Coleção pessoal de writerbook
Nas festas de São João
Eu passava as noites na porta de casa
Distante da fogueira
Que queimava
Eu fazia cara feia
Desaprovando toda aquela fumaça
Só depois voltava
Para me aquecer perto das brasas
Ciente do tempo perdido
Enganando a mim mesmo
Dizendo que tudo aquilo
Que eu tinha feito
Não seria em vão
Quando você chegava
Fazia tudo para eu perceber
Fazia de conta que não me via
E eu te encarava
Pensava
Naquela rua calma
Que o meu maior erro
Foi você
Mesmo que eu não pudesse esquecer
Não era meu tipo se arrepender
Mas olha que ironia
Eu estava ali
Sentado no meio-fio
Sorrindo
Dos frutos do meio termo
De meio caminho andado
Lembrando do que eu fiz
Pra te ver
Lembrando do que eu não fiz
Pra te ter.
Mantinha os olhos no céu negro
De uma única nuvem prateada
Tinha os pés no chão
O mundo nas mãos
Mas você que é bom
Nada.
Tu fora a ventania
Que me causou tempestade;
Nós dois
Contínuos.
Quando pararmos
Quem será
Nosso sol?
E depois daquele beijo eu quis dizer: te amo. Mas me lembrei que estava beijando outra boca, e não a sua.
O passado era nostalgia
Um energético doloroso nas veias.
O passado era droga para o coração
Já condenado pelo vício
Porque não sabe viver mais.
Foi à meia-noite
Daquele dia,
Larguei os cigarros
Cobri-me de sorrisos
Resplandeci a volta.
Ao mergulho de cabeça
De ponta
No escuro
No curto segundo
Do cintilar dos olhares.
À meia-volta
Eu estive lá
Despido pela brisa.
Mostrei-me
Esperei-te
No escuro.
À meia-noite
Numa meia-volta
Que estive
E ceguei-me.
Acreditei
No nada,
Que leva tua feição,
Para fazer-me bem.
Mas nada
Só faz bem
Ao não procurar por alguém.
Ceguei-me
.