Coleção pessoal de ThayllaCavalcante
A ti, abutre.
Sinto falta do passado,
Tudo que me dói,
Tudo que a mim corrói,
Remete ao obliquo renegado.
A esta minha sina equivocada
Sou o karma desta minh'alma amaldiçoada.
Trago entre os dentes um cigarro
Nos lábios, meu batom borrado
Na cabeça, a coroa do passado
Cá estou, prestes a destruir outro carro.
Nunca mereceste um pingo de piedade
Meu miocárdio ainda grita a traiçao
Não convém conceder-te perdão
Tua vida desconhece o valor da lealdade.
Amaldiçoada seja a tua existência
Se nada fui ou signifiquei,
Se nada importa, nem a dor que suportei
Nada existe! Nem tua essência.
Quero teu sangue escorrendo por meu corpo,
Quero seus gritos agonizando em sufoco,
Quero que implores como louco.
Ei de ver-te com o medo tranparecendo à epiderme.
Chore, meu bem.
Deixe suas lágrimas orvalharem,
Permita ver elas te entregarem,
És agora meu refém.
De ti, nada menos que um metro de distância
Na minha taça, nada além de teu sangue ou suor
Em meus fones, nada mais que teus gritos de dor
Talvez permaneças ainda com a mesma nula relevância.
Se sento a mesa, alimento-me de vingança
Me deleito com o que me nutre
Fomento a ti, abutre!
O lado negro venceu na balança.
Segure minha mão,
Juro-te ser desleal
Seguir a ti, Judas sem ponto final,
Anseio ouvir teu "Não"!
Anseio te ver implorar,
Ofereço tua vida a quem quiser!
Que se faça dela o que vier!
Mas vais ingerir todas as borboletas que me fez regurgitar!
Por longos tempos fui luz.
Tornaste-me escuridão.
Mergulhei tão fundo nessa imensidão
Que agora vais comigo ver que nem sempre é ouro, tudo aquilo que reluz.
Thaylla Ferreira Cavalcante (Sou nós)
Iridescência
O que é a vida se não um enigma
Um jogo de esgrima sem vencedor
O que é a vida se a gente não finda
De uma vez por todas o que começou
O que representa esta grande impotência
Da loucura desvairada
Que teu pai te proporcionou
E em qual esquina esteve marcada
Esta promessa que tu nunca concretizou
Nesta eloquência desvairada
Encontrei meu salvador
Entreguei a ti, tudo que de mim sobrou,
Não que fosse muito, sei, sou quase nada
Mas se nada sou, eis-me aqui entregue
Torcendo pra não ser tomada,
Ainda assim, cá estou, abandonada,
Desejando-te da alma à epiderme.
Porque sim, tenho mil amigos
Uma estante repleta de livros e Cd’s
Sim, tenho mil e um escritos,
Mas só um poema é sobre você
E este tem-me sido um companheiro incansável,
Na batalha das decepções que o presente da vida veio a ser
Desde então colmei-me de difíceis escolhas e percebi
Nada mais será bom o bastante sem a dádiva de te ter.
Nada sou perto de tua iridescência admirável.
Conheço uma única pessoa
Capaz de emanar todas as cores mesmo sem permitir
Tens sido excepcional ao ponto de me refletir.
Pois sei, é preciso arriscar pra se libertar,
Prometo estar aqui enquanto decidires ficar.
P.S: Fica!
Thaylla Ferreira Cavalcante
Comece a rezar.
Bem aventurados sejam aqueles que te ignoram
Amaldiçoados sejam aqueles que por ti choram.
E se do pó viestes, ao pó não voltará
Tua imoralidade, toda bondade ceifará.
Quero que morras triste e solitário
Sentindo dor e frio
Quero que você sofra um inferno agonizante
Até a decomposição de tua carne.
Quero ver-te sozinho, chorando,
No vazio, e por piedade implorando.
E no velório de tu'alma, assistirei a esta matança,
A supremacia da divindade, aqui não alcança
Teu sangue petrificará.
Pois tenho em minhas mãos o poder,
Agora é ver pra crer
Crer que nada acabou,
Que teu sofrimento continuou, e por longas datas há de continuar.
Meu consolo é saber que não há nada que possa te consolar.
Quando os cavaleiros subirem o monte,
A pedra mais alta irá cair,
E eu estarei a aplaudir,
Será teu coração a desmoronar
O coração que achei que tu não tivesse,
Mas deus há de atender minha prece,
Terei poder tão logo e não distante.
O inferno, à terra vai subir,
Iremos nos encontrar.
Como fogo e água,
Mar e luar,
Pontos opostos da velha diretriz.
Sou a lua sobre a escuridão,
Sou fogo, clarão,
E tu, apenas algo a sucumbir.
Prometo ser piedosa!
Doses longe do brutal.
O perdão é para poucos,
Para os loucos,
E para alguns moribundos como ti.
Fui pouco,
Hoje sou muito,
Tanto que nem me caibo
Por isso me guardo em mim,
Aprendi contigo, é certo dizer
Não sei mais sentir
Sou vazia de mim, pelo vazio de você.
Em meio a meus 12 "eus",
O mais amado foi me trair.
O que fazer?
O que sentir?
Deixar doer ou ver partir?
Continuo a ouvir o doce som da podridão de teu corpo,
De teus ossos se preparando para uma iminente implosão,
Da ruína que está se tornando teu coração.
Adentrando uma terra deserta,
Colmada de vingança e ódio sem perdão.
Mas o alívio final será meu,
E enquanto paga teus pecados, o inferno será teu.
O mesmo inferno que me prometeu, cômico, não?!
Não tens amigos,
Não tens família,
O lado bom da armadilha é que tu próprio se prendeu,
Perdeu-se em meio aos detalhes.
E por minha pura tirania, admito, doeu um pouco
Mas por fim, não sou eu quem está a ficar louco.
Não sou eu quem está sem pão,
Sem amor ou perdão
Não sou eu quem está abandonado,
E pela simbólica escuridão,
entrego-te esse recado:
Pense em teu pecado.
Não tente manter-me perto,
Fiquei melhor com tua pior escolha
E agora viva nesta bolha
Como um mero condenado.
O mal está em tudo,
Infiltrado nas melhores relações,
Nas piores proposições,
E até no maior amor do mundo.
Lava esse rosto,
Mostre-me o que tanto tentou esconder,
Há tanta lágrima espalhada
Chega a dar desgosto.
Acordou de cara marcada,
A noite deve ter sido mal encarada.
A bebida vai virar sangue,
Hoje teu anjo da guarda desde de gangue,
A escuridão tomou conta
A tentação venceu-te de ponta a ponta.
Teu sorriso agora ausente comprova,
Vamos para a santa inquisição,
Perguntas feitas e não respondidas,
Vidas interrompidas,
Malditas,
Sem perdão...
Como a tua traição.
Thaylla Ferreira Cavalcante (relicário de vocábulos vazios.)
E que seja feliz.
O enterro.
Ao que parece, todos temos esqueletos no armário. Mas claro, no sentido metafórico, a menos que você seja um taxidermista.
Esses esqueletos representam coisas que não podemos ou não queremos expor, por serem repulsivas ou apenas comprometedoras. No meu, por exemplo, guardo um livro de aproximadamente 200 paginas, onde tentei convencer-me que estar com meu ex amor é impróprio a mim. O mantenho longe, pois se não o fizesse, leria por vezes e mais vezes, afim de usar cada um daqueles argumentos em cada tentativa falha de me espelhar em um novo alguém.
Alguns cadáveres merecem ser deixados para trás, mas por mais que lutemos, tenderam em nos perseguir, como zumbis em busca de carne fresca.
Recentemente "envolvi-me" - se é que posso assim dizer - emocionante com um rapaz aparentemente interessante, mas creio que ambos são cheios de más lembranças.
O homem tem características peculiares. Tende a basear todos os futuros relacionamentos nos passados que não deram certo, e como soa meio óbvio, fracassa nestes, tal como fracassou no anterior. É um ciclo vicioso de não confiança, desamor e com toda certeza de muito medo.
O mesmo medo que nos faz manter a porta dos armários sempre trancadas para que o mundo não descubra nossos segredos, ou melhor, não ache que temos segredos. Por mais que soe ridículo - todos têm segredos - é assim que tem sido com basicamente todos que conheço, ademais, a exceção confirma a regra.
Mas voltando a meu caso em particular, creio que me mantive em minha zona de conforto, e sabemos o quanto isso é prejudicial a um relacionamento. Sou mais sal que açúcar, e ainda assim, insolúvel à cerca de qualquer outro componente. Então de fato, lidar comigo é uma barra! Não me surpreenderia se as pessoas escolhessem me trancar no dito armário de - más - lembranças. Me surpreendo porém, com o fato de ainda conseguir despertar em qualquer pessoa que seja, qualquer tipo de sentimento - principalmente sendo este algo bom.
No design inteligente da evolução, não nos deram armas biológicas para lidar com relacionamentos, e se deram, infelizmente não fui contemplada. Talvez toda esta apatia seja sim uma arma de defesa, mas quem disse que ficar na defensiva é bom? Bom é partir pro ataque, sentir - a torcida - vibrar, sentir que tu podes ainda ser útil. Sentir e fazer sentir, emocionar.
Voltando agora a meu - ex quase - relacionamento, sinto que estraguei tudo, e de certo a culpa não foi toda minha. Me faltam armas químicas pra lidar com essa bomba em meu peito que - infelizmente - é vital. Sinto medo de envolver-me novamente, de estragar tudo, e por isso continuo aqui, fria e tênue, à margem de qualquer substância que não seja o frio do meu inverno interior.
Enterrei minhas emoções a tempos, tranquei meus esqueletos no armário e os esqueci. Mantive-me alheia a tudo e todos, tornei-me inatingível. Gostava disso, gostei por muito tempo, até ele aparecer e sumir, levando consigo todas as minhas certezas, e por fim, enterrando-me num mar de vocábulos frios, onde permaneço desde então.
Se o vir, diz-lhe que mandei lembranças, que ele é um homem bom, e que seja feliz.
Thaylla Ferreira (Relicário de vocábulos vazios.)
Carta aos odiosos
Por vezes tentei transformar-te
Em poesia, verso ou rima
E ao fim de toda esta sina
Só não quero equivocar-me
Vejo sangue escorrer novamente
Uma ferida nunca curada
Numa fera intocada
Prometi libertar-te conscientemente
E numa tão crescente jornada,
Encontro-me aqui alheia a tudo e todos
Enlouqueceria aos poucos
Não fossem as doses de sanidade e ódio
Das quais me encontro agora colmada
Ao contrários dos dizeres nem tão sábios
O ódio nutre e alimenta
Fomenta, fermenta
Toma de mim palavras e lábios.
Thaylla Ferreira {Amores avulsos}
(Rabisco número 7)
Algum dia vão mexer com tua mente
Algum dia teu coração vai acelerar
A música vai aumentar
Tu vai se tornar impotente
Algum dia o frio vai doer
Teu coração vai pedir
Tua garganta vai se digerir
A saudade vai bater
Depois disso, não haverão mais doses pra beber
Carros pra dirigir
Poeira pra encobrir
Ou cigarros pra acender
Quando a dor se dissipar
Suas veias pulsarão
E sangue, jorrarão
Sua alma vai ficar
E no dia da tua partida
A dor vai te apertar fundo
Irás querer calar o mundo
Ou apenas prolongar a despedida.
Eu que sou mais sal que açúcar
Continuo insolúvel
Me afogo no dilúvio
Muitos órgãos a educar
Mas se a dor não se finda
Teu pulmão já não aguenta
O fígado se lamenta
Tua menina está viva, ainda.
E nesse conto de adeus
Fui teu, fostes meu
Nunca teves nada do que mereceu
Entrego-me agora a todo e qualquer deus.
A(-)deus.
Thaylla Ferreira {Amores avulsos}
Nesses últimos tempos em que meu vazio existencial se tornou quase o gene dominante de todo o meu ser, a recessividade tardia quase consegue me comandar. A madrugada se apresenta como um refúgio, ninguém tem medo dos monstros quando se vive no meio deles. Meus demônios a muito lutam para se libertar. Tenho aceitado as forças de atração que me puxam para a terra. Agora vejo que meu fim não está tão longe quanto pensei ser. O atrito de minhas moléculas é a única coisa que mantém meu coração aquecido nesses tempos de um inverno tão rigoroso.
Sinto como se os polos magnéticos estivessem agora situados em meu peito, e como opostos, se atraem, tomando-me por uma implosão sem limites, explodindo de fora pra dentro, sendo corroída massivamente a cada novo pôr e nascer do sol.
O movimento das marés, que tanto me encantava já não tem mais um efeito tão positivo. Sou mais sal do que açúcar, ainda assim, insolúvel. Indescritivelmente heterogênea acerca de qualquer outro componente que não seja você.
Thaylla Ferreira {Poesias sobre um amor inatingível}
Você foi de longe o pior erro da minha vida
O aperto que mais doeu
A imensidão que mais escureceu
A pior despedida
Chegamos ao nível "loucura"
Nesta vida cheia de sacrificos
Consumava encher-me de vícios
E o que me matou foi o pior deles, você.
O maior número de bebidas
Os piores tragos de tantos maços de cigarros
As mais turbulentas noites dormindo em carros
As mais sangrentas feridas.
Às vezes, bem raramente
A gente se combina
Transformo-te em verso,
Me entrego à rima.
Você foi a pior traição
Foi mar turvo, enquanto eu era piscina
O lado negro da minha sina
A nota torta que estragava a canção.
Thaylla Ferreira Cavalcante {Lições sobre vícios}
Eu te olhava e os olhos se enchiam de cor.
Os vícios acometidos de um castanho claro vibrante.
A formalidade da linguagem era pouco pra uma definição precisa.
Melodiosa voz que não atingia nenhum de nós.
Veia pulsante,
As cores do ócio,
Toque.
Prazer, Meu amor.
Sou eu para teu desprazer.
Ver e não ter,
Ser e não perceber,
Reflexos e dês-emoções.
Na tua igreja pecaminosa
A aurora manchava as mangas.
O teu coração enebriado puxava-me ao lado,
Ao teu lado errado.
Assume a direção,
Leva-me a viajar no banco de trás do teu carro,
O poder de dês-ver,
Dês-sentir,
Deixar partir,
Ir.
E foi,
Fui.
Fazer chover,
Sentir,
Tua carne,
Minha carne,
Nosso suor.
Calor e ausência em pudor.
Tenho-te em mim,
Trago-te em mim,
Tenho-te assim,
Tão meu,
Ou não...
O cheiro ficou aqui,
Suas mãos nos meus cabelos,
Acabamos numa pequena discussão,
Tão grande quanto o céu.
Amo-te,
Intensidade furacão.
Thaylla Ferreira {Poesias sobre um amor inatingível}
Me beija,
Me abraça,
Me agarra,
Me arranha,
Sou fera,
Sou fogo,
E pra ti eu sou cama.
Me puxa,
Me fecha,
Me cobre,
Deseja,
Meu mundo no teu,
A vida se perdeu.
Tuas linhas,
Meu corpo,
Amor e acordo,
Me fiz tão teu,
O improvável reviveu.
Sou nossa,
Sou minha,
A tua menina,
Meu bem querer,
Meu prazer,
Te ter.
A flor e o pecado,
Traço inacabado,
Do teu amor me fiz,
Já até deu raiz.
Vocábulos vazios
Alguns dias são piores que outros. Na maioria das vezes me perco em pensamentos. Deito-me, olho o teto do quarto e espero o tempo passar, se perder. Alguns dias nada faz sentido, não me lembro de ações anteriores, não meço meus atos posteriores, me perco no relógio. Alguns dias eu queria apenas algumas horas a menos, dormir e acordar sem compromissos, planejamentos ou regras a seguir. Em alguns desses dias, o mar é meu refúgio, imagino-me prostrada sobre a areia fina, observando o céu, as constelações, dando nome a todas elas, uma por uma.
Em outros desses dias, sinto minha garganta queimar, meus pulsos arderem e meu peito doer, cada vez mais forte, cada vez por mais tempo, e assim o tempo passa. Algumas vezes uma pintura, uns escritos, são o bastante pra me definir. Algumas vezes, me encontro em meio a um punhado de lágrimas e soluços ritmados com meu coração. Algumas vezes, para ser sincera, não vejo em mim muito mais que uma pilha de pincéis, palavras e livros lidos, ao se tirar isso, não sobra muito de mim.
Sou fraca, você me disse uma vez, lembra? Eu concordei, mas acho que essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora. Sou fraca com relação a você e ao mundo. Sou fraca por não conseguir lidar com minhas emoções, principalmente quando se trata de você. Às vezes dói, às vezes faz mal, e às vezes eu só queria mais um cigarro e uma dose daquele whisky barato que comprei na esquina outro dia. Cada dose te tirou um pouco de mim, e ao final do litro, nem conseguia dizer o teu nome. Talvez fosse bom, talvez eu realmente quisesse que você evaporasse junto com cada um daqueles tragos de cigarro dos tantos que dei. Talvez você já tivesse evaporado, se misturado com o ar, talvez eu só não soubesse.
Algumas horas eu penso em te deixar, em outras dessas eu não vejo muito futuro sem você. Meu pensamento é como uma bola, e você, um jogador empenhado, daqueles que são realmente bons. Você chuta uma vez, duas, três, de novo e de novo, enquanto tudo se agita por dentro, enquanto tudo se mistura e nada mais fica estático. É sempre assim quando te vejo, já percebeu? Meus olhos vidram nos teus castanhos vivos, nas tuas órbitas que parecem querer juntar-se as constelações que estariam ali, acima do mar. Você também ama o mar não é? Te ouvi dizer isso uma ou duas vezes, não lembro. Guardei comigo só o que considerei importante, todo o resto foi descartado, junto com tudo que me lembrasse você.
O teu "adeus" me perfurou a carne, como uma furadeira entrando por meus órgãos e me causando hemorragia em cada um deles. Um sangue imperceptível e coagulante que a ti pouco importava.
"Espere por mim", você dizia em meus sonhos, e neles, você realmente vinha, mas a vida real não funciona assim. Meu sangue se infectou por todas as manchas negras causadas pela nossa separação, meu corpo desidratou por todas as lágrimas derramadas em teu nome. E minha cabeça girava, minha boca, seca e meu sorriso, sem vida. Este e aquela, antes se iluminavam ao te ver, emanavam uma luz quase tão ofuscante quanto tua própria presença.
Se meus sonhos pudessem se tornar realidade, meu peito agora não doeria, minha voz não falharia, minhas pernas não estariam a fraquejar. Se aquela praia estivesse comigo, meus pulmões teriam o mais puro ar, poderia vislumbrar as estrelas, e te ver acima de mim, em cada uma delas. Já que não posso, essa tarefa cabe a ti e somente a ti. Quando vir as estrelas, quando for à praia, lembre-se de mim uma vez ou outra. Lembre que te amei um pouco mais a cada dia, até perder o controle por completo de mim mesma. Lembre que seu rosto, seu sorriso, seu abraço, são as melhores coisas que eu já experimentei nesse mundo, que tu fostes meu abrigo nos tempos de tempestade, minha calmaria em meio ao nevoeiro, e agora tem minha vida em suas mãos.
Eu, carbono, ei de me decompor logo mais, você, com seu desamor seja feliz pela presença que te invade, vais e não magoe ninguém mais...
Thaylla Ferreira {31/07}
(Des)amor
O que se faz quando o coração diz uma coisa e a mente te diz outra? É um misto de emoções repentinas que me causam náuseas e me entorpecem por inteira. A gente chega em casa e se sente sozinha, olha pros lados e não vê ninguém por quem vale a pena correr ou lutar. A vida se funda na hipótese de ter alguém pra compartilha-la, e é nessa mesma hipótese que ela se finda.
Se existe algo pior que a solidão, eu desconheço. Espero nunca merecer ter os méritos pra me adequar nos parâmetros necessários à quem precisa ter pena de si mesmo. Não tenho pena de mim, tenho pena dos outros, de todos os outros. Dessas meras criaturas que me rodeiam, tão cheias de si é tão vazias de todo o resto.
Thaylla Ferreira
"Sangue e outras drogas."
Não leia estes versos de solidão!
Pelo deus não mais rogado,
Em lápides, abandonado,
Eu sei, tua mente diz-te "Não!"
No refúgio do completo delírio.
Insegurança alheia ao querer.
Transmutei-me em meio ao "ser"
Ao tentar manter-te sóbrio.
Outros tantos aspectos adversos,
Outras tantas redes convexas,
Outras tantas paredes complexas,
Tantos outros amores anexos.
Ares ébrios, desnorteados.
Do perdido ao inconsagrado,
Pelo caminho do verbo ao vocábulo ligado,
O meu "eu" em teu ser, ilegitimados.
Desmistificando o antigo pudor,
Tomo a mim um temor crescente,
Revenda recorrente.
Dois corações sem valor.
Minha mão segurava um passado que se desprendia
A notícia no rádio anunciava o sepulcro
Tua voz ecoava um teatro do absurdo
Pelo quebrar de ossos o mundo implodia.
Thaylla Ferreira {Epitáfios para Lígia}
Chegou em casa, abriu as portas, as persianas, as janelas. Caminhou por entre os móveis, preenchendo os espaços vazios. Os passos pesavam, seu corpo não conseguia carregar o próprio peso, os pés, frágeis, se retorceriam se pudessem, o cansaço era visível.
Foi até o banheiro, olhou-se e naquele espelho manchado, viu um reflexo que não era seu. Algo inumano. Procurou vestígios de felicidade, nenhum. Amor? Nenhum! Dor? Muita! Solidão? Mais ainda! Subiu as escadas, restejaria se possível fosse, não era.
Eram 3:00 da manhã. Havia um fulgor desconhecido naquela noite, algo especial ou diferente. O referente era um inimigo em potencial. A noite foi feita para os loucos, aos que amam intensamente. Era seu caso, amava tanto e esquecia de se amar. Amava a madrugada, o cheiro do conhaque e as taças de vinho manchadas de batom vermelho. Amava ouvir jazz no tom mais suave possível. Amava o azul, naquele tom quase preto. Amava a lua e suas metamorfoses. Amava a vida, odiava viver.
Olhou sua história por um lado, por outro, por perspectivas mistas e opostas. As vertentes que se cruzavam no emaranhado de problemas em que tinha se metido. O amor não correspondido, a traição explícita. A falta de amigos, a solidão...
Como dizer a alguém que possivelmente ela possui depressão? Não é uma tarefa fácil, ao menos não deveria ser. Costumo dizer que quando toma-se um papel como esses, o autocontrole é fundamental. Não queria eu, dizer para aquela doce menina que o que ela via nas manchas de vinho era o seu sangue escorrendo pelas manhãs da camisa. Que absolutamente todos os seus amigos, eram fruto de sua imaginação, porque ela era estranha demais para se adequar socialmente a qualquer parâmetro significativo existente.
O que é a vida, senão um misto de cores borradas, palavras engolidas e borboletas no estômago, regurgitadas? O problema começa partindo do fato de que, cores misturadas se tornam preto, e quanto mais pigmento, mais escura a cor. Até seu sangue escureceria, quem dirá, aquela dor? E a ferida só aumentara...
Ela sentou à beira da janela. As grades de proteção ficaram para trás, afinal, o que ofereceria mais proteção que o próprio perigo? Quando se expõe a ele, nada mais se deve temer, não há do que se proteger.
E ela cantava, entre lágrimas e sorrisos, traçava uma tênue linha entre o real e o imaginário. O vestido branco manchado nas mangas com o vinho... Voava conforme a dança tecida pelo vento noturno. Ela estava em pé, alternando os pés pela beirada da sacada. Um após o outro. Vamos contar comigo 1, 2, 3... Os pés se chocavam e ela olhava para baixo. Não tinha medo do escuro, tinha medo da solidão, e até isso já enfrentara. Não tinha ninguém, não tinha nada. A lua gritava no céu, e no chão, refletida nos tetos dos carros. Nada mais fascinante que a lua... Ao final daquela noite, ela se viu leve como um pássaro. Queria voar, ascender aos céus, e pulou. Voou.
Encontrou a lua, abraçou-a por toda a eternidade. A solidão acabou, o medo cessou, ela e a lua, deram adeus à vaidade.
Eu queria poder te falar sobre o meu dia. Chegar em casa e correr pra os teus braços, me sentir protegida. Queria poder te falar sobre como o dia de hoje foi cansativo, daquela prova de matemática horrível que eu tenho quase certeza de que zerei. Queria poder te dizer que pensei em você o dia todo, em estar aqui, nos teus braços. Queria te olhar nos olhos e falar "eu não poderia ter mais sorte"... Você devia ser aquela parte do meu dia que serve pra me fazer esquecer das desgraças do mundo, devia me fazer esquecer tudo, menos você. Queria sentir tua boca na minha, sua pele queimando de desejo... Queria te chamar pra mim e te conduzir à sentir o mesmo vislumbre que eu. Poderia fazer mil textos como esse. Poderia tentar te explicar o que eu sinto com você, e como é só com você... Eu poderia... Mas não vou.
Não vou porque não te tenho comigo. Não vou, porque te sinto distante, porque falar com você é como gritar no vazio. É frio, abandonado e sem cor. Não vou, porque eu nem sei mais como ir, acho que a um certo tempo desaprendi o caminho até você. Minha vida te leva para longe, suas escolhas acentuam a distância, cada vez mais longe...
É impossível não pensar em como tudo aconteceu, em como parecia planejado... As coisas nos afastam, a vida, as pessoas. Acho que antes de tudo, somos responsáveis por deixar. E nós deixamos, como se não fosse nada demais.
Uma briga aqui, e eu esqueço de te contar uma coisa tão importante... Outra briga, a gente não se fala por mais um dia... Brigamos de novo, acho que te falar sobre o que acontece comigo não é tão importante... E assim perdemos momentos. Nos perdemos no meio do caminho, por causa dos outros.
Perfeição é algo que nunca me definiu, você sabe bem, bem melhor que qualquer outra pessoa. Mas queria que você entendesse que dói, que causa insegurança, que machuca e faz mal. Tão mal quanto eu nunca desejaria fazer você sentir. Queria que você fosse meu. Queria poder cuidar de você. Te causar segurança como você me causa, te amar como você diz que me ama. Mas eu não sei se consigo.
Tô terminando esse texto com os olhos cheios de lágrimas. Espero que você tente entender o quanto isso é difícil. Lutei tanto pra não dizer que te amo, e agora me vejo obrigada a dizer isso. Não é sofrer por antecipação, é ter a certeza do que vai acontecer, é ter a sensação e ver se concretizar. Já aconteceu outras vezes. Outras tantas vezes... E você me prometeu que eu não teria que me preocupar com isso. No fundo, você não é bom com promessas, e eu não sou boa em amar, não sou boa em dividir, nem quero ser. Preciso de uma garantia de que acabou, porque se não, você sabe, a gente vai se acabar.
São 3:00 da manhã.
A dor no peito aperta,
Meu coração acelera,
E de novo me vejo sozinha.
Aqui trancada no quarto,
O escuro é minha única certeza,
A solidão virou fortaleza,
Me embaraço nos muros da vida.
Eu não estou sozinha,
Eu sou sozinha.
Não é estado,
É permanência.
Quando a vida toma-me as alternativas,
perco-me em idas e vindas,
tuas asas cobrem toda a sequência.
O amor não tem desinência.
Falta correspondência,
Sobra desprezo.
Nos perdemos em meio às saídas.
Você é só uma menina
Em meio à ares ébrios e noitadas,
Luzes piscantes, cabelos embaraçados.
Perdi a razão junto a teus olhares desritmados.
Tornei a pensar sobre tuas amadas.
Não passou, simplória vertigem
E todas as borboletas no estômago, foram regurgitadas
Voaram livres, desamparadas.
Toda ilusão virou fuligem.
E quanto mais o relógio rodopiava
Minha alma ascendia,
O mundo em volta ruía
E por hora me resignava.
Ultimamente os dias tem parecido uma eternidade.
Meus desejos disparam atônitos,
Teus olhos fitam-me, irônicos
Nada mais enaltece minha vaidade.
Afoguei-me no teu querer,
Logo eu, tão inexperiente
Fiz-me dependente
E sendo meu vício, não permito esquecer.
Perdi-me em mim ao tentar resgatar-te deste teu mundo de aparências
Vi desejo fulminante no atrito de tua carne
Tomei-te a mim, simplória arte
Deixei-te rasgar-me por dentro sem mensurar consequências.
Teus olhos são agora opacos.
Guardo tuas palavras e me engasgo
Por você fiz meu maior estrago.
Homens só morrem de amor nos palcos.
"Depois do beijo sem consentimento
Meus braços se abrandaram pra te receber
Encaixei-me mesmo sem caber
Em meio aquele teu jeito tão desatento.
Teu cheiro percorrendo meus espaços
Palavras necessárias eram agora escassas,
Um rosto libertador num mundo de desgraças,
Teus toques juntando meus pedaços.
Afoguei-me em teus abraços,
Larguei-me na inconsequência
Em meio a crises de abstinência
Nos teus passos descompassados.
De todos os meus romances errados
Esse erro me eclipsou
Tua voz em mim ecoou
Como aqueles beijos roubados."
Minha garganta grita
Frases sem sentido.
Meu coração esbanja
Sentimento ilícito.
É morfina dentro da circulação.
Coração estático que não vê nem sente
A tal tormenta em mente
E assim me afogo em outra dimensão.
É abstinência sentimental
Num mar sem salva vidas
Imensidão de tuas idas sem vindas
Sucumbindo em uma dependência emocional.
Em meio a dores e vírgulas
Lábios já não medem palavras
Floreciam em ácido histórias macabras.
Vítimas do desejo descartadas em valas.
Me situo no castigo
Em meio a céu e inferno
Quero-te eterno.
Gosto de você, perigo.
O mundo desenhou nossa história trágica
Cada segundo passado, estranhamente épico
Doses da inconsequência mágica
Sobrepostas por meu pensamento cético.
O muro entre nós se declarou teu súdito.
Fiz-te meu refúgio,
Tornei-te meu abrigo,
Meu amor.