos uns aos outros aprenderemos a voar mais longe e mais alto para lugares belíssimos. Todos nós temos alguma limitação. Isso não significa que não somos inteligentes, temos diferentes níveis de aprendizagens. Existem diversos tipos de inteligência, entre elas a linguística, a musical, a espacial, a naturalista e muitas outras. Assim como os peixes que sabem nadar e os pássaros que sabem voar.
Conto/crônica
No passado não tão distante cometeram-se injustiças
com o "conto" - e incluo também nesse artigo à
"crônica" - Não lhes dando o devido valor. Os tendo
como narrativas inferiores,desprezíveis,...
Na Europa já havia um certo reconhecimento desses
segmentos. Aqui ainda não, pelo contrário. Pouco ou
nada se produzia nesse sentido.
Naturalmente, literatos, escritores de um modo
geral, desmotivados quanto a isso, deixaram de
produzir muitas coisas relevantes, necessárias, na
literatura brasileira. - Optando por outras produções
de naturezas diversas.
O romance era o "queridinho" da época; vivia de
mãos em mãos e de boca em boca, na "crista da
onda" como se dizem.
Até que apareceu um "salvador da pátria" com muita
maestria... Cabedal. O Pelé da literatura. - E quebrou
de uma vez por todas o injusto estigma que se
construíram encima desses dois gêneros literários
fantásticos. - O conto e, consequentemente a crônica: Machado de Assis.
O conto "não contava com prestígio nem tradição
consolidada na literatura brasileira" - antes do aparecimento desse expoente máximo da escrita.
Não há de se duvidar que Machado de Assis atribuiu
por meio daquilo que produziu como escritor,
"densidade artística à narrativa curta". Valorizando
Grandemente os gêneros em questão.
Não se pode achar apenas que essa expressão máxima das letras
de nossa terra Brasil, tenha sido somente o "inventor
do Romance contemporâneo". Tornou-se um tipo de
"Guru" da arte da escrita em todo o mundo.
De tanto esmerar-se no ofício de escrever o "conto"
este escritor brasileiro mostrou ao mundo que ele
(esse gênero) e a crônica não são menos dignos de
atenção. - Do que outras narrativas.
Não é atoa que o nosso "Machado" está entre os cinco
maiores escritores do Planeta Terra.
Se antes dele os gêneros, como os citados, eram
vistos com desprezo após ele muita coisa foram
revistas, e hoje são vistos com bons olhos.
Então podemos parabenizá-lo por essa louvável
contribuição no que tange ao "prestígio atual do
conto na literatura brasileira" e pegando carona nesse reconhecimento à crônica.
Continuemos a nos dedicar em escrever esse (s) gênero (s): "os contos es as crônicas" pois, fazendo assim teremos bastante alegria. - Como teve Diderot. E, quem nos leem também sentirá a mesma sensação prazerosa.
(01.12.18)