Conforto da Morte da Mãe
Meu eterno fardo
Sinto a dor de uma mãe ao perder um filho
Sinto o amor de um pai pelo seu bebê recém-nascido.
Sinto o desespero dos judeus no campo de concentração
Sinto o preconceito é o desprezo em todo e qualquer coração.
Sinto o vento soprando nos bosques floridos
Sinto o sol se pondo e a lua surgindo.
Sinto por milhas de distância a morte chegando
Sinto o tempo do mundo inteiro acabando.
Slá, só mais um café.
"Ela e os nós (duas)."
Minha mãe nos deixou já faz um tempinho, como dizem os espanhóis, "já tem um par de anos" E hoje resolvi visitar lugares evitados ao longo desses quase 730 dias, como coisas ensacadas, e encaixotadas por ela. E o que mais me chamou a atenção não foram os itens guardados mas sim os "nós" e laços dados em fios, fitas, e sacolas que sempre foram marcas registradas da minha mãe. Ela gostava de tudo amarrado, ensacado, agasalhado. Na sacola dos tapetes,eles estavam lá, bem medidos, bem amarrados. Nas cordas das redes, eles estavam lá, bem firmes, bem seguros para que ninguém viesse a cair. Depois fui ver algumas coisas atrás da casa, e eles também estavam lá, amarrando, segurando e alinhando discretamente três canos de água em desusança, preparados para uma eventual necessidade. As digitais da minha mãe estão naqueles nós, naqueles laços, porque sei que ali ela foi a última pessoa que pegou, que tocou, que amarrou. Posso desobrigar os laços das sacolas,e das fitas, a permanecerem na condição em que Zizina Vidal os deixou, mas confesso que tive dificuldade em mexer em algo que parece ser tão simples mas que foi especialmente e atenciosamente feito por ela. Minha mãe foi embora, deixou aqui alguns laços nas sacolas para eu desatar, mas também deixou laços entre mãe e filha que por vez, são indesatáveis.
Minhas viagens são sempre voltas à infância, aos lugares onde vivi um dia. Uma procura, pai, mãe, avós, tios, amigos mortos. Volto atrás e procuro no verde, na luz, no céu. Em vão. O que perdi não terei mais, porém, mesmo assim volto sempre. A esperança de que algum dia encontrarei aquilo que procuro incansavelmente. Quem sabe na morte, única paisagem que por enquanto me é vedada.
Amanhã?
Amanhã pode não ter mãe
Amanhã pode não ter pai
Maria e João, pode não ter
Céu desaparece,
Lua escurece,
O sorriso? Qual sorriso?
Amanhã pode não ter tia
Amanhã pode não ter tio
As pernas não andam mais
A boca de nada fala
Os olhos, não estão piscando
O carinho, é recordação.
Amanhã tudo pode acabar
E você, oque irá deixar?
Um par de sapatos seus?
Usados e desgastados
Ou deixará alguém calçado,
Sem pisar no chão.
Amanhã? você e eu não sabe.
Uma bala, um canhão,
Uma flecha ou arpão,
Uma bomba de um avião,
Amanhã tudo pode acabar.
Hoje, especialmente sinto saudades da minha mãe... Já faz 7 anos que ela se foi de minha vida - que ela morreu :( sinto falta da presença dela com seu poder absoluto, sentada na cabeceira da mesa, com sua latinha de fumo de corda e fazendo seu cigarro de papel observava tudo.
Maria Jeremias Santos
Viver requer perícia e sorte.
Sorte para ter uma boa mãe e perícia para ser um bom filho.
Perícia para ser um bom pai ou mãe e sorte para ter bons filhos.
Sorte, por exemplo, para que sua casa não desmorone sobre você pela imperícia dos que a construíram.
Viver não se resume em respirar, ver, falar, ouvir, andar... é muito mais: é ser capaz de ter aspirações, de entender e aceitar que ninguém consegue sobreviver sozinho.
Viver requer perícia e sorte.
Sorte para ser amado e perícia para saber amar.
E ainda perícia e sorte para se ter uma boa morte.
Partiu antes do combinado/ Mãe
Quando os sentimentos começam a transbordar
e não cabem mais dentro do coração
então a caneta precisa o papel encontrar
para na escrita aliviar a tensão.
Achava que estava preparada
para tua partida entender
mas eu estava muito enganada
é muito difícil sem você viver.
Sinto falta de ver você chegar
do seu cheiro, que ninguém tem
do teu abraço para amenizar
as dores que da vida vem.
Para quem vou contar meus segredos
não tem mais alguém para confiar
você conhecia todos os meus medos
preciso de você para de tudo conversar.
Entendo que não posso ficar a choramingar
por que você ia dizer para eu ser forte
mas tem horas que não posso evitar
e só as lágrimas me dão um norte.
A única diferença entre morrer no ventre da mãe e viver cem anos é que o homem centenário tem cem anos para fazer o bem e/ou o mal
Aprendemos que esse mundo não é como a Mãe e o Pai. Ele não se importa se estamos felizes, e não fica triste quando morremos. Não somos importantes para ele.
Quem tem a mãe viva, valorize. Depois que a tampa do caixão for fechada, a única coisa que você terá será a lembrança, talvez poucas, pois quando ela estava aqui, você não abraçou, beijou, sorriu ou disse "mãe, eu te amo!". O maior presente para uma mãe é o amor dos filhos, que em muitos casos só dizem de verdade que amam quando se inicia o cortejo fúnebre. Pense nisso hoje para não se arrepender amanhã, em um tempo que não voltará mais...
Perder a mãe é perder o chão. A gente continua vivendo, mas sempre buscando a essência desse vazio que ficou no coração...
Mãe
Catrina, Iku e Anúbis sempre se apressam
E enquanto o barqueiro se prepara
Alguns cantam e dançam
Outros rezam, clamam
Eu? choro, encolho...
Só lembro de nós.
Do tempo que tivemos
Aprendi o que é amor
No tempo, que passou,
Não tive nenhum pavor.
No lugar de apreço que fica,
Não sei se é jogo ou política
Dessas pessoas que nem ficam.
Mas também não sei se é amizade ou fé
Dessas outroras que me sorriem (guiam).
Você me deixou em hiato
Difícil de cicatrizar ou encher
Alma sem um naco,
Esmaecendo (mas tentando viver).
Ficou... tácito.
Nada é dito, só seguido
Paredes brancas à volta
Surdas, mudas; retóricas
Cicatrizes que nem este silêncio costura.
Vejo o pão que sobra no café
(A saudade sobe) “Aquele afago... faz falta”
O 'não' pra saber quando dá pé
Tua voz, minguando, que’inda exalta...
Você me recorda de amar enquanto puder.
Outro infinito curto demais;
Disseram que não volta, não mais.
Então, neste choro estendido,
Só posso pedir
algum sentido.
Para cada adeus, um olá.
Assim, em cada nova partida
(Que não posso impedir de chegar)
Vou te recordar.
O tempo provou
Que este 'vazio' é um porto
De abraços
(De adeus)
De esperanças
(e angústias)
De milagres
(Mil lágrimas)
De forças
(e fraquezas)
De felicidade
(e dor)
De celebração
(e luto)
Um porto de Encontros
e Despedidas.
Quando meu pai faleceu, eu só queria a felicidade da minha mãe. Que tipo de homem eu seria se não ajudasse minha mãe? Se não a salvasse?
O NASCIMENTO
Quando fui posto ao mundo, o médico ouviu minha mãe proferir que eu era o bebê mais lindo que havia nascido naquele dia. Não me questiono se de fato fora verdade, ou, apenas o amor de uma mãe que acabara de receber seu filho; sendo bem sincero, isso não importa.
A vida tem dessas, nem todas as palavras ditas no passado permanecerão para sempre. Foi como no momento em que escutei um parente próximo dizer que me amaria por toda a vida, mas com o passar dos dias ser levado a perceber que no raiar do sol de sua morte, o amor permaneceu apenas em meu coração, pois já não havia fôlego de vida para constatar em ações, todos aqueles bons sentimentos.
Algumas palavras não duram para sempre, e que bom que elas têm prazo de validade. Não sou mais o bebê lindo de minha mãe, o tempo, me fez crescer.
Minha mãe morreu de câncer;
no Brasil, aos 9 anos de idade.
Meu pai morreu de guerra,
na Itália, aos (-9) anos de idade;
Ambos ausentes...
Tendo nascido sem pais,
precisei criar minhas regras de vida:
.
1 Nunca matar, mas dar vida
2 Nunca roubar, mas ser caridoso
3 Não namorar moças velhas
4 Pesquisar a cura do câncer e da guerra
5 Proteger os mais fracos, mulheres e crianças
6 Pesquisar pelos extraterrestres
7 Pesquisar a antigravidade
8 Aprender o karatê e a esgrima
9 Me tornar presidente do Brasil
10 Não fazer nada que não possa publicar
.
Na infância podemos tudo,
Menos manter os pais vivos.
Você me fez ser consolo, no dia em que sua mãe me entregou o teste e disse: “é... deu positivo”. E eu, sem olhar o papel, falei: “eu já sabia, você será uma ótima mãe”.
Você me fez diversão no dia em que brinquei com sua mãe sobre o quanto minha barriga era maior que a dela, e que eu provavelmente já estava de 6 meses kkk
Você me fez tia quando me dei conta que eu passava horas na internet vendo roupinhas e vídeos de bebês
Você me fez ansiedade, no dia em que falei: “daqui uns dias vamos ter um nenenzinho aqui em casa, será que eu vou conseguir ir trabalhar?”
Você me fez superação, no dia em que precisei passar por cima dos meus bloqueios para organizar o seu chá revelação
Você me fez infância, no dia em que comprei pra você um ursinho parecido com o que eu tinha quando era criança
Você me fez família e amigos, no momento em que vi todos reunidos, verdadeiramente felizes pela sua vinda
Você me fez surpresa, no dia em que peguei seu ultrassom e confirmei que era menina, como eu já previa em meus sonhos
Você me fez sensibilidade, naquele momento em que vi sua mãe evoluir 11 anos em 21 semanas
Você me fez intrometida, naquele dia em que precisei participar da escolha do seu nome. E eu já imaginava em o quanto a gente iria rir dessa saga: “se não fosse sua tia, você se chamaria Amélia, acredita?”
Elisa - Deus é abundância - você me fez intensamente humana, naquele momento em que precisei te ver partir.
Eu tinha muitos planos pra você... a gente falaria italiano, te ensinaria capoeira, seria uma mulher incrível, daquelas foda, girl power. Foi o que te prometi.
Eu te passaria tudo aquilo que tenho de melhor e eu teria também o melhor de você. E, na verdade, eu pude viver isso em todo o tempo que nos foi permitido.
Eu tive o melhor de você e sei que não medi esforços pra te passar o melhor de mim. Inclusive sua tia ama escrever, e eu precisava te mostrar um pouquinho disso fazendo essa homenagem pra você.
Nesse momento novamente você me conecta com o meu melhor, assim como fez com as outras pessoas ao seu redor. Você sabe o quanto moveu, quanto amor despertou, quanta união intensificou.
E eu te desejo um céu inteiro de alegrias e gratidão, por tudo o que foi possível viver com você nesse tempo. A sua vinda pode não ter sido planejada, mas foi intensamente esperada e querida.
Você nos transformou genuinamente e talvez essa tenha sido a sua mais bonita missão.
Eu já te disso, mas preciso muito repetir: obrigada por ter nos escolhido. Sua família te ama desde sempre, para sempre.
Brilhe muito, estrelinha.
A filha adoeceu de covid-19 em um outro Estado, e foi entubada. A mãe dela viajou para lá para ajudar a cuidar dos netos, e depois de quase um mês, a mãe dela resolveu dar um "pulinho" até o outro Estado onde ela morava com o marido e um filho, mas assim que chegou lá, dois dias depois, ela não se sentindo bem, procurou um médico, estava suspeita de estar com covid-19. No quinto dia ela também se internou, e foi entubada também. Logo em seguida o pai e o filho, com covid-19, foram hospitalizados e entubados também. Os quatro ficaram entubados, a filha em Vitória-ES, a mãe, o pai e o irmão no Pará-PA, e os quatro morreram, sem que nenhum dos quatro soubesse um da morte do outro.
Essa foi a pior história que me contaram hoje, 02/04/2021. E eu acredito que já aconteceram muitos casos desse tipo por ai, e a gente nunca vai saber de tudo o que aconteceu nesta pandemia.
Pense em quantas coisas ruins podem acontecer todos os dias?
No entanto, bem lá no fundo, a gente nunca acredita que essas coisas podem acontecer na vida da gente também. A gente sempre acha que a nossa vida, esta vida de agora, vai durar eternamente, não vai acabar nunca. A gente nunca acredita que um dia a gente também vai morrer.
Temos a sensação de que somos eternos, mas isso é só uma sensação espiritual, uma lembrança inconsciente daquilo que somos em espírito na espiritualidade, na Eternidade, só isso, e, por sorte ou azar, ou por sorte e azar, não sei, não nos damos conta disso, até depararmos com a nossa própria morte.