Coleção pessoal de twoanyr
Sinto-me culpado por te deixar ir embora assim tão fácil. Mas admito meu coração não doeu, nem palpitou ao te ver sair. Ele simplesmente se conformou com a sua ida. Talvez, às vezes ele sinta falta dos seus carinhos e das palavras bonitas que costumava pronunciar, nada além disso. Mas ainda sinto ciúmes de ti, mesmo estando longe e não estando mais contigo me dói o coração te ver com outra pessoa. Dói-me ver que é tão fácil para ti me trocar. Então eu me afastei, porque enquanto no meu mundo só existia você, no seu existia eu e mais milhares de pessoas.
E depois de longas voltas pelo quarto, andando para lá e para cá como se estivesse procurando uma saída de emergência; depois de várias doses de café amargo; depois de várias tragadas enquanto andava e goleava o café, descobri a origem do nosso problema.
Descobri o que nos trouxe até aqui. O que nos fez chegar aonde chegamos. Não sei bem onde estás nesse exato momento, mas sei onde estou, e é bem longe de ti. Sinto essa distancia dentro de mim, seu valor não é muito preciso, mas algo me diz que são muitas as milhas que nos separam.
Olho para a janela, e por um misero minuto te vejo na calçada, sentada no banco de ferro pintado de madeira. Por um misero minuto penso que tu voltaste para mim… Engano meu.
Um dia me disseram que nada é para sempre. Disseram-me que com o tempo as coisas vão perdendo a cor; o sol vai se pondo, o dia amarelado vai se tornando cinza, branco… Preto. Olhe para mim! Sou a prova disso. — posso sentir meu sangue em preto e branco. A falta das cores me corta por dentro. Minhas mãos me cortam por fora.
Isso tudo por causa do nosso problema. Pequeno detalhe que separou nossas vidas. Que a fez parecer um café quente esquecido sobre uma cabeceira fria; a cabeceira esfriou o nosso amor. Qual o nosso problema? — você deve estar se perguntando agora, do mesmo jeito que me perguntei durante todos os dias que ficamos separados. A diferença é que eu achei a resposta.
Ela estava bem em baixo do meu nariz e talvez seja por isso que não a conseguia ver. Coisas desse tipo não são vistas, são sentidas. Eu senti, você não. A sua insignificância para comigo me destruiu por dentro. Picou-me em pedaços que foram jogados em um roseiro cheio de espinhos.
Afastei-me. Sumi. Tranquei-me em um quarto. Comecei a viver a minha realidade. Comecei a me relacionar com as pessoas que criei em meu mundo. Eu te troquei por um quarto escuro e opressivo e mesmo assim senti a sua falta lá, senti falta da cor que você costumava me trazer. Do café forte que costumava fazer… Do sorriso que você dava assim que me via. Senti falta das tardes amarelas das quais costumávamos sair para tomar um sorvete enquanto olhávamos os pombos comendo as migalhas de pão caídas do chão.
Mas eu sei. Você não irá voltar. Não irá sentir a minha ausência se eu não anuncia-la. Esse é o nosso problema. Eu fiquei esperando você sentir a minha falta. Esperei você me procurar, me chamar, me gritar… Mas sua boca continua fechada. Não escuto sua voz desde que parti. Eu sinto a sua falta, amor, mas como sempre estou esperando você sentir a minha.
Seria tolo pedir para não se cansar de mim, pois é bem provável que se canse. Seria tolo pedir que não desistisse de mim. Você já desistiu. Afastou-se sem hesitar, quebrou meu coração sem ter o mínimo de pena, dó ou misericórdia. Doeu tanto. Pensei que não fosse aguentar, mas meu corpo está aqui, intacto, só alguns cortes e arranhões, mas eu estou em pé. Minha alma que morreu. Foi ela que descolou-se do meu corpo e foi a sua procura. Foi ela que me deixou um vazio… É dela que sinto falta.
Faz um tempo que não escrevo nada pra ti… Acho que tudo que está relacionada a você me retém. Embaralha meus pensamentos de tal forma, que me esqueço de tudo que um dia aprendi; esqueço-me de todas as letras e palavras que já li. Você tem o poder de deixar-me ébria a qualquer momento, sem eu nem ter posto uma gota de álcool na boca. Deve ser por isso que quando estou contigo sou tão estúpida e sem graça; deve ser por isso que estraguei tudo que já aconteceu entre nós. O teu cheiro me entorpecer e tua voz me excita. Só a sua existência me deixa mais viva, querido.
Antes de começar a rabiscar nesse papel eu procurei lembrar-me de tudo que um dia vivemos, conversamos, falamos e discutimos. Eu abri a sua pasta que guardo aqui na minha mente e, de início, sorri. Erámos tão ‘nós’ meu amor e agora somos apenas dois corpos e almas separados. Somos apenas ‘eu’ e ‘você’… Eu aqui e você aí.
Eu senti sua falta por muito tempo e a sinto até hoje, mas parece que ela está se esmaecendo aos poucos… Com isso descobri que nem tudo é pra sempre; descobri que o tempo cura, sim, muitas feridas; descobri que apesar de eu estar te esquecendo, eu sei que o seu cheiro e seu sorriso vão sempre ficar cravados em mim.
Algumas coisas vivem para sempre, como o amor. Apesar de altos e baixos ele nunca morre… E eu sei que o que senti por ti nunca irá morrer, por mais que eu tente mata-lo. Por mais que a distancia vá o rasgando aos poucos. Por mais que você vá se afastando de mim.
Eu escrevo como se estivesse bem, mas na verdade eu não estou. Eu tento disfarçar a minha tristeza, algumas vezes eu consigo e outras vezes ela se torna forte demais para ser disfarçada. Não tem como tampar um buraco inteiro com um simples sorriso… O buraco sempre vai estar oco e vazio. Sempre irá ter alguém gritando para sair dele — eu — mas o eco que sai não passa da minha boca. Ele sempre se prende aos meus lábios e evita uma saída. Evita um grito externo.
Você sempre soube que meu orgulho consegue ser maior que a minha saudade e mesmo assim não fez nada. Doeu-me te ver indo embora; doeu-me te ver traçando outro caminho longe de mim. Perdi-te. Perdi meu coração. E perdi o meu sorriso. A única coisa que me sobrou foi a esperança de que dias melhores virão para mim e para você. Eu continuo te amando, como sempre te amei e sei que, talvez, você sinta o mesmo, mas eu desejo que passe. Pois me doeria mais saber que seu coração está doendo por está amando alguém tão estupida como eu. Com amor, Amélie.
Agora tudo acabou. Desisti de ti e a única coisa que me sobrou foi a sensação de perda… Entreguei-te pra outra de mão beijada, não pedi nada em troca, não exigi nada; nem um ultimo beijo. Sinto-me derrotada, como se estivesse perdido a batalha. Mas que batalha? — às vezes me pergunto, mas nunca tenho resposta. Talvez seja a batalha para conquistar o seu amor. Essa eu sei que perdi… Perdi porque quis… Porque desisti de ti por algo sem importância.
A gente podia ter dado certo. Podíamos estar juntos agora. Mas a minha falta de perseverança me fez abrir mão de ti. Fez-me abrir mão da nossa paixão… Do nosso amor. […] Eu sei que ainda guardas algo de mim aí dentro, do mesmo jeito que guardo várias coisas suas em mim. Guardo teu cheiro, teu beijo e teu abraço. Guardo o ‘boa noite’ que me davas todos os dias — que por sinal não me dá mais — antes de dormir e o ‘eu te amo’ que raramente me davas, mas que quando falava eu sabia que era real.
Ainda é… Eu sei disso. Sei que, talvez, ainda choras por mim. Mas se não choras, sei que abraça o travesseiro e pensa em mim. Ás vezes faço isso durante a noite. Quando sonho contigo, agarro o travesseiro como se o meu sonho fosse real… Como se tu estivesses ali comigo. Tolice. Tu estás longe. Estás com outra que nem gosta, nem desgosta.
Ela te faz feliz, não é mesmo? Faz-te sorrir? Se sim, é isso que importa. Não quero tirar seu sorriso como muitas vezes cheguei a tirar… Só quero o meu de volta. E se não posso acha-lo em ti, procurarei em outras pessoas, outros lugares… Outros amores.
O que queres de mim? Revele-me que te darei qualquer coisa, mas, por favor, só não me peça amor. Há algo dentro de mim que bloqueia essa função. Alguns dizem que é distúrbio, outros dizem que é proteção. Prefiro calar-me e continuar como estou… Pra que sentir o amor se é bem mais fácil escrever sobre ele? Algumas pessoas dizem viver de amor e essas mesmas andam limpando os olhos… Andam com o coração encharcado e com os pensamentos pesados; carregam mais do que podem suportar. Carregam o amor nas costas, na mente e no coração. Já eu prefiro carrega-lo em uma caixinha, trancada a sete chaves, só por precação.
Às vezes desejo ser flor e atrair-te com meu aroma. Mas que graça teria ser flor em suas mãos se iria despetalar-me em ‘bem-me-quer mal-me-quer’?
Quem dera se o amor nascesse na boca. Quem dera que ele só fosse falado; mas o amor nasce no coração e nele é inflamado.
E no final de tudo você esta que nem no começo, sem ninguém; sozinho e perdido. Falta-lhe algo, falta-lhe alguém. Quem? — perguntas a si mesma, mesmo sabendo que não acharás nenhuma resposta. Ela esta escondida junto com todos aqueles que se foram. Todos aqueles que te deixaram e esqueceram-se de ti.
Às vezes parece drama, melancolia, mas na verdade é pura nostalgia. Vontade de ser preenchida por algo ou alguém. Vontade de se sentir viva mais uma vez. Vontade de sentir a felicidade escorrer pelos seus lábios de novo. Mas ela não escorre. Fica presa entre seus dentes que rangem de dor.
A dor da solidão e do abandono. A dor do cansaço causado pela procura do amor… Doce amor, não lhe pareceu tão doce assim, não é mesmo pequena? Na verdade ele foi bastante amargo, assim como um café sem açúcar. É uma pena que não tenha sido quente. Pois foram poucos os que provaram de um amor frio e amargo e não saíram machucados.
O amor machuca, mas de uma coisa eu tenho certeza: a sua falta machuca muito mais.
Sinto falta das palavras. Das suas e das minhas. Sinto falta da sua voz, seu cheiro e seu carinho. É uma pena que tudo tenha dado errado. Não usamos bem a oportunidade que tivemos. Jogamos tudo por água a baixo. E eu sinto falta, talvez você também sinta. Eu não sei, acho que não… Se sentisse não sumiria; não me deixaria a sua falta, o seu buraco que por mais que eu tente, ele nunca será preenchido por outra pessoa. Eu já até tentei preenche-lo, mas sempre falta algo. Sempre falta você e a sua arrogância, o seu ciúmes e o seu mau humor. E por incrível que pareça eu sinto falta de tudo isso; por incrível que pareça eu sua falta de você. Volta pra mim?
Pobre passarinho das asas cortadas. Tiraram-lhe sua essência; impediram-te de voar, de fugir das estações, de cantar seu doce e belo canto em cima de um galho de árvore. Pobre passarinho sem asas, agora preso em uma gaiola. Mal podes ver a luz do sol e quando a vê, ela se torna forte demais para os seus olhos pequenos e escuros. Olhos profundos… Refletem o peso que suas asas — cortadas, — não podem mais carregar, refletem o sorriso escondido em forma de assobio abafado. […] Ofereceram-te comida e água, mas esqueceram-se de que lhe tiraram suas asas. Esqueceram-se de que lhe arrancaram a alma, a jogaram no lixo e deixaram a carcaça. Pobre passarinho sem alma. Sem asas. E sem coração.
Que seja doce, leve e sincero. Que seja alegre, risonho e afetuoso. Que seja você. Você e eu. Que sejamos nós como nunca fomos. Juntos como nunca estivemos. Que sejam só beijos e abraços. Que seja só amor… O amor verdadeiro, aquele do qual não podemos escapar. Aquele que é eterno como o mar e limpo como o céu. Que seja assim o meu amor. Meu. Só meu. Só seu. Só nosso.
Então vá! Vá sem hesitar. Voe para longe de mim. Use suas belas asas e não volte mais. Não traga presentes e muito menos desculpas. Tomei pavor delas e de qualquer palavra sua. Pobres palavras… Pesavam tanto, mas na verdade estavam vazias. Ocas. Sem fundos e sem verdade. Não as direciones mais à mim, por favor. Só isso que te peço. Ah… E quando fores embora, tome cuidado, não se sinta culpado, eu estou bem. Estou mais leve e espero que estejas também, não quero que voe com muito peso. Apesar de estar te mandando embora, eu não guardo grandes rancores de ti. […] Voe meu amor. Agora estás livre. Perdoe-me por adiar tanto este momento. Perdoe-me por ter tanto medo de ter perder. Mas agora eu sei… Agora eu sei que longe ou perto você sempre será meu. Meu ex; ex-meu… Mas de todas as formas, meu!
Mas que tolice a minha achar que o tempo curará ferida que deixaste em meu coração. Que tolice a minha chorar incessantemente na esperança de que minhas estupidas lágrimas sejam cicatrizantes. Elas não são… Nunca serão. Elas só limpam o buraco vazio que deixaste em mim. Quanta tolice… Por que não deixa-lo sujo? Pra que limpar o vão se a chuva que se passa dentro de mim irá macular tudo de novo? Como já disse: tolice. E agora eu vou esperar o sol que se pôs dentro de mim, sair e brilhar de novo. Vou esperar ele secar os rastros que a chuva deixou e curar as feridas que você me deu.
É pena que sua vinda tenha sido como aquele vento de fim tarde. Tão bom, mas tão passageiro. É uma pena que sua ida tenha levado tudo que eu guardava em mim. Tudo que um dia eu fiz questão de preservar, e agora esta perdido por aí… Esta sendo arrastado pelo vento, feito um sacola plástica jogada na rua. Feito meu coração que deslocou-se de mim e hoje seu clamor sai em forma de gritos abafados. Ele esta desamparado. Eu estou desamparada. Estou sem você; estou sem uma parte de mim.
E ali enfrente aquele vislumbre ela viu o que mais temia: Nada. Exatamente. Ela não enxergava nada que fizesse seus olhos brilharem ou seu coração palpitar de emoção. A única que coisa que ‘seu reflexo’ lhe dava era lágrimas. Muitas lágrimas de arrependimento por não ter feito algo melhor com sua vida. Triste vida. Pobre coitada, vivia sozinha no meio do nada. Não tinha amigos, família, amores e nem reflexo. Só um gato de estimação que um tempo depois viera a falecer de velhice. Ela não existia. Era só mais uma alma perdida no mundo dos vivos. Só mais ‘um alguém’ sem importância. Olhou para o lado e se agachou para pegar sua xícara de café frio que deixara em cima da mesa de cor desbotada, que só deixava sua sala com uma aparência mais rústica. Uma coisa não podemos negar, ela sabia combinar a sala com a sua vida; e o café também.
O tic-tac do relógio tem ser tornado mais forte. Não sei se o problema é do relógio ou da minha cabeça. Ou talvez seja só essa saudade que faz as coisas pararem no tempo; que faz o ‘tic-taquear’ do relógio parecer mais alto que o normal. Eu acho que é coisa da minha cabeça. Pobre coitada… Esta tão cheia de coisas embaralhadas dentro dela… Isso é culpa do teu cheiro, sabia? Teu célebre cheiro que que insiste em ficar em mim, no meu quarto, na minha cama e no meu travesseiro. Teu cheiro que me faz perder os sentidos; o cheiro que nem o vento consegue levar. O que fazer com ele? Diga-me você. O cheiro é seu. Pegue-o de volta e o mande me deixar. Pelo menos guarde teu cheiro. Não o abandone como me abandonaste. Não faça isso. Ele é seu. Pois eu… Eu nunca fui sua.
Pobre coração que não sabe o que quer. Tens sido exigente demais. Mal consigo lhe arrancar um sorriso verdadeiro… Estás coberto de lágrimas, não é mesmo? Tenho feito de tudo para tentar enxuga-las, mas nada adianta. Pobre coração indeciso… Hoje escrevo a ti na intensão de amenizar essa dor que te perturbas. Essa que dor que nem tu e nem eu sabemos de onde vem e o porque dela vir. Parece que tu tens um ímã que prende a dor junto a ti. Parece que ela é a sua outra metade… E que fique só no parecer, pois não quero conviver com ela por tanto tempo. Tu sabes que estou ligada a ti, não é? Sabes que mesmo tu estando longe de mim eu ainda sinto as dores que o teu vazio me causa. Então pobre coração, volte para o seu lugar. Já faz um tempo que tenho o preparado pra ti. Tento deixa-lo mais aconchegante… Volte, siga as gotas de lágrimas que deixei cair, elas te trazem até mim. Elas te trazem de volta a tua origem… Ao teu lugar! Sei que precisas de um lar; sei que não aguentará ficar vagando por muito tempo; sei que um dia precisará voltar para mim. Então volte agora, antes que o seu vazio me mate aos poucos, antes que a razão não seja mais o suficiente para mim…
E por que o tempo não leva consigo todas as más lembranças? Por que ele não leva consigo esse passado que tanto insiste em ser presente? Ai, esse tempo… Esse tempo só sabe levar você. Nem as lágrimas que já se secaram ele é capaz de esconder. E por quê? Por que o tempo não pode correr ao invés de simplesmente andar? Pois sem você aqui o tempo parece parar. Na verdade ele parece nem existir. E depois dizem que o tempo não para; dizem que é a saudade que fazem as coisas pararem no tempo. É também, mas o tempo para sim. Para de ser favorável, admirável, afável… E torna-se sórdido demais para os dias de hoje.
E o motivo de estar gastando essas linhas é o mesmo de sempre: saudade. Ela estar se tornando uma das minhas melhores amigas. Não que eu goste dela aqui do meu lado, mas o que fazer? Ela gosta de mim… Mas hoje eu escrevo a ti, passado. Escrevo a ti, pois se juntaste com a saudade e me atormentas todos os dias e noites. Tu estás querendo tomar o lugar do meu, não tão bom, querido presente. Não entendeste ainda que seu tempo já passou? Por isso se chamas passado. Pois passou. E o que passou, passou. Não tem volta. Então se vá, passado. Vá para bem longe. Vá para o seu lugar; de preferencia longe de mim.