Coleção pessoal de Valnia
MÃE
Em três letras cabe o mundo
Um leque de sorrisos
Um olhar de amor
Um grito de alerta
Uma lágrima de dor...
Mãe
Mãezinha
Mainha
Mamy
Mão que a todos sustenta e conduz...
Mãe amor
Mãe devoção
Mãe saudade
Mãe coração
batendo fora do peito.
É festejo e oração.
Gota a gota
os sentimentos
pingam,
insistentemente,
na folha orvalhada de vida
e...
Transbordam-se em poesia.
Valnia Véras
Atravessando a linha do horizonte, vejo, através dos cegos olhos meus, toda a beleza do amor.
Valnia Véras
O sorriso atravessa as ruas e estampa-se na história do tempo.
As vezes, desmancha-se pelo rosto e ilumina o dia.
Outras vezes, escorrega pelo canto da boca, tímido, anunciando a descoberta do amor.
O sorriso muda o mundo.
Valnia Véras
No livro da vida...
Repousam os sonhos,
concretizados ou idealizados.
Desenham-se as imagens do tempo, doces e amargas.
Registram-se os arrependimentos do que não foi dito ou tentado.
No meu rascunho de cada dia,
pinto ossorrisos tatuados na alma.
Quanto às lágrimas...
Peço ao vento para secá-las.
A flor aplicada na colcha de retalhos
exala o perfume da saudade,
em cada ponto, um momento,
um recorte de amor...
A Vitória
Os minutos passavam lentamente
diante daquela explosão de sentimentos.
O coração acelerado
Desconfiado
de tamanha emoção.
Ponto a ponto.
Número a número.
Até a vitória chegar.
Lágrimas
Gritos
Um caminho florido a ser percorrido...
O livro de História aberto
Pleno
Confiante
dos belos momentos que iria registrar.
Quando os primeiros raios de sol tingem o céu de anil, o espetáculo de cores espalha-se com a esperança de um recomeço gentil.
Em cada mulher que habita meu ser,
reflete-se-se o desejo de discursar,
debulha-se a certeza do semear,
registra-se a força do querer...
Transsss formar
a vida em flor,
em liberdade
e amor.
Valnia Véras
Ser mulher num corpo, ainda diz pouco sobre a alma feminina.
Ser mulher é pensamento em
construção,
desabrochar em existência,
embrenhar-se em poesia,
perfumar o coração.
Quando o vento me soprar para longe,
procure-me no canto dos passarinhos,
nas poças de lama pelo caminho,
em cada sorriso roubado
nos parapeitos das janelas...
Diante do espelho, ouço os gritos de socorro da menina,
que ainda acredita num punhado de esperança,
soprado ao luar.
Diante do espelho, vejo a súplica no olhar da moça,
que ainda semeia verdades numa cova de aparências,
sem cor, desbotada, falseada...
Diante do espelho, sinto a angústia da mulher,
que ainda ousa pensar diferente em meio as caixas e padrões da existência.
Ponto a ponto, lado a lado, sem frestas de liberdade...
Diante do espelho, uma vida passae algumas lagartas viram borboletas...
Nas ruas da cidade nua
Sob o frio orvalho da noite,
sombreiam-se os meus cabelos brancos,
cansados da vida severina,
pingada nas ruas da cidade nua...
Vagueiam infinitos fantasmas,
repousam castelos assombrados,
escondem-se os gritos de medo por entre
as ruínas dos sonhos que não brotaram...
Quando o sol chega no horizonte.
É hora de levantar...
Recolher o papelão,
esconder o lençol da miséria
e Zumbitear pela vida.
Escapulindo
para arengar nas vielas da existência,
sem prumo,
sem rumo...
Satisfazendo a língua afiada
se amofina na estrada,
sem saber assobiar...
Deixa de besteira,
assunta na soleira
e espera florescer...
A vida é agulha e linha,
cosendo o vestido de chita
enfeitando o anoitecer...
Pinga
em
meu
coração
as
lágrimas
da
fome;
Desata repentinamente por e n t r e os meus d e d o s
as súplicas de moradia;
E
s
c
o
r
r
e
g
a
m
pelos meus olhos cansados as imagens da indiferença e do preconceito .
Anoitece.
Mas não posso parar.
Sigo rumo à aurora, recebendo os sorrisos plantados na terra árida...
As curvas do caminho mostram ângulos e peculiaridades que a linha reta não consegue desenhar.
Valnia Véras