Coleção pessoal de TrechosdeSabedoria
Paulo compreendia muito bem a dinâmica característica da igreja como um dado histórico social, feita de gente. Ele sabia enxergar a igreja como sendo divinamente instituída, porém humanamente constituída, vivendo sob o paradoxo de lidar com verdades eternas em mentes temporais. Suas cartas eram esforços relacionais, recheadas de cuidado, carinho e desejo de que a fé fosse legítima e bem fundamentada, digna de imitação.
Cosmovisão é a maneira como enxergamos o mundo e navegamos nele de forma eficaz. Para o cristão, ela se fundamenta na verdade objetiva de Deus gravada em nosso interior, aquilo que Paulo descreve como uma "carta escrita por Cristo", lida e conhecida por todos.
Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se. Mt 16:4
A advertência de Jesus nos ensina que a fé deve estar fundamentada no que Deus já revelou — sua Palavra e sua obra redentora. Continuar pedindo sinais pode ser um reflexo de dúvida e incredulidade. Ele nos chama a confiar n'Ele, mesmo quando não há milagres visíveis ou evidências espetaculares. Afinal, o maior "sinal" que Deus nos deu foi Jesus, sua morte e ressurreição, que são suficientes para transformar nossas vidas e nos dar esperança eterna.
Embora guerras, terremotos e crises tenham ocorrido ao longo da história, Jesus alertou que, nos últimos dias, esses sinais seriam mais intensos e frequentes, como as dores de parto (Mateus 24:8). O que distingue esses tempos é a convergência desses fenômenos com o cumprimento de profecias que antes pareciam distantes, como a restauração de Israel, a globalização da pregação do evangelho e a crescente apostasia. Além disso, o avanço tecnológico e o aumento da imoralidade são sinais evidentes de que estamos em uma época única, conforme as Escrituras. Portanto, o fato de esses sinais sempre terem ocorrido não diminui sua relevância nos dias atuais, mas nos chama à vigilância, pois o retorno de Cristo está mais próximo do que nunca.
A Luz que Traz Forma
No início, tudo era sem forma e vazio, e o Espírito pairava sobre as águas (Gênesis 1:2). O movimento do Espírito já estava ali, trazendo presença, mas foi a palavra de Deus, com o comando "Haja luz", que iniciou o processo de organização e vida. Isso nos ensina que, embora as experiências com o Espírito Santo sejam preciosas e indispensáveis, elas não nos bastam sozinhas. Precisamos da luz da Palavra para dar forma ao que Deus está fazendo em nós.
Muitas vezes, buscamos apenas o movimento — o calor do avivamento, o consolo e a manifestação do poder de Deus. Mas Deus nos chama para um equilíbrio: o Espírito move, e a Palavra ilumina. Jesus é a luz que dissipa o caos do nosso coração e organiza nossas vidas segundo os propósitos do Pai.
Sem a luz, continuamos no vazio, mesmo que o Espírito paire. Sem a direção da Palavra, corremos o risco de nos perder em movimentos que não geram frutos permanentes. Por isso, lembremo-nos de que o mesmo Deus que diz "Haja movimento" também diz "Haja luz". Somente vivendo no Espírito e pela Palavra podemos ser transformados plenamente à imagem de Cristo.
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho.” (Salmos 119:105)
A eternidade está em nós
Podemos fugir para onde quisermos, testar o que quisermos, viver como se Deus não existisse, mas só em Cristo encontramos propósitos sólidos e consistentes, capazes de nos satisfazer real e plenamente. A simplicidade da mensagem da cruz, pregada por um simples Galileu, veio para abalar as estruturas do mundo. Não somos apenas um conjunto de partículas; somos a imagem e semelhança de Deus, porém em estado de rebelião, necessitando da Sua redenção por meio de Jesus Cristo, o único mediador entre os homens e Deus, Criador de todas as coisas, que escolheu Abraão como parte do plano para revelar Sua redenção e estabelecer um relacionamento com a humanidade.
Novidade de Vida
Cristo nos libertou de uma existência rotineira e sem significado. Em vez de um círculo repetitivo de dias iguais, Ele nos convida a caminhar em novidade de vida, onde cada amanhecer é uma tela em branco pintada pelas cores da graça divina. Não se trata apenas de trabalhar ou sobreviver, mas de viver com propósito, enxergando cada tarefa – grande ou pequena – como uma oportunidade de glorificar a Deus e impactar vidas. A segunda-feira não precisa ser um peso, mas um recomeço cheio de esperança, porque em Cristo, até os dias mais comuns podem ter sabores extraordinários.
O profetismo foi inserido em Israel visando salvá-la da influência das nações
pagãs que estavam ao redor. O objetivo da profecia no Antigo Testamento era preservar viva
a consciência do povo acerca da aliança abraâmica. Daí vem a afirmação do escritor:
“Onde não há profecia, o povo se
corrompe; mas o que guarda a lei esse é
Bem-aventurado.”
(Provérbios 29:18)
A profecia no contexto bíblico tem pontos intrigantes. É importante destacar que nossa
dificuldade de compreender as profecias bíblicas se dá porque nós estamos a uma distância
temporal muito grande do contexto original e, com isso, acaba ocorrendo uma perda no
processo da comunicação, o que requer de nós um pouco mais de cuidado na pesquisa e de
análise naquilo que estamos comunicando.
Somos a mensagem que pregamos. Se nossas palavras não refletem nossa vida, perdemos a credibilidade como mensageiros. Que o evangelho seja visto em nossas atitudes antes mesmo de ser ouvido em nossos discursos.
Plano de Fundo da Era dos Profetas Maiores e Menores
No início de sua história, Israel vivia sob o patriarcalismo nômade, com uma economia baseada na criação de rebanhos. A organização social se dava por meio de clãs e laços sanguíneos. Ao chegar em Canaã, o povo ampliou sua capacidade de organização comercial e deixou de ser apenas pastoril para se tornar agrícola. Essa transição foi significativa, pois, enquanto o nomadismo é compatível com a criação de animais, a agricultura exige fixação territorial. Assim, Israel começou a se estabelecer definitivamente na terra.
Com o tempo, as tribos se dividiram e se organizaram em seus respectivos territórios, dando origem a uma comunidade mais estruturada. Nesse contexto, surge o período dos juízes, que governavam Israel por ciclos, julgando as causas do povo e liderando em momentos de crise. A transição do período dos juízes para o período monárquico ocorre nos primeiros capítulos de 1 Samuel, quando Israel começa a desejar viver como as nações vizinhas.
Em 1020 a.C., Saul foi ungido por Samuel como o primeiro rei de Israel. Contudo, seu governo foi mal-sucedido. Vinte anos depois, Davi assume o trono, aproximadamente em 1000 a.C., e elimina os inimigos de Israel, consolidando o reino. Após 40 anos de reinado, Davi passa o trono para seu filho Salomão, que herda um reino estabilizado e em condições de prosperar.
Nos dias de Salomão, Israel experimenta seu período de maior prosperidade e crescimento econômico. Contudo, essa prosperidade veio acompanhada de desigualdade: enquanto havia riqueza abundante no palácio, o povo sofria com alta tributação, trabalho forçado e aumento da miséria. Após a morte de Salomão, a nação se divide. No Reino do Norte, Jeroboão I assume como rei, com Samaria como capital. No Reino do Sul, Roboão, filho de Salomão, reina em Judá, com Jerusalém como capital.
A divisão marca o início de uma decadência espiritual, moral, ética e religiosa em ambos os reinos. O politeísmo começa a corroer a estrutura religiosa de Israel, resultando em um desvio generalizado. É nesse contexto que surgem os primeiros profetas, como Elias e Eliseu, chamados por Deus para convocar o povo ao arrependimento.
Esse período se torna um divisor de águas na história de Israel. A partir de então, os profetas se tornam figuras essenciais, levantados por Deus como porta-vozes para confrontar o pecado do povo e de seus líderes, fossem eles reis ou sacerdotes. Os profetas chamavam o povo a retornar à aliança com Deus e a viver conforme sua Palavra.
Os profetas de Israel, tanto maiores quanto menores, surgiram como vozes de Deus em tempos de crises profundas — moral, ética e espiritual —, especialmente após a monarquia e durante o reino dividido. Eles chamavam o povo ao arrependimento e ao retorno à Torá, a Palavra de Deus para sua época. Da mesma forma, hoje enfrentamos crises que ecoam essas antigas dificuldades: a relativização da moral, a falta de ética, a corrupção, o esfriamento espiritual e o desprezo pela verdade. Nesse cenário, somos chamados a nos posicionar como homens e mulheres de Deus, colunas e baluartes da verdade. Não apenas para vivermos os princípios do Senhor, mas também para proclamar com ousadia que só nos caminhos dEle há vida, restauração e esperança para nossa geração.
Jesus é, como denominou C. S. Lewis, 'um interferidor transcendental', ou seja, alguém que desafia nossas escolhas e expõe a fragilidade de nossa independência, assim como os sacerdotes da época de Jesus se sentiram ameaçados por sua autoridade e pela forma como confrontava suas condutas hipócritas. Muitas vezes, nos ressentimos de sua presença porque ela desestabiliza nossa falsa paz e confronta nosso orgulho. Questionamos por que Ele insiste em se envolver em nossas vidas, mas a resposta é clara: somos Sua propriedade, um local de habitação, e Ele jamais nos deixará sozinhos, a não ser que O rejeitemos deliberadamente. Em vez de vê-Lo como uma ameaça, precisamos reconhecer que Sua 'interferência' é o maior sinal de Seu amor, que nos chama à verdadeira liberdade em Sua graça e pastoreio.
"Quem entregou Jesus para morrer? Não foi Judas, por dinheiro; não foi Pilatos, por temor; não foram os judeus, por inveja — mas o Pai, por amor!"
Somente o homem que está preparado para aceitar sua parcela de culpa da cruz pode reivindicar parte na sua graça.
É fácil buscar atalhos quando somos confrontados com o chamado de uma entrega completa a Cristo. Muitas vezes, tentamos evitar o custo da verdadeira rendição, como fez Pilatos ao lavar as mãos, acreditando que poderia se isentar da responsabilidade. Do mesmo modo, podemos nos esconder atrás de compromissos superficiais ou de uma fé morna, honrando Jesus com palavras, mas negando-o com o coração. Cristo, porém, não busca uma devoção neutra ou incompleta, mas corações dispostos a abraçar a verdadeira entrega, sem subterfúgios ou evasivas. Que possamos responder a esse chamado com autenticidade e coragem.
Jesus não apenas reverenciou as Escrituras, mas também demonstrou que toda a Escritura testifica dEle. No caminho de Emaús, Ele começou por Moisés e por todos os Profetas, mostrando como cada parte das Escrituras apontava para o Messias. Ele saudou e honrou o Antigo Testamento, corrigindo qualquer ideia de que havia perdido a validade, mostrando que sua relevância é eterna, pois é a palavra viva de Deus.
Alegria no Espírito não é escravidão ao otimismo
A alegria no Espírito Santo não é uma máscara de felicidade, mas uma condição espiritual de confiança e esperança em Deus. Ela não anula o luto, o choro ou as crises, mas nos ajuda a enfrentá-los com coragem, sabendo que Deus está conosco e que há um propósito eterno em tudo isso.
Essa alegria nos faz entender que, mesmo quando estamos chorando, estamos nas mãos de um Deus que transforma dor em crescimento e sofrimento em glória. Como Paulo disse em 2 Coríntios 4:17, "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação.
O que é ser alegre no Espírito Santo?
A alegria no Espírito Santo é uma alegria espiritual e transcendente, não baseada em circunstâncias externas, mas na comunhão com Deus e na certeza de Sua presença. Ela é fruto do Espírito (Gálatas 5:22) e, portanto, não depende das condições momentâneas da vida. Essa alegria coexiste com o sofrimento, as crises e até o luto, porque sua fonte não é o ambiente ao redor, mas a confiança em Deus e em Suas promessas.
Veja Jesus em João 16:33: Ele disse que no mundo teríamos aflições, mas deveríamos ter bom ânimo porque Ele venceu o mundo. Essa alegria é o "bom ânimo" que brota da convicção de que, mesmo em meio ao caos, Deus está no controle.
Precisamos ter Cristo como Senhor da nossa vida, para que as decepções sejam apenas momentos de crise e não se tornem tragédias permanentes.