Coleção pessoal de viviane_1
Acontece que eu sou fraca. Eu perdi. Perdi o desejo, perdi a força. Em algum momento eu me perdi de tudo, fiquei com raiva, fiquei amarga. Eu não consigo me perdoar. As vezes sinto vontade de deixar tudo para traz.
Mas eu tenho necessidade de solidão, isto é, de curar-me, de tornar a ser o que fui, de respirar uma atmosfera livre, leve, forte...
É certo que sou uma floresta e uma noite de árvores escuras: mas quem não receia minha escuridão, também encontra rosas sob os meus ciprestes.
Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.
Lembranças podem aquecer você por dentro. Mas, ao mesmo tempo, são capazes de estraçalhar você internamente.
Talvez não tenha nada a ver com o momento errado, e é por isso que o universo nunca permitirá que nos alinhemos. Não importa quão forte seja a atração da alma, algumas histórias simplesmente não estão destinadas a serem nossas.
Sou mestre na arte de falar em silêncio. Passei a minha vida toda conversando em silêncio, e em silêncio acabei vivendo tragédias inteiras comigo mesmo.
Quando o silêncio e a solidão caem sobre mim e à minha volta, esmago-me cortado como gelo. Às vezes preciso falar em voz alta, mesmo que seja para provar que estou vivo.
Às vezes, não queremos nos curar, porque a dor é o último vínculo que temos com a pessoa que nos deixou.
Imagine quantos pensamentos um cobertor sufoca enquanto alguém está deitado sozinho na cama, e quantos sonhos infelizes ele mantém aquecido.
É difícil não se sentir quebrado quando você está sempre quieto o suficiente para ouvir suas peças chacoalharem.
Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo.
Alguém que amei uma vez me deu uma caixa cheia de escuridão. Levei anos para entender que isso também era um presente.
No segundo que ela abriu seus olhos e olhou pra mim, eu soube. Ela seria a minha morte... ou ela seria aquela que finalmente me traria de volta à vida.
Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir – viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.