Coleção pessoal de SusannaAlmeida
(...) e chegou o dia em que ela cansou de tanto se doar e foi embora. Entendeu, afinal o que entendera lá atrás, mas, teimosa que é, prosseguiu na maratona diária de trazê-lo para seu mundo.
Ele não a desejava, era certo. E ela deveria aprontar-se para outros convites para nascer de novo, até partir em uma embarcação capaz de suportar seus vendavais...
Muito da criança que era em nós, cresceu no momento em que os unicórnios tiveram que decidir se pediriam outro chifre ou arrancariam aquele. Como estavam não poderiam ficar, pois a magia havia ido embora.
Quem cria expectativas, com justificativa ou não, deve estar preparado para se descobrir numa condição que, em nada se assemelha ao sonho.
Sempre tive pra mim, que o instinto é melhor que a razão. A razão nos faz pensar que somos fodásticos; o instinto nos faz cautelosos...
Toda água parada deve ser drenada, pelo perigo iminente que ali mora. Pode causar frustração e outras doenças.
Não saberíamos onde chegar, se não olhássemos, às vezes, para trás. Muitas das coordenadas do que planejamos estão em nosso passado.
As distâncias são medidas pela distância entre um coração e outro; é ele quem determina o longe e o perto.
Nada há de mais complexo que o ser humano... Difícil entender esse ser multifacetado e ancorado por suas máscaras em relevo brilhante entre plumas e paetês, como se estivesse no mais alto carnaval... Como se jamais houvesse as cinzas a lhe fazer cair na real, desfazendo seus deslumbres...
Sobre os excessos que cometemos, podemos dizer que, a alma, esquecida da sabedoria que trouxe consigo deixou-se levar pelas coisas mundanas. Largou o discernimento jogado a um canto e saiu tentando compensar alguma falta que pensava ter... Daí os excessos!
Nada é eterno; nada dura para sempre. Não devemos pensar que, porque em alguns momentos as coisas boas se nos apresentam em abundância, um dia elas não irão nos fazer falta. Nesse dia, não quero estar em outra pele que não seja a minha, porque doei o que me era possível... E isso conforta? Não, não conforta; sei disso, porque o vazio permanece independente de qualquer plenitude...
Quando a vida me der um limão
Jurei não fazer limonada...
Que nada!
Muito tranquila,
nem pedirei tequila!
Sem dilema,
tentarei transformá-lo num doce azedo poema...
Quando a vida me der um limão...
Alguns indivíduos se reconhecem como os únicos a produzirem a luz que vai iluminar cada cantinho de que é feito o Universo. Eles se percebem como chaves-mestras, aquelas que abrirão todas e quaisquer portas. Se assim fosse, não necessitaríamos de fechaduras com tantos segredos e não haveria tantos seres perdidos no ostracismo, do “lado de fora”, sem poderem entrar.
Quando algo se quebra, mesmo que seja colado cada pedacinho, nunca mais volta ao normal. Por mais polido que seja o local das suturas, nunca vai além do grotesco remendo.