Coleção pessoal de UmSimplesAutor

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E os olhos dela me dizem tudo!
Tudo o que eu precisava saber...
Tudo aquilo que sua boca insiste em não dizer.
E os olhos deixam claro;
Mais do que água,
A verdade estampada
Em sua doce face.
Os teus olhos te denunciaram!
Deixaram bem claro,
Deixaram transparecer;
O quê? não sei, me diga você

O peito cravejado de amores perdidos,
Deixa explícito as cicatrizes de outrora.
O peito cravejado de tristezas sem fim;
Relatam ao poeta os espinhos que ficaram
E os lamentos das noites em claro...

SOCIEDADE PADRÃO

Nas normas da sociedade, palavras são desnecessárias;
O importante é o quanto você calça,
Para que consuma o mais novo tênis que as ondas televisivas
Divulgam e que a massa,
Está usando.
O padrão é ser igual, na sociedade atual.
Divergências são aberrações;
E a anorexia embala as mais tristes canções.
A bulimia contrasta com os sonhos das crianças;
Que apenas queriam ter uma bela infância distante do preconceito e do riso sombrio que as amedronta.
Sociedade padrão!
Padrão socializado em meio ao caos e preconceito.
Sociedade padrão!
Antro de desrespeito, de contradição;
Onde uma vida vale menos que um celular; e o BIG MAC comercializa o câncer em forma alimentar.
Os padrões são moldados e confeccionados.
Depois são enlatados e comercializados.
Os padrões destroem, corroem e fazem cirurgias
Sem anestesia.
Os padrões nos cercam, entorpecem, e envenenam até mesmo a alma;
Que depois de certo tempo, também se torna padronizada.

CONCEPÇÃO DAS OLIMPÍADAS

A molecada ver de longe, bem além do horizonte, os safados que se divertem enquanto minha gente passa fome.
A molecada ver de longe, bem além do horizonte, a festa que acontece, enquanto outras crianças que deviam estar jantando se entorpecem.
A molecada ver de longe, bem além do horizonte, seus sonhos se desfazerem como poeira ao vento; suas vidas se extinguirem com o passar do tempo;
E no relento deste país paralelo, onde o certo nem sempre está certo por que o dizem ser errado, e o errado está sempre com a razão por fazer parte deste crico armado;
As crianças veem de longe, bem além do horizonte, seus sorrisos entristecerem e dissolverem com a noite.

Minha concepção sobre as "olimpíadas".

SOCIEDADE MODERNA

Sociedade moderna gera sequela,
Não que a antiga não deixasse.
Mais a sociedade moderna usa de praxe.
Sociedade moderna conserva a cerveja mais não a vida;
Salva os animais e não os seres humanos,
Não que que o primeiro não tenha valor;
Mas salvar os dois seria de fato um ato humano sim senhor.
Sociedade moderna, aquarela de sangue sem fim.
Sociedade moderna em tecnologia da informação,
Mas não em apertos de mãos.
Sociedade moderna, onde o negro ainda não tem seu valor reconhecido e.
Os direitos das mulheres são negligenciados.
Sociedade moderna, onde as selvas deram lugar as pedras sobre pedras;
Não por opção, ou quem sabe escolha,
Porque a sociedade moderna é movida a ambição e corrupção.
Sociedade moderna onde padrões ainda definem quem é quem e,
O carácter não vale se quer um vintém.
Sociedade moderna onde a passagem de trem é a mesma há muito tempo;
Mas a de ônibus não e o cidadão, que paga seus impostos
Não tem direito ao pão.

ABSTRATO

Corri para me perder, me perdi para encontrar tudo o que desejava.
Andei só por andar, por entre pessoas que pensam ainda estarem vivas.
Sucumbi ao bem para me tornar mal de corpo, alma e coração;
Sofri para sorrir e acabar deitado no chão.
Despi-me de tudo para que assim o nada pudesse me completar.
Fiz de mim mesmo morada da tristeza e do caos, para desta forma ser mais um imortal
Que morre com facilidade;
Triste do homem que conhece a verdade.
Os templos vagam pelas ruas de terra onde as pedras ficam sempre nos sapatos.
Sou bipolar e não nego, faço do céu inferno e na água não navego;
Prefiro os versos, estes sim são sinceros e acima de tudo, eternos.
Do homem ou da mulher nada espero, do matrimônio sou réu e quem sabe até refém.
Os animais falam as línguas incomunicáveis de fato, os saltos tampouco são altos;
Mas a saúde dos seres vivos é escassa como as latas da dignidade.
Os papos estão sempre cheios, mesmo que de arrogância e ignorância;
As lanchas andam nas ruas e os ônibus nas lagoas.
As pessoas vão quase sempre sobre rodas, pouca gente se incomoda com a moda
Mesmo quando ela é retrógrada.

ANTES DO PREÇO
Antigamente se amava antes do tempo, todo o tempo; até mesmo quando a falta de tempo impedia que o tempo fosse usufruído.
Sendo assim, os filhos amavam seus pais e os pais amavam seus filhos mutuamente. Hoje em dia é preciso que a propaganda invada as casas via internet, rádio ou televisão para que o amor seja levado em consideração.
Amor? Será mesmo amor? Ou seria apenas uma forma de se desculpar pela falta de tempo que assombra toda a humanidade!?
Não sei ao certo. O que sei ao certo é que hoje os pais compram seus filhos e seus filhos os compram com muita facilidade; é um tablete, PC ou celular do ano.
É o engano em forma de consumo, em forma de segundo plano; onde o mais importante se encontra jogado ao léu e os olhos não mais contemplam sorrisos verídicos, apenas sínicos e omissos derivados de sorrisos.
Antes que o preço seja taxado, antes que a data comemorada pela indústria do consumo se faça presente, presentei quem você ama com o mais belo e singelo dos versos; o autor nem sempre almeja sucesso, apenas que um de seus leitores lembre-se de um de seus versos.
Antes que o preço seja estabelecido pelo comércio e a economia atinja seu ponto mais alto; se desfaça das amarras que o prende a falta de tempo. Faça do pouco tempo tão extenso quanto o próprio tempo que ainda não foi usado; é como cuidar de velhos sapatos e nunca os deixá-los desprezados.
Nas datas comemorativas como dia das mães e dos pais, os filhos perdem seu lado canibal e passam a ser de certa forma mais presentes (pelo menos naquele dia). Porém, ao soar do gongo, ele somem assim como surgiram, e nada além da saudade sobra para quem vive em um asilo.
Antes que o preço seja verificado nas canecas ou etiquetas, que eles sejam esfarelados e virem pó nas mãos de quem ainda acredita no verdadeiro sentimento. Antes que o corpo seja enterrado em qualquer cemitério da cidade, que os filhos e filhas amem suas mães e pais; que o mesmo saibam que o preço não importa, que nem mesmo importa o presente físico; tudo o que de fato importa é a forma como os sorrisos mantém o seu brilho.
Antes do preço, o amor era verdadeiro. Depois dele, nada é de verdade e nem o amor é sincero.

O maior precipício em que podemos cair, é a falta de união.
Sem esta, nada é possível; e o pouco possível nada mais será que um benefício mínimo.
Quando não se divide o pão, não se divide a riqueza.
Quando não se divide de forma igual, a desigualdade brota com ferocidade e certeza.
Em um mundo onde até os abutres dividem o alimento; o que será da humanidade se apenas dividir os seus lamentos?

A galinha veio antes do ovo, isso é certo.
O poeta não veio antes dos versos, os versos vieram antes
Sem dúvida alguma;
A lágrima também veio primeiro que a angústia.

Plantei cerejas, elas nasceram.
Plantei café, ele nasceu e fiz um pouco.
Plantei laranjas, elas nasceram e fiz um suco.
Reguei ás flores, elas cresceram e sorriram para mim.
Pesquei um peixe quando isto se fez preciso; mas tem gente que mata por puro vício.
Criei um gato e ele miava sempre;
Eu descontente comprei um cachorro.
Ele latia sem parar; eu sei entender o porquê o dei de presente para uma criança.
Prendi um pássaro para o ouvir cantar, pois seu canto era belo e entusiasmante;
Ele cantou, mais não como antes.
Seu canto mais parecia um pranto, seu encanto ficou de canto.
Não para o meu espanto, pois ninguém tem motivos para sorrir ou transmitir felicidade,
Estando numa cela fria privado de sua própria liberdade.