Coleção pessoal de Valnia
Diante da imensidão do universo viajo pelas muitas moradas na esperança de reencontrar o meu eu em expansão.
Valnia Véras
Muitas cores no caminho
Inúmeros espinhos entre as belas flores...
Faces ocultadas por tirânicas verdades
Lágrimas vertidas em nome de um conceito vazio...
Diante do belo arco-íris a vida se renova
trazendo à tona tesouros inestimáveis...
Retratos de Amor e de Inclusão.
Valnia Véras
Há no céu tantas estrelas
que não consigo alcançar.
Mas guardo a lembrança no peito
de cada uma a bailar.
Com o vento soprando leve
os meus cabelos em desalinho,
sinto o correr das horas...
Em cada passo, pelo caminho.
Valnia Véras
O pensamento voa longe
rumo às campinas e às montanhas.
Nas paisagens verdejantes
repousam as vozes do lugar.
As ovelhas na estrada
passeando em desalinho,
sem cercas ou obstáculos,
serenas pelo caminho.
Eis que de repende,
o cenário se transforma
e nos causa comoção.
Surgem abismos gigantes,
pedras muito grandes
e caminhos sem direção.
Na estrada é só barreira
e na vida solidão.
Aperto os olhos novamente
na esperança de mudar
toda aquela imagem tosca
que me segue sem parar.
Rogo a Deus por piedade,
suplico por caridade
do pesadelo acordar.
A porteira enfim se abre
para a ovelha atravessar.
Ouço o canto das aves.
Sinto o toque do plantar.
Cheiro o perfume das flores
Que enfeitam o lugar.
Respiro aliviado.
Já chegou o amanhecer.
Levanto ligeiro da rede
para o santo agradecer.
Pés calcados, corpo vestido,
destino a se desenhar.
O esboço se alinha
com o desejo de mudar.
.
A cortina de seda marinho cobre os sonhos da menina, provocando lamentos sentidos e tristes melodias pelo ar.
Eis que bem na pontinha do tecido, um belo bordado branco se desnuda tímido ante os raios do luar.
O semblante inteiro muda o tecido furta-cor, as figuras transmutando, saltitando dor e cor...
E os pontilhados insistentes pingam no coração da gente nos fazendo um sonhador.
Com meu melhor sorriso e um brilho no olhar,
caminho ao lado do tempo
instigando o semear.
Hoje, ensaio os traços no vento
Amanhã, pinto estrelas ao luar.
Valnia Véras
As horas passam serenas
nos ensinando a esperar,
dosando cada lágrima
até o sorriso chegar.
Valnia Véras
Ouço a melodia do vento
Vejo os lampejos no ar
Canto com os passarinhos
Espalho os véus ao luar
Com o vento vêm os amores
Em lampejos de luz cintilar
Nos ninhos, ausentes pudores
Uníssonos …
Em flor rutilar.
As horas passam vagarosamente,
fazendo do silêncio o meu fiel companheiro.
Diante do relógio mudo,
ouço apenas o ressonar do tempo ao meu ouvido...
No filme, escondido na fita cassete,
registros das lamúrias e dos sorrisos
perdidos no tempo timoneiro,
que já cansado voa em direção ao infinito.
O sorriso gigante esconde um grito calado pela força das circunstâncias. Embora as palavras não possam ser pronunciadas, o amor e a esperança estrelados no peito anunciam dias melhores.
Valnia Véras
Por entre as cortinas da existência, surgem os sorrisos, os afagos, os amigos…
Em qualquer canto,
uma canção,
um alento,
um sussurro em oração.
Uma paleta de cores.
Sem amores.
Uma paleta de aparência.
Sem essência.
Engessada!
Cansada!
Esgotada!
Gravada.
No fundo de uma caixinha compartimentada.
Rascunhada ...
Num leque sem flores.
Valnia Véras
A lágrima repousa diante do pequenino espelho
ensaiando, espreitando-se...
Face a surpresa da menina.
No cristalino cintila a notícia televisiva
APRISIONANTE, indigna de um relance,
QUIÇÁ de um breve olhar.
Os vagalumes chegam tímidos diante da escuridão,
mas pouco a pouco, corpo a corpo traçam um caminho de estrelas,
enfeitando a amplidão.
Tal qual os vagalumes, transmuta-se meu coração,
que sentindo tua presença, os teus passos na estrada...
Alumia de alegria, registrando poesia
e soprando pra bem longe minha imensa solidão
Os sonhos do poeta se escondem entre as pálidas linhas do caderno,
em cada palavra registrada repousa soberano o sentimento do mundo.
Valnia Véras
Os gritos do vento assolam a alma em acordes inquietantes, cintilantes, desnudando o instante num piscar de olhos.
Os cenários parecem descrever o futuro de incertezas que chega ululante, insistente, desafiador.
Os sonhos uivantes anunciam liberdade, transformação, um novo mundo descortinando-se.
Premonição? Ou apenas os lamentos do vento?
Osssss....
O olhar perdido na imensidão...
Sem esperança.
Sem brincadeira.
Apenas labuta.
EXPLORAÇÃO.
No brotar de um novo dia,
vem também a ilusão.
Na mente infantil, o jargão repete-se frenético:
“O trabalho dignifica o homem”
e se transforma em pão.
Mas para a criança franzina,
que apenas sobrevive
nesse mundo
de violência e exclusão,
DIGNIDADE, TRANSFORMAÇÃO, são palavras vazias
Que reforçam a exploração.
As horas perdidas com o trabalho precoce
criam fantasmas assustadores
diante da escola e da diversão.
O jovem sofrido, faminto...
Culpa-se por sonhar
nos raros instantes de descanso...
Com uma partida de futebol
Com um pedaço de bolo
Com uma roupa de segunda-mão.
Vestindo diariamente
a mortalha na vida e no coração.