Coleção pessoal de William-Shakespeare
Na vida moderna todos somos links, uns mais compartilhados que outros. Mas no fim das contas todos somos apenas isso... links. Frios, impessoais... Apenas links.
O que humilha, desumaniza e até denigre a própria dignidade do ser humano não é a sua pobreza material, mas a sua miséria mental.
O homem de coração obstinado não se arrepende e nem perdoa, nem mesmo quando o seu estado paliativo lhe presenteia com a palidez dos moribundos - aquela que anuncia a proximidade inexorável da sentença final.
O mal nunca vai estar acima do bem. Pode até humilhá-lo, machucá-lo, prendê-lo, ferir-lhe a autoestima ou traumatizar-lhe profundamente a alma; às vezes até mesmo matá-lo. Mas o mal sempre será apenas isso, uma sombra negra, um empecilho no caminho do íntegro. O justo, porém, mesmo aos trancos e barrancos, sempre terá a luz da justiça para lhe guiar sobre os obstáculos impostos pelas trevas. E seu sono será sereno, mesmo em face da morte iminente. Enquanto isso os pesadelos assolam o injusto em seu travesseiro cheio de ciúme, inveja, maquinações e ansiedades.
Defendo a razão com a ousadia de quem detém a verdade. Porém, mesmo o homem mais justo às vezes precisa adiar a hora da justiça a fim de evitar a calamidade. Afinal, razoabilidade e sensatez são uma necessidade quando se lida com estúpidos, pois eles se esquivam da verdade e desconhecem a razão.
A juventude é um breve chamuscar, uma ilusão de eternidade que reluz no crepúsculo e se desvanece na aurora.
Alexandra ergueu as pálpebras pesadas pelas gotas sedativas do clonazepam e me olhou involuntariamente como se contemplasse apenas o vazio.
- Pai, cadê a Flora?
- Hã?
- A Flora?
- Hã?
- A Flora
- Hã?
- A Flora?
Só então caí na real de sua semiconsciência.
- Dorme, querida, dorme.
Ela voltou ao mundo dos sonhos. Era apenas um daqueles pequenos delírios que temos enquanto dormimos e que por alguma razão agimos
como se estivéssemos acordados, mas na verdade estamos apenas devaneando numa subconsciência que beira a razão.
No fim das contas não nos lembraremos de nadica de nada ao despertar de fato. Mas aí fiquei eu com a inquietante pergunta:
Com o que ou com quem ela estava sonhando? Quem é Flora? Seria o amigo [ou amiga] imaginário de quem ela já me falou várias vezes,
mas que eu nunca levei a sério?
A simpatia saudou a empatia:
- Nossa, como você é simpática!
Ao que a empatia respondeu afável:
- Obrigada! Você emana empatia!
A antipatia resmungou, irritada:
- Quanta frescura! Ai que nojo!
Meu silêncio é um grito de socorro
Minhas lágrimas são solidão
Meus sonhos são feitos de espinhos
Minha realidade é só escuridão.
Me tornei folha ao vento,
sem rumo e sem destino.
Que desatino - de homem a menino
No endereço de todos os perdidos:
Avenida dos Desesperados,
número zero à esquerda.
A mente de um inimigo sagaz é uma odisséia de maquinações,
mas nenhum mal pode se comparar ao coração frio de uma mulher magoada. O inimigo mata seu oponente dentro das regras e honra que norteiam as ações de um guerreiro. A mulher magoada, porém, é um oceano de ira ardente que só se aplaca com a insanidade.
Fui à guerra e conheci o medo, a insanidade e a morte.
E foi no campo de batalha que descobri uma verdade:
Na guerra coragem nada mais é que desespero por sobrevivência.
O covarde almoça a carne do seu pai e janta a carne de sua própria mãe. Sem remorso ele vive, pois seu coração é uma pedra de gelo e o egoísmo é seu conselheiro.
A testemunha falsa ri agora, mas não escapará às lágrimas, pois a vida é implacável com os covardes.
O preguiçoso é imprestável e oportunista, mas no frio do inverno ele dormirá no relento e comerá sua própria carne.