Coleção pessoal de VBMello
A eternidade é o instante do coração
Por isso, o coração não faz voltas
Vai de um ponto a outro - numa linha reta
Somente depois, muito lentamente surge a razão
Dando voltas, parando, cortando, medindo, analisando, julgando
Condenando e se perdendo nos labirintos dos dias
Dos tempos e dos espaços - Indo, vindo, retornando
E pegando atalhos para seguir em frente
E tudo, enfim... Para desvendar os segredos
Que o coração sabe - num instante de eternidade...
Então, o vento veio
E levou tudo
E me deixou
Desde então
Ando a procura de ventanias
Que me arranquem – com raiz e tudo
Deste chão - onde eu fiquei pregado pelo medo
A alma acostumada
A navegar
Em mares sombrios
E tempestuosos
Nas manhãs de calmaria
Desencanta-se...
O que é isso, o poeta?
Poeta é aquele ser estranho
E cujas palavras
Eu encontro palavras
Para explicar a minha dor
E o meu amor
Sob a face serena
E o olhar tranquilo
No fundo do peito
Acima de qualquer suspeita
Há sempre um vulcão
Louco para entrar em erupção
Foi há muito tempo
Mas eu ainda me lembro
Como se fosse hoje
Por amor a um grande amor
Deixe de viver um grande amor
Perdoar é fazer as pazes
Com o próprio coração
*
Não existe paz interior
Onde existe indisposição
Para o perdão...
*
A liberdade da vida interior
Começa pela disposição de perdoar
E perdoar até setenta vezes sete
Contra o luto
Eu não luto
Nem reluto
O Senhor deu
O Senhor levou
Louvemos ao Senhor
Porque ele é Deus
E sabe o que faz
*
Mas eu choro até as minhas lágrimas secarem
Porque é grande a minha saudade...
Na minha alma – no meu coração – na minha mente
Em mim - os meus mortos ainda vivem
Sim, eu já caí demais para me iludir
Dizendo que sou um bom equilibrista
Perdoem-me os que vão correndo
Perdoem-me mais ainda
Os que vão voando
Porque eu – que não tenho asas
Nem sou bom de corrida
É no colo de Deus
Que sigo em frente...
Não tenha medo de sonhar
Sonhe sempre
Mas nunca se esqueça de que
Mais do que para quem sonha
Os sonhos são para quem crê