Coleção pessoal de VandalismoPoetico

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Assim bem eu quis,
Agradar gregos e goianos,
Com ideais ascéticos, arsênicos, românticos,
Um certo lirismo de raiz.

Após ter atingido,
Meu ilícito objetivo
Agora viro o disco,
Correndo o risco,
Por um triz:
De ser entendido
Visto e sentido,
Como indigno,
Um estoico aprendiz.

Somos gados humilhados,
Carnívoros ou não,
Bípedes, até que se prove o contrário,
Às vezes,
Quadrúpedes por educação.

O verdadeiro poeta
É aquele que sabe
Expressar seus sentimentos
Não em palavras,
Mas sim com a boca
Entre as pernas de sua amada.

Sou eu impresso,
Expresso na fotografia,
No momento em que a alma perdia.

O amor
É uma decadência poética,
O fim de toda inspiração.
A última cena da última peça.
Da última ceia,
O último pão.

Civil:
- Cê viu?
- Se vira!

Direitos humanos
libertam animais,
enquanto verdadeiros humanos
são trancafiados
por seus ideais.

P(ê)q(ê)
V(ê)c(ê)
T(ê)b(ê)
T(ê)c(ê)

e assim mesmo
conseguimos
nos entender...

Vim de dois partos,
O materno e o mundano.
Duas criações distintas,
Não sei qual a correta.

Por minha mãe
Seria eu padre,
Mas o mundo me quis poeta.

Um cheira cola,
cheirando cola
numa garrafa
de coca cola...

Primeiro mundo,
Terceiro mundo,
eu aqui abismado
no plano de fundo.

As borboletas vivem 24 horas,
as baratas sobrevivem a bomba atômica.
- beleza efêmera.

Toda manhã faço I Ching,
não por brincadeira,
até porque o Tao Te Ching
é meu livro de cabeceira.

sempre que possível,
tento praticar o tantra,
e quando em desespero me sinto,
entoar um mantra.

O Bhagavad Gita escolhi
para canção de minha vida,
E a doutrina de Siddharta Gautama
faz minha alma instruída.

Para a paz no amor
e o oposto dela,
me guio em Sun Tzu
e sua arte da guerra.

toda energia negativa
que até a mim vem,
tento devolver
de uma maneira Zen.

aceito de bom grado
o que o Yin e Yang
vem me reservado
e para a fluidez desta vida
que efêmera vai,
tento imortalizar o momento
nos três versos de um Haikai.

Não me defino substancia,
Nem mesmo substrato.
Mas sim, coisa coisificada,
Às vezes, nada nadificado.

Não sei se creio no motor imóvel,
Em demiurgo
Ou que deus esta morto.

Só creio na minha filosofia,
Escrita como poesia,
Como um pensar estético, marginal e torto.

Estou por ai,
No pantarei da vida,
Na sociedade alternativa,
Viajando no transe intransitório
Da minha maionese artesanal.

O cotidiano é afronta
À minha potência intuitiva
Mas meu córtex trabalha
Ininterruptamente
À margem do real.

Memória

A memória que desnuda profunda
Mas sobressalta e flutua
Na boca do abismo do esquecimento.

Esquecimento

O esquecimento que sôfrego
Enlaça um combate
Que ao menos almeja um empate
Mas que falha e se cobre
Com o véu de maia do perdão.

Perdão

O perdão que martiriza a alma
Que internaliza a ferida
Ao tentar apagá-la
Mas que não cumpre sua promessa.

Promessa

A promessa criadora de elos,
Passível a traições tal como Eros,
Que busca manter o acordo
Mas não controla a revolta,
Do que dentro pulsa latente,

Memória.

É em noites como essa que pessoas se matam,
noites de insight's, noites de insonia,
noites que não se acabam.

Noites em trevas,
Em uma cidade que é um cú,
e nós, suas pregas.

Nós que nos esbarramos,
em grupos, como gados,
acorrentados ao cotidiano,
nós nos encurralamos.

Noites em que a vida, sem via,
segue seu plano,
enquanto nós ingenuamente acreditamos,
que somos nós que a planejamos.

Não da para ficar falando
das palmeiras de nossa terra,
quando o povo não tem acesso a ela,
para sobreviver ou se enterrar.

Não da para ficar falando
do canto do sabiá,
quando a saúde pública é saúva,
e aquilo que a pátria recebe
não é o que a pátria nos dá.

Resumo do dia:
corpo no cio,
cama vazia.

Dentro de um fusca 78,
bege jangada,
com um lirismo niilista,
dentro da alma.

Febre da alma,
tarde de cama,
um trago no café sem sabor -
inflamação na garganta.

Manoel Bandeira
me acompanha,
pelas horas entre cobertas,
no rádio noticias me atingem
de falcatruas descobertas.

presos políticos de outrora
são políticos presos de agora,
e nada mais me surpreende
nem a desilusão cada vez mais frequente.

dormente,
não vejo nada que mereça meus versos com urgência,
a não ser um maldito mosquito
Com quem travo uma luta por conveniência...