Coleção pessoal de Valnia
Para uma mãe,
filhos são presentes divinos,
estrelas que iluminam,
risadas que enfeitam a vida de alegria,
tatuagens no coração.
O sentimento do mundo transcende barreiras.
Nao se aprisiona nos verbos de ação.
O pulsar da vida explica-se num breve sorriso, quiçá num beijo recheado de carinho...
O perfume da existência é exalado na estrada de flores invisíveis que permeiam os nossos caminhos.
Formas e cores,
retratos e melodias
distribuídos no pensamento
a partir dos sopros do coração.
Uma música
Uma fotografia
Uma dança
Um abraço apertado...
Lembranças materializadas de saudades.
Imagens rascunhadas e esculpidas pela imaginação.
Não há uma fórmula exata de felicidade.
O que existe é o passeio do tempo, trazendo consigo a coragem e a esperança no desabrochar de um mundo novo.
Valnia Véras
No dominó da vida,
o carreirão de seis
inicia o caminho
de conquistas
ou de aprendizado.
A estrada de números
e expectativas
constrói um cenário
de felicidade e desafio.
A risada do pai,
as artimanhas da filha,
uma construção de afetos
na brincadeira
No fim do jogo,
zerada a numeração,
ganha quem tem
Menos
apego.
Mais
esperança...
Um recomeço
Perde-se o siso
o juízo
o crivo
em um minuto
perde-se a ação
a emoção
no coração
em um minuto
Perde-se
com dor
um grande amor
em um minuto.
Valnia Véras
Poesia sem liberdade
letra morta
morna
sufocada
sem direção.
Poesia sem liberdade
adorno
enfeite
decoração.
Sapos reduzindo sem danos
as fôrmas à forma...
Sem ousadia
perece sem amor
a moribunda poesia.
Valnia Véras
Ao virar de lado,
esqueço histórias e carinhos.
Ao correr para longe, esqueço abraços e sorrisos.
Ao deixar para depois,
esqueço a vida.
De repente tudo se apaga, menos o gosto amargo do SE em minh'alma...
Valnia Véras
Moça bonita, pra onde tu vais?
Não corras pra longe,
não sumas no mundo...
Dá-me uma chance,
um olhar de relance,
talvez um sorriso
de canto
de lado
quiçá tua paz ...
Valnia Véras
Eu vivo entre as frestas da janela
nas emendas dos meios-fios das calçadas
no emaranhado que sustenta as tranças da menina.
Eu brilho nos olhos alegres da criança sonhadora
na risada escancarada dos meninos na lagoa
na melodia do silencio entoada numa noite de amor.
Sou a saudade, o adeus de um casal enamorado
a despedida num beijo apaixonado
a eternidade num coração dilacerado.
Sou as faces no espelho embaçado
As cantigas de grilo no trabalho
A amizade no meio da multidão.
Eu sou o desejo da mudança
na esperança
na temperança
na criança
que habita em mim.
Canta, canta Assum Preto, livre das amarras, desnudo da opressão.
Voa rumo ao horizonte, canta forte, canta alto pra aquecer meu coração.
Jasmim por onde andas?
Sinto a falta do teu cheiro.
Do perfume embriagador.
Da tez branca
contrastando com o verde sem pudor.
Solto os meus pensamentos e sigo sem direção,
sonhando com o aroma doce que tocou meu coração...
Valnia Véras
A língua do amor não se inibe,
não se esconde em solitários sons .
Reflete-se na expressão
vivida,
tocada,
tatuada em acordes do coração.
Valnia Véras
A criança sorridente corre pelas ruas de asfalto,
voando sobre as rodas da pequenina bicicleta.
Encantada no caminho, segue em zigue-zague,
borboleteando rumo ao futuro...
Um banho de chuva
Uma risada de palhaço
Um jogo da vida...
Quanta beleza soma-se ao deleite do despertar...
Do amar
Do plantar sonhos
Do criançar...
As meninas
As meninas têm riso frouxo
lágrimas sinceras
e vida no coração.
As meninas dançam na calçada,
trazendo o pagode como ostentação.
As meninas desfilam na Praça,
ousam nas escadas da vida,
corajosas e triunfantes diante dos desafios
As meninas cantam, discursam,
seguem vendadas pela vida,
enxergando tudo ao seu redor...
Ah! Essas meninas.
Que enfeitam de alegria o árido sertão,
exalando perfume e sorrisos de emoção.
Valnia Véras
O ritmo da amizade
Pingando na lavagem da escada,
os sonoros sorrisos
escorrem ritmados
em batuques do coração.
As batidas se transformam lentamente
em notas manhosas,
quase preguiçosas
extraídas do violão...
Anoiteceu
e o pandeiro agitado,
frenético,
substitui a melancolia da solidão...
Canta um, canta dois...
Um forró pesado,
chorado,
escancarado
entre a sanfona e o triângulo no salão.
Cravejadas na estação, seguem altivas as fases dessa vida.
Num vagão, as incertezas.
Nas paradas, solidão.
Primavera de sorrisos
enfeitando o coração.
Outono impreciso
desfolhado em emoção.
Na chegada, a despedida:
Plantada
Brotada,
Emergida
Em flor de renovação.
MÃE
Em três letras cabe o mundo
Um leque de sorrisos
Um olhar de amor
Um grito de alerta
Uma lágrima de dor...
Mãe
Mãezinha
Mainha
Mamy
Mão que a todos sustenta e conduz...
Mãe amor
Mãe devoção
Mãe saudade
Mãe coração
batendo fora do peito.
É festejo e oração.
Gota a gota
os sentimentos
pingam,
insistentemente,
na folha orvalhada de vida
e...
Transbordam-se em poesia.
Valnia Véras