Coleção pessoal de yonnemoreno
A solidão dói.
No entanto, quando eu estava quase perdendo minhas forças, ouvia a respiração dos meus filhos, a risada contagiante, a fala inocente e a alegria presente.
Então, meu corpo reagia, o ar voltava, e, devagar, tudo se encaixava novamente.
Tem vezes que o sorriso manhoso ou a gargalhada escancarada surgem de forma tão espontânea que chegam a ser engraçados, mas, ao mesmo tempo, tornam-se uma alegria contida, tão envolvente e calorosa, esperando apenas o brilho dos olhos para explodir em felicidade. Revigoro-me, pois é extasiante e empolgante; só lamento, e é uma pena, que nem sempre haja plateia.
A dor mental é tão intensa que, quando sangra, não há como estancar o sangramento. É desesperador, pois não existe pomada para aliviar, nem massagem que amenize. Essa dor é invisível aos olhos, mas profundamente sentida no coração.
As lembranças da vida são formadas por retalhos de tempo, ora felizes, ora dolorosos. No entanto, as mãos do esquecimento têm o poder de limpar o coração dos retalhos mais amargos. Para mim, a morte não é o fim, mas o início de uma nova jornada. Lamento profundamente o ocorrido e oro para que Deus lhe conceda um novo recomeço, cobrindo-o de luz. Que ele tenha partido em paz.
Sinto saudade daquele tempo em que o ar era puro, a brisa era leve e transparente, o cheiro doce do verde preenchia o ambiente, e as noites quentes eram perfumadas pela dama-da-noite. Agora, tudo o que vejo é um dia tingido de cinza, coberto de poeira. Não sinto mais a brisa, apenas um odor estranho no ar. Me pergunto: será que o mundo se transformou em um grande latão de lixo? Temo que o pior ainda está por vir.
Ao olhar para trás, observo que tudo está em seu devido lugar, conforme as minhas escolhas ao longo do meu trajeto. Segui sempre em frente, acreditando que, em algumas situações, abdiquei por ser sincera e justa, ou talvez por ser egoísta e tola, ou ainda por ser fiel e pura. Em todas as passagens, deixei doses da minha luz, ora cedendo-a para alguém, ora talvez a perdendo no além. No entanto, ao analisar minuciosamente o passado, percebo que algumas coisas não ficaram no lugar correto, não se encaixaram por completo. Porém, nada posso fazer para corrigir, pois essas pequenas desordens são falhas — algumas quase imperceptíveis, outras bem visíveis. Todos esses defeitos ou deslizes são consequências das minhas más escolhas, ou talvez de escolhas não tão boas, mas apenas sob o olhar do presente. Corrigir o passado é impossível; não há caminho de volta, o tempo é curto, a estrada é de mão única e não existem atalhos. O que podemos concluir e ter certeza nesta vida é que a morte não aceita suborno.
Há dias em que minha memória sente saudades daquele trem que, ao atravessar a ponte suspensa, me leva de volta a um tempo distante. Um tempo em que o cheiro do verde e da areia quente, misturado aos trilhos velhos e enferrujados, trazia um aroma doce e juvenil. Esse aroma penetra em mim, trazendo a nítida sensação de um “eu” puro e transparente, onde o medo não existia, nem permitia existir.
O sorriso dele era marcante, mas também era uma faca de dois gumes, uma névoa perigosa. O sorriso tem seu lado alegre e contagiante, mas pode ocultar tristeza, solidão e angústia. Sempre digo: o sorriso é uma caverna escura e profunda, difícil de enxergar o que há lá dentro. Que agora ele seja luz!
Houve um tempo em que minhas lágrimas congelaram meu coração, e meus monstros tornaram-se meus amigos, talvez por dó ou por castigo.
Sou o milagre que um dia migrou em ti, mas agora preciso partir, pois nada de novo encontrei, apenas novas barreiras, cada vez maiores. Sombras escuras tornaram-se suas únicas companheiras. Quando digo que não és o senhor de mim, acredito que você entende o que quero dizer. Sua boca sorri, mas seus olhos me leem erroneamente, como sempre. Vives como um santo, mas sem aprender nada! Habito no esterco deste amor e, às vezes, penso que não vale a pena. Mas quando o bem chega, tudo vale, tudo impera, tudo brilha e me inspira. Olhando para trás, vejo mil estrelas brilhando intensamente—era o que eu enxergava em seus olhos. Tudo foi bom, e caminhei anos-luz sob o brilho desse sentimento, mas o apagão destruiu a ponte que nos unia. Então, beba a mídia, se isso o faz sentir-se melhor.
Caminhamos pela estrada do tempo e, em determinado momento, chegamos a uma fase intrigante, onde a saudade se dissolve em lembrança, dando lugar a um sentimento sem dor e sem cor, transformando uma memória pessoal em uma memória perdida, mas ainda assim, não extinta.
Admiro os estudiosos, mas há certos momentos em que se tornam patéticos. Não censuro, apenas reverencio.
Agora estou indo para o modo off.
Mais tarde, perca-se em mim sem horário e sem pressa. Venha me ouvir. Estou aqui. Hoje estou sensível, e você pode me ler. Sou um para-raio que se fragmenta em algum momento, e sim, somos campeões da sobrevivência porque ainda existe uma fina máscara sobre nós. Será que é uma alucinação que surge? Mas fique ciente e esperto, pois já escaneei esse seu sentimento. Já são 7 horas e eu vou embora. Sinto uma negação pairando, não quero policiar e vê-lo. Não consigo encarar seus olhos, nem mesmo seus sentimentos. Será que vou derramar esse ar que pesa só em mim sobre você? Você é a minha fonte de dor. É melhor eu partir, pois agora consigo ver claramente o todo da pior parte de você.
Queria ouvir sua música e cantar para você, pois há momentos em que o amor se dissolve, e nessas horas, uma tensão nos envolve, deixando perguntas sem resposta pairando sobre mim.
Viver é trilhar, é caminhar, e quando o amor floresce, ficamos bobos, entramos em estado de euforia. A alegria e os sorrisos transbordam, e ninguém precisa questionar onde vive o amor, pois ele se manifesta de sorriso em sorriso, mergulhando nos corações, abraçando almas, voando até as estrelas e retornando. E assim, tudo recomeça, em traços enlouquecidos e descompassados, em um eterno looping extasiante e gratificante.
Nesses momentos, percebo que, quando o coração sente, ele busca a boca e as mãos para o abraço. No entanto, temo que essa emoção quase estonteante nem sempre seja segura, tenho medo das sequelas quando tudo acabar, porque nada é para sempre. Mas quer saber? O amor, claro e transparente, revela-se como a cura das almas.
Nos meus sonhos, a cor azul dizia que minhas poesias são ricas em sintonias, sustentando-me e dando um brilho que me iluminava.
No espelho da vida, não vejo sua figura refletida, e isso faz com que apenas meu eu traduza essa anomalia, pois sei que sua imagem não tem mais luz. Entro em um estado quase de transe ao lembrar do momento em que o vi partir.
Mergulhando em mim, vi uma nova luz nascer, límpida e cristalina. Percebi que, em cada abraço, uma luz surgia. Era assim que o eco da felicidade ressoava. Foi assim que a minha alegria começou a surgir novamente, clara e leve.