Coleção pessoal de tamanho

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queria escrever pra você o amor
mas você chega,
eu tremo e acabou.

Me deram um tempo, assim forçado.
- Um tempo pra mim? Obrigada, não precisava... (sorriso amarelo, meio às lágrimas)
Eu não queria mesmo!
Mas ganhei um tempo...
Aliás, ganhei o tempo todo que eu já tinha e nem sabia.
E o que fazer com esse tempo? Nada de melosidade, doçura... tudo isso causa diabetes! E ficar doente nesse tempo, não é a saída.
Me deu um embrulho no estômago (um embrulho arrumado até). Só aí que eu percebi que esse tempo é um presente embrulhado. E eu sempre gostei de ganhar presente.
Caiu tão bem em mim, o presente, que resolvi guardar o passado numa caixinha bem bonita e nem lembrar que o futuro quer chegar.

Amor morno

Eu sei que amar morno é bonito
É quando o amor finca, estabiliza...
Mas eu não sei simplesmente amar assim.
Porque você é apaixonante
E esse é seu ponto forte.

Eu consigo te amar constante
Te ver dormir em sonhos errantes
Ou Certeiros...
Consigo ter ternura, cumplicidade...
Consigo ter amizade.

Mas amar morno não é da minha natureza.
Então me aceite exagerada, escancarada
E sua...
Amar assim é minha certeza.

Vazio

Ah, velha conhecida...
Entre mais uma vez.
Nem mesmo preciso dizer:
"Fique a vontade"
Pois você aqui já é freguês.

Já trocamos tantas confidências,
Somos ítimas demais a sós.
Não há espaço pra cordialidade
Entre nós...

Você mesma sabe como chegar
E tantas vezes não te quis
E mesmo assim você ficou até não cansar.

Ainda que eu não me acostume com você
Ainda que não me traga felicidade...
Durma comigo hoje,
Minha cara Saudade.

Lamento Umbilical

Mamãe,
Não se preocupe comigo...
Feche os olhos para o meu sofrimento
Finja que não o vê...
Pois isso é apenas um vento passageiro.

Mamãe, fui mal na escola da vida,
Talvez eu tenha dormido na aula de religião...
Ou não entenda mesmo nada de química.

Mas não se preocupe com minhas lágrimas,
Me disseram que o que eu tenho não é mal,
Chega a ser um dom...
Sabe amor, mamãe?
Dizem que o meu é diferente.

Eu não entendi me disseram assim:
"São poucos os que conseguem sentir"
e eu sinto, mamãe...
Talvez você deva se orgulhar disso...

Mas o que eu não entendo,
Como pode ser um dom ou encanto...
Se é uma coisa que dói tanto?

Não se preocupe com minhas lágrimas, mamãe,
Por mais que digam que isso que sinto é eterno...
Eu prefiro pensar nos ventos que passam
E levam junto o inverno.

Leonina

E se eu insisto no querer
esquecendo da razão
Não pense que é falta de amor-próprio
é que eu sou de leão.

Se por onde eu passo me mostro
Voltando toda atenção
Não é só vaidade
Eu nasci de leão.

Se eu morro de amores
mês sim e outro também
Não se espante com minha vontade
Eu sou leonina, meu bem.

Se eu exagero no ciúme
causando confusão
É só o lado inseguro
De uma pessoa de leão.

Quando anoitece, eu ardo
Se amanhece, ardo mais ainda
Não é que eu seja insaciável
É intensidade de leonina

Outras melhores existem, sim.
Mas não te culpo se depois
Ainda vai preferir a mim
É que por ser de leão deixo marcas sem fim.

R E C I T A L

Em um encontro não casual
Para preencher o vazio
Das vidas por um fio
Providenciamos nosso sarau.

Foi chegando Bilac de mansinho,
Com versos oferecidos
Acompanhados de carinho.

Neruda respondeu de lá
Pois calado não podia ficar.
Odiou, desejou e resolveu se entregar.

Pessoa só queria falar de amor,
Poesia adivinhada
por quem já tinha lido e gostou.

Quintana timidamente se mostrou,
Renascimento ou suicídio?
Depende de quem interpretou.

E Hilda, insistindo que bebêssemos a vida
Um verso a ti dedicou.
(Palmas para ela!)

E assim findou-se nosso sarau:
- confissões apaixonadas
meio à madrugada apressada
Com sábias frases de Pascal.

Sobre nós, nada precisaremos dizer...
Vivemos em uma nova era.
Eles verão,
Nós primavera!