Coleção pessoal de TatianaGraneti
Ser sensível é ter o peito pronto pra ser alvejado.
É amargar decepções, ser frágil em situações.
É deixar a lágrima escorrer frente a quem estiver presente.
É ser consciente de quem não lhe merece um por cento
e nem assim conseguir fechar a torneira do desperdício.
Sensibilidade é uma via de duas mãos,
pode ressignificar tanta coisa, mas pode recorrer em vícios.
Pois emoções mal empregadas podem decorrer em riscos.
Sondando a razão,
eu quase sempre
me curvo a emoção.
Sentir não cabe em palavras!
É deglutir frações inteiras,
de sensibilidade, e arrepios.
É acolher um infinito no peito,
é avançar do que foi pretendido.
Não brota de letras extensas,
mas jorra de intensidade.
É extrair de tudo um pouco,
sem extirpar sua identidade.
Não objetivo pessoas.
Do outro, observo o que apresenta.
Detesto prejulgar.
Me irritam as interferências.
Excessos resultam em tolices.
Palavras boas me fazem leve,
as más me dão aflição.
Sou alguém complexo,
fixo na reflexão.
A vida me converteu a esse estado.
Nas infindáveis alterações
entre razão e emoção flexibilizo,
num infinito ciclo de correções.
Sou de sentir e expressar,
mas sei fazer minhas concessões.
Entre coisas que vivi e senti
de forma torta e torpe
e mentiras servidas frias
por palavras geralmente doces.
Conflitos que deram
em decisões equivocadas.
A visão deturpada
a inverter o destino.
Meu olhar desviado,
uma mente em incógnita.
O amor cancelado
registrado na memória.
Excessos de reflexões
e fases incompreendidas.
As voltas buscando risos
num cenário sem alegria.
O contato com os sentidos
pra restaurar o autoamor.
Resgatar o próprio viço
e cessar qualquer dor.
Cortar toda impulsividade
e os apelos do inconsciente.
Pra se dedicar a jornada
e atuar no presente.
Guardo de nós
a parte do despertar dos corações
e o envolvimento explícito das emoções.
As semelhanças nos obrigando a encarar defeitos.
Os sussurros delicados
e as frases de efeito.
Manhãs prolongadas na saudade que ardia,
nuvens densas de fantasias
lotadas de expectativas vãs.
Uma mente abarrotada de incertezas!
Olhos fechados a imaginar o seu rosto,
as mãos a desejar o toque, o cheiro
e a boca inventando o gosto.
Romantizar um cenário,
prazeres nunca antes vividos.
Nossos corpos entrelaçados,
um acelerar dos batimentos cardíacos.
A paixão desorbitando do controle,
o ápice do nosso libido.
A coisa mais livre, leve e solta
é o que me permiti contigo.
Ela é um milhão de seres
advinda de um.
É de transbordar amor,
tem antídoto para a própria dor.
Pulsa intensas emoções
e agudas sensações.
De tudo extrai o sentido,
de nada desfaz o excesso.
Ela descortina os véus do medo,
se tranca em seus segredos,
no cárcere interior.
Seus pés passeiam no infinito,
pode intuir seu destino.
Carrega uma quimera no olhar
e nada quer recear.
Talvez não tenha significado nada,
já que se tornou ausência.
Foi fraco, menos que tudo,
raso e sem consistência.
Saciou apenas o corpo,
mas a alma seguiu em abstinência.
Não foi alimento suficiente,
nem mereceu esforço ou presença.
Então, se é pra diminuir o estrago,
eu ignoro a existência.
Dou menos atenção ao sofrimento,
decepção eu lamento,
mas não deixo durar.
Dotada de sexto sentido e clarividência,
enxergo evidências e nada deixo passar.
Eu sou de poucas certezas,
mas de suspeitas legítimas e coerentes.
Vivo cercada do meu oposto,
me agrada o diferente.
Conectada com o que me inspira,
isso é minha autodefinição.
Minha defesa é o desligamento,
pronta ao corte de emoção.
Amo metamorfoses diárias,
necessito da dopamina.
Vivo cíclicos momentos,
prendo-me ao que me fascina.
Aquilo que me corta por dentro,
eu mato pela raiz.
De atitudes contidas, delicada por essência,
alegre por insistência e sempre leve na consciência.
Pratico na vida a lei do bem me quero,
sem o mal querer para ninguém.
E não preciso me justificar,
minhas atitudes traduzem bem.
Sou vida e morte, azar e sorte, intensa e forte.
Ciúmes e indiferença
me obrigam devolução.
O meu incentivo
é a reciprocidade.
Evite sucessões de jogos
pois zero totalmente o contato.
Não aceito maiores impactos,
nem me agradam as frustrações!
Não entro em lutas, nem disputas,
eu fecho inteiro meu céu.
Essa coisa de calar o que senti,
te faz igualmente desinteressante,
e eu desestimulada fico mais distante.
Sou bastante tolerante, mas não persigo
o que me causa escassez.
Tenho teorias sobre a vida, e uma forma advertida de tentar escapar.
Permito ao outro seus arrependimentos, e a mim ordeno desprender. Me rendo a tudo o que sinto, e calada começo a transcender.
Você chegou do nada
e tornou-se tudo de repente.
Horas de trocas e risadas,
a inexplicável chama ardente.
Foi tão fácil perceber
a mudança interior.
Uma coisa inegável
as doses fortes de amor.
Do nada a coisa toda obscurecida,
a paixão em interrogação.
O corte na ponta da lâmina,
alterando totalmente a direção.
Um vácuo no chão aberto,
uma montanha tapando o infinito,
o arco-íris afastado do céu,
os tons de cinza esquisitos.
As fontes secas,
as flores sem coloração.
O que nos transformavam em um, nos quebrando em mais de um milhão.
No amor não há matemática simples,
não reside no plano mental pra se explicar.
Quem força não vive!
Aquele que não tenta,
vê a chance passar.
O amor é do sentir, não do entender.
Vai além do que se possa pensar.
Está no toque, nos gestos e no olhar.
É ato de conquista, de troca e entrega.
E nem todos percebem ao encontrar.
Eu acredito que muitos sentimentos
vão se despertando nos encontros da vida.
Mas amor é aquela chama
que mesmo adormecida,
tende a ser diferente.
Porque muitas páginas são viradas,
mas essa vive e morre dentro da gente.
Afogo-me em certezas que me matam,
sou entusiasta das coisas passageiras
e isso me consome,
me inquieta o espírito.
Apenas a loucura me consola.
Quando me arrisco,
me direciono,
perco o freio
e me aceito.
Quando a gente ousa
é visto como inconsequente,
mas quem não faz, vê feito.
Posso conviver com olhares tortos
e milhões de julgamentos.
Só não viverei bem com arrependimentos
que eu mesma provoque.
Da vida levo:
Amores e amizades verdadeiras,
o calor que me aqueceu a alma;
Conexões que me trazem alegria;
A simplicidade do dia a dia;
A sabedoria que me permite
ser leve na consciência,
do mal que não me afetou.
Aceitando os erros que me fizeram melhor,
as tentativas mais experiente
e as ausências mais forte.
Os fins me justificaram os recomeços.
Eu tive valor, e nisso me reconheço.
Me despedi das estigmas e velhas projeções,
me fiz cega e surda pra opiniões.
Não vivi uma história fácil,
mas nunca me dei por vencida.
Posso não ser a melhor pessoa do mundo.
Sou um ser em construção
e entre as minhas fases de evolução,
uma versão melhor vai despertar.
A vida me trouxe e levou pessoas,
me deu e me tirou o chão.
Em momentos eu chorava,
em outros tantos eu sorri.
Ganhei e perdi minha fé
e não reclamo de nada não.
Ao embarcar eu tinha lições a aprender,
isso é melhor que ser lançado fora do barco.
Sei que nem tudo e nem todos são verdadeiros,
mas aprendo a minha maneira de continuar.
O importante é não encarar
pausas como desistências,
pessoas como razão de vida,
céus fechados como eternos dias.
Essa é a coisa que prego:
Desistir só do que não faz bem;
não há nada de errado em caminhar;
errar não é o fim;
que eu conheça mil maneiras de amar,
mas ame sempre o dobro a mim.
Ser feliz é de dentro pra fora,
felicidade independe do outro.
Não é sobre possuir coisas.
É sobre se ter
e estar inteiro,
sendo verdadeiro consigo.
É entender o momento
e em tudo ter equilíbrio,
sem cronometrar os segundos.
É como se auto cuidar,
tudo a ver com o autoperdão.
Ter como base o seu autoamor.
Ser é estado de espírito
e compreender torna tudo tão mais bonito,
simplesmente porque é.
Todas as pessoas
que passam por sua vida
te ensinam uma lição.
Partindo desse entendimento,
sei que qualquer julgamento
feito por terceiro
não fala sobre mim nem um quarto.
É apenas o autorretrato
daquele que tenta me inverter.
Tenho uma relação com as estrelas,
gosto de alegrar.
Mesmo quem vem a consumir
a minha fonte,
manchar meu horizonte,
vem pela minha energia.
Deixo o outro às suas máscaras,
a mim cabe ter mais sabedoria.
Sou além do que vê.
Nesse ser
há um milhão.
Do ontem sou reinvenção
daquele que muito perdeu
pra se encontrar.
Vivo na inquietude do presente.
Falo até mesmo no olhar,
sou silêncio sem reversão,
tendo à retaliação,
custo a perdoar.
Já arrastei muitas bagagens.
Entendo hoje que sou um grão
flutuando contra o vento,
em busca de bons momentos.
Regado de luz e amor,
sem a menor vontade
de minimizar esse que sou.
Há uma dor latente
presa no subconsciente
desde a terna infância.
Uma velha conhecida
adormecida, não resolvida,
que estraga a atual versão.
Respinga em gente inocente,
faltas que deterioram o presente.
Grita por solução.