Coleção pessoal de TatianaGraneti
Ela está inteira, mas não intacta.
Porque já foi estilhaços,
quebrou em mais de mil pedaços,
e só segurou a essência.
Pra exalar essa intensa forma de autenticidade.
A sensibilidade as vezes
é uma dádiva, outras uma maldição.
Quando a gente carrega os fardos existenciais,
percebe que sentir é peso demais.
Penso e muito,
e em seguida repenso mais.
E camuflo nesse silêncio bilateral,
porque por impulso eu insisto,
mas por análise nem envio sinais.
Eu que gosto no encanto,
e que vivencio na magia.
Amo sem que me note,
sem que me cause alegria.
Eu que sinto no silêncio,
nas palpitações e no ardor.
Amo só pela vontade,
por projeção e fantasia.
Mas essa é a minha teimosia,
sobretudo sem reconhecimento.
Tornou-se velho conhecido,
meu diário pensamento,
e um querer proferido
pode se concretizar.
Mas ando enfraquecida,
com essa mania de errar.
Estando eu na mão do outro
e um pouco aprisionada,
confusão me faz desnorteada.
Esse tal sorriso incomum,
anda sendo disfarce,
como uma confissão,
ele faz a denúncia.
Se me fizesse a pergunta,
teria a confirmação.
Que teus olhos percebam
essa minha intenção.
Eu que paixões vivi,
e hoje sou sobrevivente.
Posso contar para ti,
que o amor tem um sabor diferente.
Pessoas de meias verdades,
são de inteiras mentiras.
São capazes de exigir,
mas de tão secas,
delas nada se extrai.
Pessoas que estão aos pedaços,
precisam mutilar outras,
só para deixarem
as marcas delas registradas.
Preferem dar ao mundo
um pouco do próprio lixo,
do que passar por qualquer transformação.
Fui colorindo minhas esquinas,
pra ter um arco-íris onde eu virar,
pras cinzas dessa cidade
não me apagarem.
Pra eu não me adaptar,
deixei de arrastar correntes.
Dessas, criativamente presenteei-me
com um belo colar.
Mulher de ir às alturas,
aprecia perder o fôlego
com paixões quentes.
Até o juízo de repente.
Desde que a loucura
faça diferença no coração.
Não reconhece o chão como lugar,
gosta mesmo é de sonhar.
Mesmo que por instantes seja tua,
ela é e será infinitamente dela.
Não aceita ofertas rasas
de gente que só transita a superfície,
ou de amores inúteis
que reinam no superficial.
Reflexões sobre coisas não vividas,
são irrelevantes demais
para sabotar um coração
destinado a felicidade.
Loucura é permitir as cansativas repetições,
os mesmos cenários,
os mesmos erros.
Viver com as janelas da alma fechadas
e insistir em sonhos sem claridade.
Eu não tenho medo das mudanças,
tenho medo da falta de resultados.
Meu frio na espinha não é a decepção,
e sim a descrença nas pessoas
e a negação em viver o intenso.
Quando é dor, sei que cessa.
Emocional arruinado,
amor próprio conserta.
Mas quando não há nada...
Eu me preocupo.
Inexistências me dão calafrios.
Grandes mulheres têm excelência
em quebrar tudo:
a unha, o cabelo, o salto,
o coração, e a cara,
em nome de pequenas paixões.
Gostaríamos de estar harmônicos
em nossas relações de afeto.
Seja qual for a natureza.
Porém não temos disposição pra desprender
daquilo que já não cabe em nossas vidas.
Há presenças que travam o futuro.
Quedas vão nos demolir,
essas nos haverão de levar ao chão,
mas muito hão de nos ensinar.
Sou viajante forasteira,
amante incessante,
participante inconstante.
E nesse mesmo instante,
estou dando voltas na vida.
O mais incrível de amadurecer,
é que certas dores perdem campo.
Porque entendemos que remoer é esforço,
e que resultados amargos geram desinteresse.
E a gente vai morrendo de preguiça de fofocas
e discussões sem sentido.
E cada pessoa pesada é um tédio.
A solidão já não assusta tanto
quanto certas companhias.
A gente vai escolhendo o silêncio
e vai selecionando com quem irá rompê-lo.
A gente vai se esvaindo dos excessos,
e daquilo que é perda de tempo, largando o ócio.
E cada minuto de infelicidade é desperdício
e energia mal empregada.
A certeza de que satisfação é predileção,
e que viver melhor tem como primeiro ato,
decidir sem aguardar milagres no final.
O amor é fogo,
é alma,
é também paciência, e retidão.
É admiração.
Amar é ato mútuo,
é oásis pós solidão.
Um sentimento de entrega,
com respeito as individualidades.
Deixar livre e compartir.
Ser do outro, mas antes se pertencer.
Viajar em nuvens, porém retornar.
Não é a perfeição das velhas histórias,
nem a constante poesia.
Não é estar apenas ao lado,
e sim estar em sintonia.
O amor é sim alegria
e mais que isso.
É maturidade.
Nos campos germinem as flores,
Aos amores a compreensão.
Tudo o que é difícil,
quando conquistado,
já terão suas raízes na eternidade.
Estava te buscando sem obsessão de ter,
apenas intencionando sentir.
Descobrir teus medos, tuas afeições.
Te conhecer além da minha projeção!
Andava esbarrando em tudo que te lembrava.
Deixando os meus sentidos,
talvez isso te alcança-se,
para sanar minha irritação.
As palavras travavam a garganta,
onde eu evitava o medo.
E eu mulher feita,
sei o que pesa em minhas definições.
De quantas voltas é feita a vida?
Da mesma quantidade de reviravoltas.
Nossa coisa que não tinha nome,
foi amor em cada significado.
Meu querer sem posse,
intentava te incendiar.
Nesse elo sem aperto!
Já nem desejo regresso,
em caminho reverso,
te deixo e esqueço.
Causei teu caos interior,
acionei teus instintos,
te irriguei para futura afloração.
É certo aqui, nada restou,
daquele suspiro sem nome.
Tuas dúvidas nos trouxeram tantos talvezes,
que hoje te asseguro o meu nunca mais.