Coleção pessoal de Tassio

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Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.

O pensamento é o ensaio da ação.

Lugar onde todos têm razão, melhor não ter nenhuma.

AMOR

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

um bom poema leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

jardim da minha amiga
todo mundo feliz
até a formiga

Haja hoje para tanto ontem

tudo dito,
nada feito,
fito e deito

a noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome

Passadas as horas
o circo retorna
aos vícios da mente
que movem em ciclo.

Arlequim e Colombina
giram o círculo:
mágica na ciranda.
Inimigos desafiam a guirlanda,
se imitam e depois se abraçam
ao final do samba...

Dor e prazer,
vilões parceiros de dança
no nostálgico palco dos corações.

Espetáculo sutil no espelho
na esperança no olhar de um velho
no oráculo das emoções:
o febril reflexo de uma lembrança...

Não chore Pierrot, o circo sempre retorna, criança!

É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também.

“Comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como quem se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.
Devemos tentar aprender de cor quem amamos.
Tentar fixar.
Armazená-las para o dia em que nos fizerem falta.
São pobres as maneiras que temos para o fazer, é tão fraca a memória, que todo o esforço é pouco.
Guardá-las é tão difícil.
Eu tenho um pequeno truque.
Quando estou com quem amo, quando tenho a sorte de estar à frente de quem adivinho a saudade de nunca mais a ver, faço de conta que ela morreu, mas voltou mais um único dia, para me dar uma última oportunidade de a rever, olhar de cima a baixo, fazer as perguntas que faltou fazer, reparar em tudo o que não vi; uma última oportunidade de a resguardar e de a reter.
Funciona.”

Miguel Esteves Cardoso, in As Minhas Aventuras na República Portuguesa

Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu. E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei.

(...) Minha vontade é que ele me pergunte se quero um pouco de chá gelado e se eu gostaria de ver um dos seus filmes estirada nas grandes almofadas.
(...) Eu mais uma vez me pergunto como é mesmo que se faz a coisa mais profunda do mundo com total superficialidade. Como é que se ama sem amor? Como é que se entrega de dentro de uma prisão? Nunca soube.
(...) Ainda é cedo e eu preciso de amor. Só um pouquinho de amor. (...) Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automático e eu ganhe um único sorriso verdadeiro.
(...) Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor.

Estrada turbulenta

Ninguém disse que seria fácil, enquanto à isso não à o que reclamar. É, talvez tenham exagerado nos tamanhos dos buracos, mais são as estradas mais esburacadas que levam aos lugares mais lindos. Não se preocupe com o buracos,
concentre-se no caminho, admire à dádiva da vida, eu garanto, a chegada vale a pena.

Até quando?

E agora? O que fazer com essa falta? Onde coloco essa imensa saudade? Já não cabe mais em mim. Todas as lacunas estão preenchidas, as jarras transbordam, o meu coração já não é mais o mesmo. Ele agora é só saudade, vazio daquilo que você levou quando se foi. E me parece que vai ser sempre até você voltar.

- Vazio

E quantas vezes você se sente sozinho, respira e percebe que nada é como antes e que agora nem você é mais o mesmo. Buscar dentro de si, parece ser em vao, até mesmo o seu coração mudou. O que era cheio, vazio se tornou, distante de tudo, sozinho no mundo, você e seus 5 minutos de solidão.

A despedida nem sempre é um adeus. Pode ser um "até logo", mesmo que o logo ainda seja demorado.

Toda uma biblioteca de Direito apenas para melhorar quase nada os dez mandamentos.

Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.