Coleção pessoal de suzanneleal

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Clareia vida,
não deixe teus olhos
empoeirados
de fingir não ver.

Na infância... até dia de chuva era dia de soltar a alma e se jogar na lama sem receios.

Quando olho o céu,
aponto cada estrela
como se fossem sonhos
e doces de esperança.

A gente começa com janeiro e quando chega setembro, percebe que nunca começou.

Antigamente, admirava tudo o quanto podia. Agora, só caminho sem olhar muito. Com passos apertados, a estrada parece nunca ter recomeço.

Se eu fosse o tempo,
arriscaria todas as próximas horas
e esqueceria tudo que já se passou.

Existe uma diversidade de céus construídos pelas pessoas.
Tem gente que constrói um céu tão claro, que só se consegue olhar para os próprios pés.
Tem gente que constrói um céu tão baixo, que não consigo pensar em como não se curvar para conseguir andar.
Tem gente que constrói um céu tão alto, que passa a vida inteira tentando construir asas e não percebe as correntes que lhe prendem ao chão.
Eu particularmente gosto de céus bem largos, com gosto e cheiro de chuva, com nuvens grandes desenhadas pelo vento.
Confesso que às vezes tem trovoadas, mas nada que seja tão aterrorizante quanto a possibilidade de ficar aqui para sempre.

De todas as coisas que prometi a mim mesma...
ainda não cumpri nenhuma delas.
Meu instinto finge e me atropela,
minha coragem foge e desvia de todas as portas que a impulsionam.

Era sonho, eu sei. Todo aquele cheiro e ousadia, aquela forma de se mover e olhar.
Tenho raiva e ao mesmo tempo sou grata por sonhar.
É um descontrole e não me culpo.
Uma semente que cresce e se enraíza, envaidece, ilumina-se.
É doce, é amargo, um emaranhado de sabores, amores e desamores.
Sopra com o vento, firma-se com a ilusão, constrói-se em folhas e esvai-se pelas águas escuras dos rios.
Não é real, de fato, eu sei. E mais uma vez não me culpo.
É só um resultado, um descontentamento momentâneo de sensações não vividas.

Dúvida de uma sonhadora:
_ Posso sentir e saber o gosto do amor só de imaginá-lo?

Há tanta pureza
tantos sonhos
tanta leveza.
Desejos secretos
guardados
camuflados.
Um olhar desconsertado
um coração balançado
um sorriso acalmado.
Suspiros constantes
olhos flertantes.
Coração vivo
acelerado
aliviado.
Ah eu quero voar
correr
me esconder
viver
e não despertar.

Eu sinto, eu sei. Luzes piscam lá no fundo como vagalumes insistentes no escuro.
Essa forma de calar é cobrir os olhos, a pele, a vida.
Acalentar a alma, acalmar o coração, é um risco... é eu sei, eu sinto.
Cartas duplas, viradas, uma história, escolhida, acomodada.
Tocar as luzes, soltar as rédeas, permitir a dor de um novo nascer.
Não toco, mas vejo... é eu sei, eu sinto.
Imobilidade, ombros amarrados, rosto fechado.
Esperar o dilema, adiar a cicatriz, é eu sei... tudo está aí, sentindo-se, remexendo-se, revirando-se.
Que o mistério tenha fim.
Que o sonho seja real.

Acredito nos absurdos da vida,
mas só naquilo que não se passa
em nosso pensamento.
É a contradição entre o
desejo e a mágica da vida.

Particularmente, gosto do céu azul escuro enevoado, azul de cores borradas e traços marcados por luminescências.
E mais... gosto de ventos que embaraçam o cabelo e que parecem atravessar a pele causando um arrepio inexplicável.
Quase não reparo no céu azul ao meio dia, apesar do esforço de saborear todas as cores, as luzes muito fortes não me atraem os olhos.

Costumo ouvir o som dos meus passos como sinos de esperança, uma busca pelo inalcansável.
Sinto cheiro de doces perfeitos, cada passo me lembra um cheiro bom de chocolate.
E com olhos afáveis, o mundo se transforma.

Primeiro, os sonhos.
Depois, sentir os pés tocarem o chão.
Pelo menos, é assim que eu tento subir escadas...

Quando é noite, eu sonho.
Quando é dia, eu sonho.
Quando é realidade, eu sonho.
Aponto tantas estrelas
que me imagino
criando nuvens de ilusão.

_ O que faz uma pedrinha ficar parada ali no meio tempo? _ Perguntou a curiosa criança.
_ Não sei minha querida!
_ E ela sabe?
_ Pedras não pensam minha querida!
_ E que sentido tem ela?
_ Acho que nenhum!
_ Hummm... (silêncio)
_ Eu acho que sei!
_ Sabe?
_ Sim! Elas estão ali pra que alguém que tropece.
_ Que jeito de pensar menina. O que te faz pensar isso?
_ É... porque quando as pessoas tropeçam, elas aprendem a se levantar e a limpar a poeira.

Você constrói valores que te inibem, te congelam e te excluem de muitas coisas da vida...

Sempre bate aquela sensação e não há como insistir sem ter paz no coração...