Coleção pessoal de SuzeteBrainer

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O Som do meu Violino

Marcas⁠ petrificadas
que evocam fantasmas
de um tempo perdido
(enterrado),
que anuncia a música da renovação.
Assim, toco a minha música
sem a tal mágoa;
transfigurada ao som do meu violino
libertador e divino.
Sim, a música silencia as dores
recolhidas nas asas feridas,
e cada nota sublime
harmoniza o impulso para o voo.
Fico ao Som do Meu Violino.
Ao som do meu violino fico
E a melodia é de paz.
Fico no silêncio profundo
vestido de mim.
Às vezes silencio diante do mundo,
Às vezes silencio diante das pessoas.
Há uma quietude que não me perturba,
há uma solidão que me cabe;
uma caminhada bem longe de mim,
um perto que só eu conheço.
E fico ao som do meu violino...
(Suzete Brainer do Livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)

⁠Cadê as minhas asas?

Uma morte que me dilacera em
Cortes pequenos do meu sol desfalecido;
Como uma rua deserta que me circula,
A única porta sou eu,
Sentada à minha espera.
Frágeis janelas que abrem e sempre fecham.
Preciso dos pássaros
Para voarmos juntos,
Hoje eu não quero o chão.
(Suzete Brainer do Livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)

Eternidade Guardada

A efemeridade
humana
a nos lembrar
de guardar
uma eternidade possível do
Amor.

(Suzete Brainer)⁠

Nos Teus Braços

Hoje,
senti aquela dor...
(uma saudade intransponível)
uma busca em teu nome;
colhendo um carinho em pensamento.

Deixa-me ficar
nos teus braços, Mãe!
me ausenta do mundo...

(Suzete Brainer do Livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)

O Gesto

O gesto
traduzido em doce
esperança
de quem ainda ama
os traços humanos
sinalizados na multidão:
a mão
que segura
quem cai.

(Suzete Brainer)

Gatos⁠

Gatos
Majestosos
Soberanos
Donos de si
E dono dos donos.
Ritual de beleza
E encantos
Olhos
Pelos
Gestos
Movimento
E sono.
Tudo numa ostensiva arte de sedução
Cotidiana.
Amigos afetuosos
Independentes
Carentes.
Mas uma carência
Sem mendigar
O carinho;
Ocupa um espaço
Da importância
De ser diferente
E saber a verdade
De que é:
Imprescindível
Insubstituível
E único.

(Suzete Brainer do livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)


A Casa Nua

O presente sempre
Faz a chamada
Para o retorno à casa.
As lembranças impulsionam
Para a corrida do esconde-esconde,
Onde o passado tenta se apropriar,
Mas o seu espaço inexistente
Sedimenta o agora:
A verdade flutuante
Vestida dos afetos construídos.

A casa despida,
Vazia,
Ocupa o destino das horas;
Horas que fluem
Com a pretensão
De atingir a leveza
Do voo,
Nas asas luminosas
Da invisibilidade instantânea.

(Suzete Brainer do livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)

Cabeça Erguida

Um silêncio absoluto
Se fez em lágrimas
Lágrimas
Lágrimas
Uma raiz se soltou deixando um vazio
Numa ressonância
Profunda em minha alma.
Mãe, você se foi
O seu corpo,
A sua voz,
Mas não a sua essência,
A sua história,
A sua alma
Sempre presente;
Um gesto protetor a todos
Uma fonte de alimento
No acolher,
Sarar as feridas
Uma palavra
Um incentivo
Uma força imperativa
De empurrar para frente
"Cabeça erguida"
- Assim dizia a quem consolava...
Mesmo que o dia pareça sem sol com a sua ida,
Olharei o horizonte,
Sentirei a sua presença
O seu perfume
E escutarei o seu chamado:
"Cabeça erguida"...
(Suzete Brainer do livro: Trago folhas por dentro do silêncio que me acende)









Campo de Girassóis

Toco na sombra da palavra
com a minha voz dentro,
reescrevendo o caminho de pedras.
Alcanço o meu campo de girassóis
persistentemente na busca da luz.
Assim, a minha alma nasce:
Girassol,
feita de luz.
(Suzete Brainer)⁠

O Silêncio Música

Uma dor muda,
Num som sem volume,
O vazio estilhaçado no voo
À janela fechada.

Às vezes no silêncio da vida
Mora a nostalgia da alma.
Ficamos sem voz
Com o nó das palavras
Amarradas na garganta,⁠
Numa estreita passagem de indignação.

E noutro dia,
O sol dá passagem
E, de tanta luz,
O Silêcio torna-se música.
(Suzete Brainer)

⁠O Descanso do Mar

O mar
descansava no cinza;
gotas de chuva tocavam a sua essência.
Aos poucos, ondas cresciam
num impulso de desfazer a monotonia
acinzentada.
Ó mar!
Ó mar!
Ó mar!
Quando o olho,
megulho no meu próprio
mistério.
(Suzete Brainer)

Gatos Eternos

O amor dos gatos
inscreve-se
no delicado d⁠a alma
a preencher o espaço
único
inesquecível
a circular
eternamente
na memória do
afeto.
(Suzete Brainer)

Dia Nublado

C⁠hove em mim
um rio
invertido,
de um dia cansado
com pouco brilho.
Um dia daqueles...
Nublado,
o mar sem cor,
cinza de descanso.
Folhas empurradas
no abismo do silêncio.
Mas, o agora
que foi ontem,
me diz que será o amanhã
será(?) depois.

A cada instante
estou a cada
passo
do dia,
que em mim
se foi...
(Suzete Brainer)

Eclipse

⁠Hoje,
sinto uma inquietude
correndo pelas minhas veias,
Arranhando a minha paz,
Solenemente um ar triste
deseja possuir-me,
Mas,
me encontro
Indisponível.
Formalmente digo não,
e busco a minha alegria
que ultimamente
anda muito fora de casa
apagando as luzes
da minha estação.


Mas olho,
e, ao olhar,
me sinto inteira,
mesmo quando,
em pedaços,
vou construindo
meus dias
solares.
(Suzete Brainer)
























⁠A vida é uma garça

A vida é uma garça,
Uma garça branca
Voando na praça.

Na praça
Há vida:
A graça da garça branca
Voando no infinito...

No céu,
Um ponto branco:
A garça
Com a graça da vida.
(Suzete Brainer)

⁠A Inscrição do Silêncio

As palavras são folhas do meu caderno por dentro do corpo.
As anotações registradas na minha alma
Tocam música,
Plasmada do silêncio que eu sou.
(Suzete Brainer).

Trago folhas por dentro do silêncio que me acende

À noite, as palavras fugiam
Cercadas de mistérios e dúvidas.
Um círculo azul me envolveu no agora translúcido de ecos.
(Suzete Brainer).

⁠Na Pele dos Dias

As dores tem em si,
o mistério do aprendizado
que a vida tatua
na pele dos dias.

(Suzete Brainer).

⁠Todo poeta vive do silêncio
e dele pesca as palavras.
(Suzete Brainer).