Coleção pessoal de vitorap

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Apenas outras ideias

A partida começa. Pedi cara, a Vida pediu coroa. Não me surpreendi, ela ganhou. Então eu fiquei com as pretas.
1.e4
-Surpreendente! A Vida falou sorrindo. Mais um ser humano que deseja jogar contra mim. O que faz você pensar que é diferente dos outros?
Nc6
Em um tom sarcástico eu disse:
-Eu acabo de nascer e a primeira coisa que ouvi é que somos únicos, insubstituíveis. Já você é bem antiga e conheceu todo o tipo de ser, mas não todos. Eu sou um elemento surpresa.
2.Bc4
Ela deu uma gargalhada. Fez uma expressão cínica e disse:
- Mais ou menos 4,5 bilhões de anos e eles continuam com o mesmo discurso. É verdade que você é único, mas não tenha a audácia de pensar que tudo o que você faz, pensa ou sente seja inédito para mim. Diferente de você que conhece o passado de apenas alguns anos e um presente de alguns minutos, além disso, e muito mais eu posso ver o futuro. Ou seja, sem querer trapacear, mas já trapaceando, eu sei o que você fará no tabuleiro.
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Eu abismado com aquela declaração, e sem ação, acabei balbuciando:
-Mas... Mas... Então, por quê?
3.Qh5
Toda aquela expressão confiante se converteu em ira, ela aparentava estar zangada e respondeu:
-Seres petulantes. Eu não sei a resposta. E invejo os seres humanos por isso. Eu sei que vou ganhar o jogo, eu sei o que aconteceu, o que acontece e o que acontecerá, mas não sei o porquê. Eu não preciso questionar, fatos são fatos.
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Eu levantei, segurei a mão da Vida e fizemos o último movimento.
4.Qxf7#
-Mate! Eu exclamei sorrindo.
A Vida atônita com o meu ato, falou:
- O outro lugar está vazio.
Dando as costas ao tabuleiro, reparei que ela queria uma satisfação, e brinquei:
- Este é o nosso oponente, o vazio. Você não estava jogando contra mim, e percebi que você também não era meu oponente. Lutamos contra o vazio que até mesmo a Vida sente. Você por algum motivo não pode questionar, eu não posso simplesmente aceitar, e o espaço entre nossos atos não nos tornam necessariamente inimigos.
E mais uma vez, ela sorriu:
- Eu sabia que você ia dizer isso e mesmo assim não acreditei. A maioria das pessoas simplesmente não aceita o que acontece, e lutam para mudar os fatos. É inútil. Poucas percebem que eu não sou responsável por prazeres ou sofrimentos.
Eu saindo da sala perguntei:
- E você vai continuar ai?
- Alguém precisa ensinar os outros a jogar.
E fui embora satisfeito.

Veja por dentro

Fecho os olhos esperando que tudo escureça
Com medo que talvez alguém me esqueça
E como um ser sem história, sem derrota ou vitória
Eu padeça com o sinônimo de escória.

Tenho medo do corpo não ser suficiente
Ao encarar todos os problemas de frente,
Quero esboçar um sorriso sincero
Para que saibam que protejo o que mais quero.

Temo que meu nome seja sussurrado
Pelos lábios que tanto almejei ter beijado,
Como seu fosse apenas mais um amigo,
Mesmo que eu tenha guardado tudo comigo.

Existem sorrisos que devem ser conservados
Assim como sentimentos que não devem ser fustigados,
Mas prefiro apreciar de longe a beleza
De uma musa, talvez duas, que inspiram medo e incerteza.

"Quando mais novo, sempre pensei que os adultos tinham a resposta para tudo. Bem, as coisas não são bem assim, e se alguém parar para observar ao redor verão que eles são crianças muito experientes."

Uma breve passagem

Passos ao corredor
Onde há apenas uma direção
Palpitações no coração
Suor gélido e tremor.

Cabeças baixas a olhar para o chão
Evitando o jogo de olhares
Para não denunciar aqueles ares
E não deixar escapar uma emoção.

E assim vão se aproximando...
E no pensamento de pelo menos um
Pode não existir interesse algum,
Mas o outro pode estar amando.

Probabilidades e possibilidades
Confrontam com fantasias e nostalgias
Para que as cordas vocais vibrem como sinfonias
Para que haja comunicabilidade.

Abortando a ideia do discurso
Passam um pelo outro sem se olhar,
Mas uma das partes sente uma falta de ar
E cada qual segue o seu curso.

Eu sou um em aproximadamente 6 bilhões de pessoas. Compartilho da mesma fonte luminosa que os outros. Apresento os mesmos medos, vaidades, objetivos que muitos. A história foi construída por homens como eu. Então é meu dever deixar a minha marca neste mundo, para que assim todos percebam que o ser humano não deixou de fazer história.

Antes de seguir com mais uma ideia, preciso que vocês entendam o que realmente estão lendo para que não aconteçam confusões. Na minha opinião a vida não tem sentido. Calma, não sou suicida, de jeito algum, o que quis de dizer é que ela já tem um cronograma a seguir: nascer-crescer-morrer. Todos estamos sujeitos à isso, então não há muito o que questionar (para os que gostam de questionar sobre o que acontece depois da morte, parem de bater a cabeça e esperem só mais um pouco!). Como o tabuleiro já estava construído quando eu nasci, ao invés de simplesmente jogar, eu decidi fazer do jogo que é a vida meu laboratório de estudos sobre o que realmente estou gastando meu tempo. Tudo o que vocês leram com o título Apenas outras ideias são resultados de minhas observações, indagações e experiências que fui adquirindo ao longo do tempo. E como os tempos mudam minhas ideias também estão sujeitas a mudanças. O meu objetivo é fazer com que o leitor perceba que viver não é um ato inconsciente, mas que tudo o que ocorre na esfera social apresentam uma razão para ser/acontecer. (V.H.S.C.)

Apenas outras ideias

Instinto, razão e cultura, o triangulo amoroso mais antigo que conheço. Ah, vou utilizar um pouco da minha lírica para desenvolver essa ideia, mas depois retomo de uma maneira mais cientifica. Quando a razão e a cultura estão muito íntimas, o instinto se isola sentindo-se desnecessário. Se a relação entre o instinto e a cultura é intensa, a razão se sente ofendida. E digamos que a razão e o instinto têm uma relação de amor e ódio. Se eu fosse resumir séculos de estudos sobre relações humanas, utilizaria essas três palavras. Pense no conceito de sociedade, que independente do dicionário utilizado, baseia-se nas relações humanas que têm como base a cultura de certo grupo em conjunto com a razão e o instinto dos indivíduos. E é importante salientar que tanto a razão quanto o instinto e a cultural são dinâmicas, variando assim de acordo com a história e pautando tanto a relação entre seres humanos quanto a relação homem e natureza. O homem da caverna tinha seu instinto que era responsável pela sua sobrevivência, apresentava uma cultura que depreendia o modo de como se comportavam, e a razão da qual ajudava na percepção de mudanças no meio, no uso do natural para facilitar a caça, entre outras coisas. Se formos analisar as civilizações, os impérios, ou as potencias econômicas de hoje, notaremos que cada qual se difere nessas três palavras.
Se as pessoas entendessem isso, teríamos menos preconceito e mais compreensão sobre o convívio social. Ao longo da história sempre tivemos expansão de povos sobre outros povos, concomitantemente a tentativa de subjugar a cultura, a razão e o instinto dos outros, como por exemplo, a ideia novo mundo para as Américas, eurocentrismo, ou até mesmo a escravidão. Ideais que foram perfeitamente aceitos em suas épocas, mas contemporaneamente podem acarretar espanto.
Este texto é apenas uma reflexão para gerar outra e assim por diante como um efeito dominó, mas se precisarem de uma conclusão, pensem! Se o homem pode realmente alcançar algum equilíbrio interno (eu), ou externo (ele, ou ambiente), por que não começar por essas três ideias que nos acompanharam tanto tempo, até mesmo antes de se tornarem palavras?

Não vim com o prazo de validade explicito, e pouco sei sobre o significado de tudo isso. Com a mesma efemeridade que nasci, eu partirei. O impacto da minha existência só pode ser determinada por mim. Porém aqueles que um dia entenderem o significado do meu nome para o mundo, não saberão por completo, pois acredito que nem mesmo eu vou descobrir antes do final. (V.H.S.C.) Como a vida pode ser bela...

Se ainda não entendeu

Eu irei olhar,
Mas não verei.
Vou escutar,
Mas não ouvirei.
Posso falar,
Mas não direi nada.
Aprovo os sentimentos,
Mas reivindico minhas emoções.
Acredito no conhecimento,
Mas duvido das soluções.
Um dia posso te amar,
Mas nada vou te dizer,
Não tenho nada para compartilhar
E pouco a oferecer.

Uma vez amei uma ideia que tomou a forma de uma mulher, outra, eu amei uma mulher que não passava de uma ideia.

Questionário

Escrevo em folhas soltas
Perguntas que um dia alguém vai responder
Indagações bobas
Mas que não são fáceis de entender.
Quando terminei a lista
Havia cinco tópicos
E uma pista:
1-O que realmente vale a pena amar?
2-Pelo o que devo morrer?
3-O que sobre o universo devo saber?
4-No que devo me tornar?
5-O que eu realmente devo apreciar?
Conserve sua liberdade,
Sua vontade em ser,
Sua arte em pensar,
A natureza que não se pode comprar
Ou corromper.

Tempo

Um segundo,
Oitenta e seis mil e quatrocentos segundos
Um minuto,
Mil quatrocentos e quarenta minutos
Uma hora,
Vinte e quatro horas
Uma eternidade,
Alguns momentos apenas.

Monstros e príncipes, anjos e demônios, vampiros e lobisomens, homens e fantasmas; figuras que representam nossas virtudes um tanto que distorcidas, mas que demonstram que o ser, por vezes, não é uma ação equilibrada.

Apenas outras ideias

A verdadeira moeda de troca não tem peso, não tem valor para quem não sabe usar e é adquirida ao longo da vida, apesar de alguns já nascerem com certa facilidade em enriquecer.
Para os que ainda não perceberam que estou falando do conhecimento, e para os que agora levantaram suas ideias céticas sobre o assunto, peço que acordem só um instante e depois voltem para esse grande
teatro que é a sociedade.
O ensino é elitista (Por favor, não venham com argumentos baratos, uma pessoa que passa em 8 vestibulares em diferentes partes do país sem usar o ENEM, por exemplo, não tem como ser pobre!), e acredito que não seja só no Brasil. Usei esse argumento apenas para falar do Capitalismo. Perceba a relação.
Pense na vida como um tabuleiro de Banco Imobiliário, eu acho que jogar dados, comprar ruas e apartamentos, enriquecer ao empobrecer o oponente parece ser fácil. Porém quando o oponente aprende realmente como jogar, as coisas ficam mais complicadas... Você pensa que o grande jogo que é o mercado aceita qualquer jogador? Não, e é aqui que se encontra o capitalismo, a primeira barreira “natural” que permite que só os grandes joguem. Isso implica em dizer que é necessário que a massa não tenha conhecimento, que haja novela das nove, que o estado se ausente da economia. Meu caro Addam Smith, alguns soros nunca foram tão tóxicos!
Nossa! Parecem que brasileiros estão ganhando Olimpíadas cientificas fora do Brasil. Que orgulho! E quando um ribeirinho, ou até mesmo um menino que pede dinheiro quando o semáforo fecha terão essa oportunidade? Não, o capitalismo não é cruel, a ignorância é.
O que eu estou pedindo é que entendam que o jogo do mercado não tem espaço suficiente para todos, e os que já estão jogando evitam que apareçam exímios jogadores. Como pessoas não duram para sempre, os que já estão tomando conta do tabuleiro preparam seus filhos para que assumam a “empresa da família”.
Eu poderia muito bem queimar todas as notas das diferentes moedas nacionais que o mundo não acabaria, mas agora dê conhecimento a uma pessoa para ver se ela não o destrói claro com o devido incentivo. O ser humano desvalorizou tanto sua capacidade que acaba se prostituindo por um pedaço de papel (o mais absurdo é que isso é sinônimo de riqueza).
Estamos alienados de tal forma que por algum motivo tudo isso que citei acima parece ser normal. Quando digo alienado, não me refiro apenas àqueles que são ignorantes por falta de oportunidade, incluo nesse pacote grandes mentes que embora brilhantes não percebam, ou simplesmente ignoram o que acontece.
E para terminar essa pequena ideia, modifico um dito popular para que se torne menos metafórico e mais verossímil: na nossa realidade quem percebe o que está acontecendo não é rei, mas tem a oportunidade de ser um belo jogador.

Você não está aqui

Por que você nunca leu meus poemas?
Você não podia, não estava do meu lado
Enquanto eu escrevia.
Acordo toda manhã pensando em vê-la
Entre sombras de mulheres que conheço
E você não está lá.
Então invento diversos mundos
Abismos profundos, para guardar
A sua última lembrança
A pequena parte do seu ser
Que eu carrego comigo
Com a promessa de nunca esquecer.
O meu passado é salgado
Por que tem gosto das lágrimas
Que derramei na hora que percebi
Que não iriamos mais nos ver.
Eu fiz de você uma mulher imortal
Que nunca envelhecerá e sempre será bela
Aqui dentro da alma de um ser sentimental.
E você não lerá esse poema,
Por que não a vejo do meu lado.

Seu corpo

Mostre-me a beleza
Deixe-me provar da sutileza
Da tamanha delicadeza
Que é o seu corpo.

Abençoe os meus versos
Com beijos diversos
Com olhares e mistérios
Do seu corpo.

Encante-me com belos movimentos
Faça-me esquecer dos lamentos
E todo tipo de sofrimento
Que tive longe do seu corpo.

Vejo nos seus olhos sua alma
Minha amante, mulher calma
Aquela que começou todo esse trauma
Apenas, por que eu estava longe do seu corpo.

Por um momento, pare.

Brinque com minha alma
Confunda meus sentimentos
Desorganize meus pensamentos
Diga que me ama.
Chore de emoção
Olhe e enxergue a verdade
Por trás desta monstruosidade
Faça palpitar seu coração.
Torne suas ambiguidades
Incompreensíveis soluções
Para as mais estranhas emoções
E suas complexidades.
E agora quero te machucar
Pegar de volta tudo o que roubou
Os anos que você me tirou,
Nem ao menos consigo chorar.
Olhe nos meus olhos pela última vez
E não se arrependa agora do que fez.

Quando se conhece a morte, percebe-se que um instante nunca foi tão infinito.

Enquanto eu estava perto

Vi você voltando,
Arrependida, assustada, amando
Sorri sendo sincero,
Enlouqueço enquanto espero
Seus sutis sentimentos.
Leves lembranças, lamentos
Daquele dito desumano
Instável, incompreensível insano
Que quis quebra-la.
Restou resolver rouba-la
Tirar todos tormentos
Seus sórdidos sofrimentos.

Ei você
Sorria você está sendo filmado
não se preocupe em ser feliz
Não final do dia você será obrigado,
“tudo vai dar certo”, sempre alguém diz.
Que cansaço, abro a janela
O céu tá em chamas
Ligo o fogão, feijão na panela,
Ninguém liga, ninguém reclama.
Olhem ao redor,
Tudo está belamente destruído
E dizem querer um mundo melhor,
Até agora nada foi construído.
Falam tanto em poluição ambiental,
Esqueceram que a poluição humana é fatal,
Destroem com tanta dor e violência
A única coisa que temos ao nascer,
Inocência.

" E um dia, um pobre diabo se apaixonou por uma bela dama, e ao ver que não tinha recursos para competir com os outros pretendentes que ela tinha, aquele desgraçado homem arrancou o próprio coração e confinou em um baú. Dias depois a moça viu diante a porta de sua casa um tesouro, que continha um bilhete:
Eu não poderia força-la a me amar, e não posso proporcionar-te o que mereces, então toma a única coisa que me diferencia das outras bestas. Tome conta mesmo que nunca saiba a quem pertenceu."