Coleção pessoal de UbiataMeireles
São Luís, Cidade dos Azulejos e Sobradões
São Luís, ilha de ventos e maresia,
onde o tempo dança entre o céu e o chão,
em cada esquina, uma história contida,
em cada azulejo, um traço da nação.
Teus azulejos brilham sob o sol ardente,
pintam de azul o sonho e a tradição,
feito mosaico, o passado ainda vive,
gravado em pedras, murais e canção.
Sobradões imponentes, guardiões da história,
têm janelas que espiam o mundo passar,
entre os arcos e as portas, se ouvem memórias,
sussurros da terra e do velho mar.
Cidade morena de graça e bravura,
és poema e encanto aos olhos do amor,
São Luís, que do tempo fez arte pura,
azulejos e sobradões — teu eterno valor.
O Mendigo
Na calçada fria, ele se estende,
navegante só, sem porto, sem cais,
veste a rua como manto e abrigo,
sem nome, sem rumo, sem nunca ter paz.
Olhos perdidos, sem brilho, sem cor,
mãos que tremem na busca de pão,
a vida escorre como chuva no rosto,
levando esperanças ao chão.
Um passado, quem sabe, o levou até lá,
talvez sonhos partidos, talvez um amor,
mas hoje é silêncio, poeira, e as horas
passando, sem rastro, sem calor.
E ele segue, invisível à cidade,
nas sombras, no frio, no vão do alvorecer,
como folha caída que o vento desfolha,
esperando apenas o nada acontecer.
Saudades de São Luís
Lá longe, onde o vento é brisa e maresia,
No coração guardo o cheiro do mar,
As ruas de pedra, histórias que guiam,
E o canto sereno das ondas a dançar.
Oh, São Luís, cidade amada,
Minha alma vagueia nas tuas ladeiras,
Dos casarões às esquinas enluaradas,
Sinto o calor das noites inteiras.
Teus sons e cores me chegam distantes,
Como um sussurro da infância perdida,
Em cada esquina há lembranças errantes,
Rios de saudade que escorrem na vida.
Ah, como queria pisar teu chão,
Soprar meu amor em cada recanto,
Lá onde o céu abraça o Maranhão,
E a saudade não se mistura ao pranto.
Minha Normalista
Nos corredores da escola, em passos ligeiros,
Ela passa sorrindo, traçando os primeiros
Sonhos de um futuro que ainda vai chegar,
Com cadernos nos braços e o desejo de ensinar.
Vestida de branco, com a esperança no olhar,
Minha normalista aprende a sonhar.
Entre livros e aulas, constrói sua missão,
Formar novos mundos, com lápis na mão.
No encanto discreto e na leve ternura,
Vai traçando sua estrada com força e candura.
Minha normalista, musa da educação,
Em cada sorriso, inspira a paixão.
Horizonte
No limite do olhar, onde o céu beija o mar,
Um risco de luz se desfaz devagar.
O sol despede, em rubro e alaranjado,
Pincela o oceano em tom delicado.
As gaivotas, em voos serenos e leves,
Deslizam no ar, como quem nada deve.
O vento murmura canções ancestrais,
Segredos guardados nas ondas e cais.
Horizonte distante, promessa e mistério,
Esconde no fim o eterno refrigério.
E o mar, sereno, abraça a saudade,
Emoldura a beleza e a imensidade.
O Mar
Ondas que dançam num eterno vai e vem,
Segredos guardados nas profundezas que têm,
Espelhos de céu, em azul se desfazem,
Nos braços do vento, histórias me trazem.
O mar, tão vasto, parece infinito,
Ecoa mistérios em seu tom bendito.
Desliza suave, espuma que abraça,
Carrega memórias em cada vagaça.
Há no seu canto um doce lamento,
Histórias de amores levadas no vento,
Nas conchas e areias, resquícios de paz,
O mar nos encanta, sem nada pedir mais.
A Lua e a Estrela
No céu quieto da noite calma,
Lá desponta a lua, em sua palma,
Guarda segredos e doces promessas,
Que ao céu silencioso, em luz, confessa.
E perto dela, tímida a brilhar,
Uma estrela surge, querendo amar,
Ouve os sussurros do manto escuro,
Sonhando encontros de amor tão puro.
“Estrela, luz que me ilumina,
Em tua dança suave e fina,
Minha noite é plena e encantada,
Com tua presença ali, sossegada.”
Responde a estrela, cintilando o peito:
“Lua bela, meu amor perfeito,
Sou feliz por te acompanhar,
Mesmo à distância, contigo estar.”
E assim, entre versos, se declaram,
Lua e estrela, que se amaram,
Num céu profundo de amor guardado,
Pela eternidade, eternamente alado.
Olhos de Mel
Entre as nuances do anoitecer,
surge tua imagem, doce e singela,
morena de olhar que faz tremer,
um encanto raro, feito aquarela.
Teus olhos são rios de mel dourado,
que hipnotizam, serenos, no olhar,
um brilho que aquece e deixa marcado
quem ousa em teus mistérios navegar.
No sorriso, encontro a paz perdida,
nos gestos, a graça de um sonho bom,
como se a vida, já quase esquecida,
dançasse contigo ao som de um tom.
És o segredo de um dia perfeito,
a poesia que a alma sempre quer,
morena de olhos de mel e peito
repleto do amor que a vida oferece.
O Voo do Beija-Flor
Em lampejos de cor, lá vai,
O beija-flor, tão breve e sutil,
Rasga o vento, leve e febril,
Num voo que o céu lhe atrai.
As asas batem num doce vibrar,
Como notas de uma canção ao ar,
Ele beija a flor, num bailar sagaz,
E o mundo para, só para o admirar.
No instante em que ele se lança,
Traz ao dia uma leve esperança,
De que o belo e o frágil têm força e valor,
Na dança do eterno beija-flor.
Mar de São Luís
Em São Luís, onde o sol repousa,
o mar se estende em azul sem fim,
e canta a brisa, leve e formosa,
o velho encanto que existe ali.
As ondas dançam num vai e vem,
em harmonia com o céu dourado,
bordando a areia como um refém
de um horizonte sempre encantado.
E a maresia é sopro e abraço,
cheiro de sal, perfume ao vento,
contando histórias que o tempo traço
em cada pedra, em cada momento.
Oh, mar que abraça São Luís,
com tua calma e tua imensidão,
és o espelho onde a ilha diz
sua beleza, sua oração.
Brucy, o Guardião
No quintal, ao sol, lá está Brucy,
pastor fiel, de olhar atento e doce,
guardando seu lar com porte e nobreza,
e um coração que nunca se fosse.
De orelhas erguidas e olhos sagazes,
escuta o mundo como quem sabe
que a lealdade é dom de nascença,
e o afeto, sua maior habilidade.
Entre corridas e paus no gramado,
seu pelo brilha em cor e força,
é o amigo fiel, o guardião amado,
um laço que o tempo não solta.
Brucy, herói de quatro patas e alma,
é mais que um cão, é parte de nós.
Nos dias claros e nas noites calmas,
ele vigia com carinho e com voz.
Ao Professor, com Gratidão
Professor é farol em mar aberto,
Luz que acende o saber mais certo.
Com gestos firmes e olhar profundo,
Semeia ideias, desbrava o mundo.
Cada palavra que nasce em sua voz
Desperta mentes, nos guia a sós.
Explica, repete, escuta e ensina,
Trazendo ao simples o que nos fascina.
Nos olhos do aluno vê o amanhã,
Enxerga o brilho que ainda é manhã.
Na sala de aula, constrói o caminho,
Cada lição é amor e carinho.
É mais que ensino, é pura paixão,
Professor é vida, é dedicação.
É a força discreta que o tempo não apaga,
É o mestre, a guia que a vida afaga.
A Escola e Seus Segredos
Nas portas da escola, um mundo se abre,
São livros e vozes, são sonhos que cabem.
De letras e números, construímos pontes,
Entre mapas e fórmulas, cruzamos montes.
É lá que a infância descobre caminhos,
Que amigos se encontram, que surgem carinhos.
Nas salas se aprende, nas aulas se vive,
Cada lição é um passo que nos impulsiona e revive.
A professora que ensina com brilho no olhar,
Os alunos que escutam, que querem voar.
Cada corredor guarda histórias a fio,
Em cada parede, memórias a granel e arrepio.
A escola é o templo do saber e da vida,
Que forma o futuro, a alma e a lida.
Ali nasce o sonho de um amanhã melhor,
Escola é a base de um mundo maior.
Noite de Natal
É noite de estrelas, de luzes acesas,
O ar tem perfume de paz e certezas.
Nas casas, abraços, presentes trocados,
E corações em laços apertados.
O Natal chega com seu brilho sereno,
Lembrança de amor e aconchego terreno.
Velhas canções que embalam a gente,
E vozes unidas num som envolvente.
Tem cheiro de infância, sabor de memória,
É tempo de paz, de reviver histórias.
A mesa enfeitada, a ceia servida,
É o amor renascendo em cada vida.
Sob a árvore, sonhos que a gente renova,
Esperança que cresce, que o ano se prova.
Pois na simplicidade, em cada olhar,
O Natal nos convida a sempre amar.
Futebol, Paixão do Povo
No campo verde, a bola rola,
É o grito da arquibancada que estala.
Pés descalços, gramado molhado,
Sonhos voando, como um chute bem dado.
De criança que corre atrás do seu ídolo,
À mãe que ora, torcendo pelo filho.
Futebol é suor, é raça, é vida,
Cada partida é história vivida.
É gol de placa, é defesa insana,
Coração dispara, torcida em chama.
No estádio lotado ou no quintal vazio,
O futebol é o pulso que aquece no frio.
E quando a rede enfim balança,
Explode o estádio, renasce a esperança.
A paixão é eterna, o jogo é breve,
Mas quem ama o futebol, nunca o deixa leve.