Coleção pessoal de Zeta

61 - 80 do total de 113 pensamentos na coleção de Zeta

⁠Livre Arbítrio.

Se o livre-arbítrio é nosso, por que tudo é destino?
Se tudo é de Deus, escolho ou sigo o caminho?
Sou livre ou peça num jogo maior?
Decido ou o fim já está ao redor?

O futuro me espera ou já foi escrito?
Morrer é acaso ou plano restrito?
Entre o bem e o mal, o que é opção?
Sigo sem respostas, só mais questão.

⁠O Papel da Religião.

A fé nos faz bons ou é a vida que ensina?
Moral se constrói ou já nos domina?
Se entre lobos estou, serei como eles?
Ou a bondade reflete quem nos cerca e vemos?

A religião molda, mas não nos define,
Pois até nos templos, o erro persiste.
O passado avisa, a tradição nem sempre é razão,
É preciso olhar além da ilusão.

⁠Contraditório.

Contraditório, sim, pois creio em um Deus,
Mas dúvido que o homem, em sua ambição,
Compreenda o mistério que há nos céus,
Ou toque o divino em sua criação.

Vejo Deus como um grande inventor,
Que em seus planos o cosmos expandiu,
Aperfeiçoa o que antes falhou,
E a cada erro, algo novo saltou.

Assim se moldam as formas de vida,
Na história do mundo, as espécies crescem.
E quando a falha parece incontida,
Um buraco negro ou meteoro descem.

⁠Minhas Dúvidas.

Entre deuses e mitos, começo a pensar:
Será que há um só caminho a se acreditar?
Ou na névoa das crenças se apaga a razão,
E a verdade se perde na escuridão?

Nas eras sombrias, saber foi calado,
O que restou foi um eco distorcido e velado.
A mente se fecha, mas a dúvida insiste,
Pois quem não questiona, aos poucos desiste.

⁠Reflexo do Divino.

Na trilha da vida, onde fé e razão se enlaçam,
O inventor caminha, entre dúvidas que abraçam.
"De onde viemos?", ele insiste em saber,
Entre estrelas e livros, tenta entender.

Não há verdades, só suposições,
História reescrita em guerras e imposições.
Se somos imagem de um Deus perfeito,
Por que no espelho há tanto defeito?

Do Big Bang à criação, vê a evolução,
Como um inventor que refina a invenção.
No medo do novo, quantos sonhos negados,
Quantos saberes foram calados?

Na diversidade, encontra sentido,
Nem fé, nem ciência, estão perdidos.
Segue, inquieto, sem se prender,
Pois no questionar, aprende a crescer.

⁠Mate-a Antes que Te Mate.

Ó coração inquieto, que clama em vão,
Trazes um desejo que afronta a razão.
Mas na mente, um labirinto se forma,
E sei que não é tempo, por mais que te implora.

É preciso matar o que nunca será,
Antes que a ilusão venha nos sufocar.
A jovem, tão bela em admiração,
Que siga distante, um sonho em vão.

Espera, resiste, por mais que doa,
Pois viver com acerto é o que nos coroa.
Não somos eternos, mas há tempo a cumprir,
E a sabedoria é saber quando há de partir.

Ainda não há morada sequer para um,
Quem dirá dividir vida, destino algum.
Portanto, mate o desejo antes que te consuma,
Pois é na espera que a verdade se arruma.

A jovem quase japonesa e as que vierem a ser,
Devem ser musas, e nada mais a se ter.
Mate a ilusão antes que ela te mate,
E talvez na sua morte, a paz te resgate.

⁠Título: Olimpo.

poisé,
você pediu e algo nasceu,
grande presente, né Perseu.

não estou no Olimpo,
mas me sinto filho de Zeus,
não sou forte como Hércules,
mas sou esperto como Hermes.

Abençoado por Apolo,
sempre criando um novo dolo,
não sou ingênuo como Sansão,
por isso ainda estou são.

não sou guerreiro como Atenas
mas luto pelas minhas cenas.
não sou grego como vocês,
mas sigo forjando meu próprio ser.

⁠Título: Pequeno.

pequeno, pequeno cidadão,
pense bem, preste atenção:
a vida não perdoa má decisão.

se escolher errado, pagará;
se escolher certo, também,
pois o destino é inevitável,
mas é certeza que vem!

⁠Título: Caldeirão.

Caldeirão, loucura e paixão,
mexe, mexe, mexe…
e o poeta se remexe.

Viver, se apaixonar e viver,
desiludir, brincar e perder,
criança sem idade de crescer.

Caldeirão, lucidez e desilusão,
mexe, mexe, mexe…
e um novo personagem aparece.

⁠Título: O Fantasma.

ilusório e presente, falso e consciente
estou e não estou, uma presença desconhecida
vivido em poesias, mas carente de epifanias

transparente e aparente
estou e não estou, no presente?
no passado? ou no futuro?

um verso, uma rima
um novo mundo
um vislumbre do desconhecido

me queres?
saibas que sumirei
mas estou aqui
então me esperes!

Precisou de mim?
estou nas sombras
suplique meu nome
eu vou agir!

cuidarei de suas feridas
tratarei com cuidado,
como uma flor
em um vaso

a beleza
não fica
em retratos
mas em fragmentos
do meu tato.

⁠Título: Primeiro Trabalho.

Nada de incrível vou contar,
Mas meu antigo serviço vou citar:
Ainda criança, PCs desmontava,
Apenas aprofundei o que já me encantava.

Estudei montagem e manutenção,
Transformei curiosidade em profissão,
E na loja de eletrônica fui trabalhar,
Sem saber bem como me comportar.

Uma visita certa vez fui fazer,
E a bicicleta, veja só, esqueci de trazer!
Meses depois, a surpresa veio então:
Estava no cliente, guardada no galpão!

Como explicar, no fim, tal situação?
Ao meu antigo patrão!

Título: Entre Marés.

Já amei tantas, em marés de emoção,
Cada uma com sua marca, sua lição.
Mas quem no meu peito fez morada?
Na caminhada do amor, me perco na estrada.

Se o passado bater, sutil na minha porta,
Que o agora me ancore, e o presente me conforte.
Não deixar o hoje fugir, e no jardim de novos sentimentos
Devo deixar a vida florir.

Quem dessas almas, na minha vida tocou?
Se o futuro as trouxer, em que rua eu vou?
Na balança do amor, quem mais vai pesar?
Nessa jornada do coração, como vou amar?

Se todas têm valor, como escolher sem dor?
Amá-las sem desespero, no peito esse calor.
E se voltarem, em novo enlace a me encontrar,
Dividido entre um novo amor, como vou lidar?

Qual caminho seguir, qual destino abraçar?
Entre amores e tempos, a vida a chamar.
A resposta no sopro do coração devo escutar.
Entre marés de amor, eu navego sem parar,

Escolhas do coração, onde vou ancorar?
No presente, eu vivo, no passado, eu aprendo,
Amar quem está comigo, é o que devo fixar.

Título: Bela.

Bela de final da tarde,
Ilusão que invade.
Foi à primeira vista,
Roubou meu coração.

Deveria ser crime:
Beleza sem filtro,
Palavras com brilho,
Pretensão sem pretensão.

Cabelos curtos, iguais aos meus,
Destaque, sem vontade.
Parece até filha de Zeus.
Brincou, me descartou...
No fim, tudo acabou.
Adeus.

⁠Título: Romeu? Não Eu!

Existem mulheres que quero esquecer,
E amores que não busco reviver.
Paixões que só trouxeram confusão,
Melhor que se afundem na indecisão.

Disse-me um dia, com a voz turva:
"Estou tão confusa..."
Perguntei: "Mas com o quê?"
Respondeu-me, com culpa:
"Não quero você."

Que tristeza amarga, eu quero apagar,
Ou que sintas em dobro o que me fez sangrar.
Não sou santo pra perdoar indecisões,
Não sou Romeu pra sofrer por paixões.

Que a dúvida queime em fogo lento,
E que Julieta vá sozinha ao esquecimento.

⁠Título: Lamúrias Rastejantes.

Se algum dia, moça, estiveres a ver esse conjunto de letras
E nesses versos você ler, saiba que eu te amei, amei sem querer,
Magoado, amedrontado, perdido em meu próprio ser.
Lhe escrevo para dizer que amei, amei, mas amei sem querer.

Em devaneios me perco, e quando menos percebo é você que vejo.
Oh, como é incompreensível essa sensação,
Eu que já achava estar são,
Em lamúrias rastejo,

Dias de completo amargor, ao qual me entreguei à dor.
Coração fraco, ao qual pensei ter blindado, vejo que uma falha
Você a de encontrado, como conseguiste?
Adentrar sem nem saber por qual caminho percorrer.

Oh, coração fraco, se você se projetasse em ser,
Eu lhe espancaria ao ponto de desaparecer.

⁠Título: Velha amiga.

Ó velha amiga, que saudades, minha querida!
Saudades de brincar na praça,
De correr descalço na calçada,
De pegar na sua mão e dançar em ritmo de balada.

É, minha amiga, o tempo tem passado,
Mas me diga, como vai aí desse lado?
O tempo traz memórias e floresce o imaginário:
O que poderia ter sido, mas impossível ser alterado.

É, amiga, meu cabelo agora está ficando branco,
Parece que o tempo não espera meus pecados.
Quem sabe te encontre em um caminhar qualquer,
Talvez já esteja nos braços de quem lhe fez mulher.

Título: Nordestino, não sinhô!

Nordestino so não,
mas João sim, cabrunco arretado,
virado no Lampião, quase São Sebastião,
Desce pra apartá-lo.

Mas João é ligeiro, quando vê Chico, logo faz peça:
"Vá embora, cabra, que aqui não tem conversa!"
A moça do lado se derrete, "Que homi macho da peste!"
Mas Chico tem dois zóis de bote, pra teste.

Com seu olhar de aço, não se intimida fácil,
mas pisca pra João, que só sorri:
"Vem cá, cabrunco, que aqui é dos mais esperto,
A Rosinha é minha, e com o resto não converso!"

A moça só observa, enciumada e encantada,
mas no sertão, quem manda é a boa risada.
Entre facão, palavrão e riso na praça,
João e Chico, dois cabras que só buscam graça!

⁠Título: Oco.

Sem sentimentos no momento,
sinto-me oco por dentro.
Nada de mal, nem bem,
sem sentimentos por ninguém.

Oscilação engraçada...
Ontem eu chorava,
hoje não sinto nada.

Como pode tal façanha?
Alguém por quem sentia,
Agora é só memória fria.
Nem bem, nem mal,
apenas ausência, fica.

Amor de poesia, vida de poeta,
Por onde andará, minha rainha perpétua?

Por ti, vaguei neste labirinto sem fim,
Mas não vejo teus passos,
Apenas fagulhas dançando em mim.

Como brasa, meu peito ainda te aquece.
Senhorita, senhorita, senhorita...
Cuidado por onde pisa!
Estou longe, e por ti há quem nada diga.
Cuidado, oh, minha querida...

Há versos que queimam sem se apagar,
E amores que não são feitos para durar.

⁠Título: Tipos e seus tipos.

Tipo eu seja veneno,
Tipo eu também cure sendo.
Tipo eu seja água,
Ainda de que tipo não entendo.

Tipo a curiosidade em forma de peça,
Tipo um oceano em verão de pesca,
Tipo o semáforo cheio lá fora,
Talvez um carro à minha espera.

Tipo palavras sem nexo,
Tipo agora que escrevo nesse verso,
Tipo eu, engraçado,
Por fim, a mentira que impera em mim.

Um abraço do tipo talvez,
que se vai entre meus braços.