Coleção pessoal de tham

Ela explicava, sorrindo - um sorriso diferente dos que costumava sorrir: - Não, gurizinho. Quando a gente gosta mesmo duma pessoa, a gente faz essas coisas.

Sem verdade, sem dúvida, nem dono. Boa é a vida, mas melhor é o vinho. O amor é bom, mas é melhor o sono.

Dizem que quando o Criador criou o homem, os animais todos em volta não caíram na gargalhada apenas por uma questão de respeito.

A televisão matou a janela.

Me dão mingaus, caldos quentes, me dão prudentes conselhos, eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido, a tua boca de brasa.

É roxo o amor, de amoras não, de dor.

Estou no começo do meu desespero, e só vejo dois caminhos: ou viro doida, ou santa.

Laranja na mesa. Bendita a árvore que te pariu.

Faz de conta que ela não estava chorando por dentro – pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver.

O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.

O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.

Mas não sou completa, não. Completa lembra realizada. Realizada é acabada.

Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo.

Não entendo, apenas sinto. Tenho medo de um dia entender e deixar de sentir.

Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída.

Redondo sem início e sem fim, eu sou o ponto antes do zero e do ponto final. Do zero ao infinito vou caminhando sem parar.

Refugio-me nas rosas, nas palavras. Pobre consolação. Estou inflacionada. Não valho nada.

E tenho, vos asseguro, tudo o mais que faz de mim uma mulher às vezes viva, às vezes objeto.

Quanto a mim também me distancio de mim.

A verdade é que a maior parte das pessoas foge de tentações que nem se dão ao trabalho de tentá-las.