Coleção pessoal de touchegrs

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⁠" meu grito louco,preso na garganta
é um verso livre que não canto mais..."

⁠PÁSSAROS
"..os pássaros da praça cantaram
na tarde de sol. Levaram o seu canto
às folhas das árvores. E os galhos
abertos sorriram de amor.."

⁠JEITINHO MALANDRO
Esse jeitinho malandro de me conquistar
esse jeitinho dengoso de me possuir
Essa carinha de anjo me entorna a cabeça
Fica fazendo charminho, não me deixa dormir
E eu fico fora do mundo, não sei o que fazer
Escreve versos de amor para te agradar
Não sei se é fantasia tudo isso que sinto
É esse jeitinho malandro de me conquistar
Te escrevo dos pés à cabeça e te pinto no avesso
Leio o teu pensamento prá frente e prá trás
Te faço dormir no meu colo mordendo teu queixo
E esse jeitinho malandro me pede arrevesso !

⁠Apesar de tudo ainda te amo
A noite está calma, me sinto inquieta
e não consigo dormir, sorrir ou até mesmo chorar.
Abro a janela e tudo que vejo parece estar você,
mas você não está mais aqui.
Tudo é tristeza e dor.
Essa saudade aumenta a cada instante e me sufoca
cada vez mais.
Esse silêncio me enlouquece.
Te desejo ver de novo e essa incerteza mata-me aos poucos.
Se eu pudesse separar as barreiras que existem entre nós,
quem sabe estaríamos juntos.
Jamais deixaria você partir como da última vez...
E agora só existe um desejo: você!
Um objetivo: possuir-te novamente!
Uma esperança: ser amada por ti eternamente!

⁠POEMA CACHAÇA
Eu queria fazer uma poesia
que fosse cristalina como o dia
para ser consumida como o pão
Uma poesia assim
agridoce como a fruta do mato,
pura como a água do regato
melodiosa como uma canção.
Uma poesia assim,
que trouxesse beleza em cada rima,
para ser cantada no trabalho,
para ser batucada nas marmitas,
para ser comentada nas esquinas.
Uma poesia assim
comum e popular, como a cachaça,
que se bebe barato, que é de graça,
que é do pobre, do rico, do sem nome.
Uma poesia que todos entendessem,
como todos entendem a palavra amor,
ou a palavra fome.

⁠Fica tão triste a minha cidade !
Quando a criança que passa fome, tromba, rouba
se marginaliza e não vê perspectivas.
Quando quem pode não faz, quem faz quase nunca pode.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando embriagado pelo poder,
o homem engana, trapaça e mente
Quando crescem os prédios e diminuem o verde.
Quando a desgraça bate à porta de uma família
e os vizinhos fecham as suas para não ouvirem os gritos.
Quando faz frio e não há manta ; faz calor e não há água.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando quem deveria dar exemplo, peca.
Quem deveria dar segurança, oprime,
Quando há doces e brinquedos na vitrine,
A criança pedindo e o pai, no bar, bebendo,
Fica tão triste a minha cidade !
Quando a mentira é amiga do dia
e a vergonha se esconde na noite.
Quando a coragem termina e
a testemunha não comparece.
Quando o barulho ultrapassa a capacidade do sentido
e o ar quase impossível de se respirar , é vida.
Quando aos domingos e feriados suas ruas ficam desertas
Fica tão triste a minha cidade !
Quando há na segunda-feira, o choro, o cheiro da morte.
o carro batido, o cansaço, a estrada e a velocidade.
Quando o ônibus passa de manhã e a tarde,
com gente pendurada, com os pés dentro e o corpo fora.
Quando a alegria é a síntese de um momento bom,
e a desgraça é duradora, analítica e densa ..
Quando há o grito de gol e a alegria se agita,
a torcida se irrita, o pai de família e a criança,
antes de voltarem para casa passam no pronto-socorro.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando o homem é triste,
pois a cidade triste é o homem triste.


embriagado pelo poder,
o homem engana, trapaça e mente



toda vez
que fizer frio
você será menina
buscando calor
em mim
cada vez
que eu me fizer frágil
serei menino
buscando seus braços
para fortalecer

⁠noite fria
com ventos nas ruas cantando sem rima
uma mulher gelada e nua em plena rua
acenando a mão para o céu.
e o gelo caindo sobre o véu da noite
gelando-me a carne sem piedade
eM todas as noites frias, ficava contemplando serena
o frio, plantado na alma do ser que habita
as faces das nuvens cinzentas
queria ser fogo e esquentar a terra
mas cada vez mais me encolho
com receio de virar pedra...
...........
e vem o dia...
sem a dança do sol nos arredores dos montes...
ciça b. lima
( in "balada do inverno triste " do livro "só poemas" )